Investimentos

Receita do Mercado Livre (MELI) cresce 44% no 3T22 e ação sobe no pregão noturno; análise

Enquanto empresas de e-commerce do mundo inteiro desaceleram, Meli supera expectativa dos investidores no 3T22 e segue crescendo

Por Richard Carboni Camargo

04 nov 2022, 09:25 - atualizado em 04 nov 2022, 09:25

Mercado Livre MELI MELI34
Imagem: Reuters/Divulgação Mercado Livre

O Mercado Livre (Nasdaq: MELI | B3: MELI34) divulgou, na noite da última quinta-feira (4), seus resultados referentes ao 3T22, com números acima do esperado pelos investidores.

No trimestre, a receita do Meli totalizou US$ 2,69 bilhões, um crescimento de 44% na comparação anual e 3,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Como os três países mais representativos nos resultados do Meli são Brasil, México e Argentina, e os seus números são reportados em dólares, temos embutido a pressão cambial, especialmente no caso dos dois últimos países.

Numa base neutra em termos de câmbio, a receita teria crescido 60% versus 2021.

Diferente dos concorrentes, o e-commerce do Meli segue resiliente: o GMV – que é o valor total dos bens e serviços transacionados na plataforma — somou US$ 8,6 bilhões no trimestre, um crescimento de 17% na comparação anual.

No acumulado do ano (9M22), o GMV soma US$ 24,8 bilhões, crescimento de 22% sobre uma base já muito forte da pandemia.

Enquanto e-commerce global desacelera, Mercado Livre segue crescendo

É impressionante vermos o ritmo em que o Meli segue crescendo, enquanto empresas de e-commerce do mundo inteiro desaceleram.

No segmento de fintech, o TPV – que representa o volume financeiro movimentado nas contas dos clientes no Mercado Pago — totalizou US$ 32,1 bilhões no 3T22, crescimento de 54% na comparação anual.

Desse TPV, cerca de 26% foi transacionado no e-commerce do Meli. Até aqui, a empresa está sendo muito bem sucedida em se tornar um canal relevante na vida financeira dos clientes (que utilizam cada vez mais o Mercado Pago fora do e-commerce).

Já o portfólio de crédito do Meli encerrou o trimestre somando US$ 2,8 bilhões, com 55% deste montante em crédito ao consumidor, 25% ao lojista que vende através do Meli e 20% em cartão de crédito.

No geral, o segmento de crédito desacelerou bastante, numa decisão consciente dos executivos do Meli em tirarem o pé do acelerador. Na teleconferência de resultados, eles mencionaram o que Brasil é, neste momento, o mercado deles com o ambiente mais “difícil” para se dar crédito.

O volume de créditos com vencimento entre 90 e 360 dias — que são praticamente impossíveis de serem recuperados — representaram 22% do portfólio, um aumento de 5 pontos percentuais em relação ao trimestre imediatamente anterior. Cerca de 93% deste montante está devidamente provisionado.

Apesar da piora no ambiente geral de crédito, a margem anualizada no portfólio alcançou o patamar de 37%, cerca de 4 pontos percentuais acima em relação ao trimestre passado.

Mix de resultados é acima do esperado e ação sobe no pregão noturno

Essa combinação, de e-commerce muito resiliente e o braço de fintech ainda crescendo com inadimplência dentro do esperado, culminaram num mix de resultados bem acima do esperado pelos investidores.

A margem bruta do Meli foi de 50%, contra uma expectativa de 48% dos investidores; a margem operacional foi de 11%, 3,3 pontos percentuais acima do esperado e o lucro por ação foi de US$ 2,56, 6% acima do consenso.

Nos pregões noturno, os investidores receberam muito bem os números, com a ação do Meli tendo subido 4% e se juntando a um seleto grupo de empresas de e-commerce que conseguiram surpreender positivamente os investidores, como o E-bay e a Etsy (dona da marca Elo7 no Brasil).

Durante muito tempo, o Meli foi uma recomendação do nosso principal portfólio na Empiricus, o Carteira Empiricus, que unifica todas as nossas estratégias numa carteira completa. Neste momento, negociado a mais de 60x lucros, seguimos observando a ação e acompanhando de perto seus resultados, na espera de um melhor ponto de entrada.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.