Investimentos

Queda do dólar tende a continuar, na visão de Felipe Miranda: “Moeda pode chegar a R$ 4,50”

CIO e estrategista-chefe da Empiricus explica por que a moeda americana está depreciando ante o real e também comenta sobre diversificação da carteira

Por Mateus Cerqueira

25 mar 2022, 16:21 - atualizado em 16 maio 2022, 20:16

O fluxo de investimentos estrangeiros para o mercado local tem feito o dólar depreciar ante o real, um movimento que  prosseguirá, segundo Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus. 

Em live aos assinantes da série Palavra do Estrategista nesta semana, o analista alertou aos assinantes sobre a possibilidade do dólar recuar para  R$ 4,50.

“Essa desvalorização da moeda de Biden frente ao real se deve a três fatores: Bolsa barata, juros altos no país e commodities em alta”, explica o CIO. 

“Soma-se a isso a guerra no leste europeu, que, por sua vez, gera a fuga dos investidores para ativos menos vulneráveis à tensão geopolítica, como as commodities”, adiciona.

Assim, o real, moeda tipicamente associada às commodities, está se fortalecendo. 

Ainda conforme Felipe, um aspecto positivo é que o real apreciado contribui para a redução da inflação e, desse modo, pode propiciar até uma antecipação do fim do ciclo de aperto monetário. 

Real vem se valorizando frente ao dólar desde o estopim da guerra

Estima-se que a moeda brasileira foi a terceira que mais se valorizou desde o início da guerra.

Para Miranda, essa apreciação se deve a uma perspectiva de menor risco na moeda do país entre os investidores estrangeiros. “O Brasil já vinha de um histórico de alta de juros, hoje em 11,75%, por conta da inflação. E agora, com o conflito, temos uma fuga de dólares para os emergentes, com destaque para o nosso país”.

O salto de juros no Brasil contrasta com as taxas nos Estados Unidos e Europa. Isso intensificou o carry trade, ou seja, os estrangeiros captam dinheiro barato lá foram e investem no Brasil

Fora isso, ele complementa que as sucessivas sanções à economia russa têm elevado o risco quanto ao país de Putin, o que, por sua vez, condiciona a realocação dos investimentos em outras nações emergentes. “Isso favorece a apreciação da moeda brasileira frente a suas pares e o dólar”.

Com Bolsa barata e renda fixa bombando, onde investir?

Na dúvida, Felipe Miranda dispara: “diversifique”. Isso pois, ainda que diante de um cenário bastante favorável aos ativos de renda fixa, o analista pontua que existe uma “janela na Bolsa para comprar ações a preços atrativos, que podem valorizar no médio e longo prazo”.

Para ele, os investidores devem ter em mente que o mercado acionário seguirá mais volátil no curto prazo e que existe o fator “imprevisibilidade”. Entre os cenários, o fim da guerra e o resultado das eleições presidenciais por aqui. 

“É lógico que os investidores devem, sim, aproveitar a renda fixa para se proteger da inflação, mas precisam ficar atentos às oportunidades que a Bolsa oferece, companhias de qualidade e que têm caixa”, reforça.

Não dolarize demais a carteira: cenário mundial é incerto

Felipe Miranda aponta que não é o momento de dolarizar demais a carteira. “Não é novidade para ninguém que estamos enfrentando um cenário de volatilidade no cenário mundial por conta da guerra. Por isso, pergunto: com as commodities brasileiras em alta e o real valorizando, é o momento de dolarizar o portfólio?”.

E completa: “Ativos em real podem funcionar como um contrapeso por um período, já que eles têm performado bem frente à moeda norte-americana. Não à toa, minha perspectiva é de que o dólar pode atingir R$ 4,50. Mas isso vamos verificar nos próximos meses.”

Sobre o autor

Mateus Cerqueira

Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo. É integrante da equipe de conteúdo da Empiricus. Teve passagem pela Jornalismo Júnior (ECA-USP) e já atuou como assistente de comunicação na Força Área Brasileira.