Investimentos

Recuperação do setor imobiliário abre janela para aumento gradual da exposição em FIIs, destaca analista

Investidor pode buscar posições em fundos imobiliários descontados e atreladas aos índices de inflação

Por Mateus Cerqueira

17 maio 2022, 16:41 - atualizado em 17 maio 2022, 17:15

Imagem de prédios na região do Itaim Bibi
Reprodução: Wikipedia

O setor imobiliário está ganhando fôlego no país e o investidor pode capturar boas oportunidades via fundos imobiliários (FIIs). Segundo o analista de FIIs da Empiricus, Caio Araújo, o foco dessa estratégia reside na possibilidade de compra de bons ativos ainda baratos, os quais podem valorizar e gerar bons retornos na carteira no médio e longo prazo.

“O que temos observado desde 2020 é uma recuperação gradual dos preços dos ativos que estão acompanhando a retomada das atividades econômicas”, diz Araújo, durante sua participação em live promovida pelo Real Valor, aplicativo de consolidação de investimentos do grupo Empiricus. 

Oportunidade de entrada ou de aumento gradual de posições

O cenário de desvalorização das cotas dos FIIs teve como estopim, sobretudo, o descontrole inflacionário que condicionou o aumento da taxa básica de juros (Selic), hoje em 12,75% ao ano. Isto é, sendo enquadrado na classe de renda variável, os fundos imobiliários foram afetados negativamente pela alta da Selic que gera maior atratividade da renda fixa. 

No entanto, segundo Araújo, o aperto monetário tende a se encaminhar para o seu fim no Brasil, o que pode gerar um bom momento para os FIIs. 

“Justamente nesse contexto que o investidor pode capturar ativos imobiliários a preços descontados, mas que podem gerar ganhos reais futuramente”, acrescenta.

Ele reforça que aumentando a sua posição gradualmente em FIIs, os investidores podem observar um resultado interessante, seja pelo carrego, uma vez que esses ativos pagam bons dividendos mensais ou ainda pela oportunidade de ganho capital no médio e longo prazo.

Uma proteção na carteira

Imagem de moedas empilhadas e ao topo uma casa
Reprodução: Freepik

Apesar da atratividade da renda fixa com a alta dos juros, os fundos imobiliários também são posições para se proteger contra a inflação. Segundo o especialista da Empiricus, isso se deve ao fato dos contratos dos imóveis locados serem indexados a um índice de inflação.

“Temos o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e o IGP-M (Índice Geral de Preços no Mercado)”, exemplifica. Nesse sentido, como opção, ele cita os fundos de papel e fundos de CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), já que ambos rendem CDI, mais juros ou algum dos índices supracitados.

Com isso, por meio dos fundos imobiliários, o investidor consegue posições de renda fixa – fundos CRI –, diversificando e protegendo a carteira contra o cenário desafiador. 

Soma-se a isso a regulação inerente aos fundos imobiliários. Araújo cita três pontos fundamentais que tornam esse segmento de investimento o “queridinho” dos investidores. 

  • A distribuição obrigatória de 95% dos resultados semestrais aos cotistas;
  • Maior segurança em caso de falência do administrador, já que o BC nomeia outro administrador;
  • Isenção do Imposto de Renda.

Abril e tendência positiva para o ano

Para o mês de abril, os fundos imobiliários seguiram a tendência de março ao registrar desempenho positivo, o que para Araújo é o sinal da gradual recuperação do setor imobiliário. 

No mês, o IFIX fechou em alta  de 1,19%. No ano, o indicador acumula uma alta de 0,29%. “Os números são o resultado de uma recuperação do setor imobiliário.Temos os galpões logísticos bem maturados desde o ‘boom’ do e-commerce na pandemia. Agora, temos a retomada dos shoppings, seguido dos escritórios, após a vacinação”.

FIIs mais investidos pelos usuários do Real Valor em abril

Em abril os fundos imobiliários preferidos dos investidores que usam o aplicativo Real Valor para controlar suas carteiras foram: 

1. Hectare CE FII (HCTR11), com 15,05% do valor investido em FIIs;

2. REC Recebíveis Imobiliários (RECR11), com 3,85% do valor investido em FIIs;

3. Capitania Securities II (CPTS11), com 2,79% do valor investido em FIIs;

4. Iridium Recebíveis Imobiliários (IRDM11), com 2,65% do valor investido em FIIs;

5. Devant Recebíveis Imobiliários FII (DEVA11), com 2,62% do valor investido em FIIs.

Portanto, a preferência dos investidores que consolidam suas carteiras no Real Valor se concentrou nos fundos de papel. Nesse tipo de fundo, os ativos são compostos por recebíveis, ou seja, títulos de renda fixa com lastro em empreendimentos ou créditos imobiliários, diferente dos fundos de tijolo que representam imóveis físicos, como shoppings, galpões e lajes corporativas. 

Conforme Araújo, a procura maior pelos fundos de papel se justifica pelos rendimentos, que costumam ser melhores por conta da indexação ao IPCA e CDI, que estão em alta. 

“No geral, essa cesta tem como similaridades o pagamento de rendimentos maiores do que a média da indústria e o fato de a maioria dos fundos serem atrelados ao setor de crédito imobiliário, os mesmos que apresentam operações indexadas ao IPCA e CDI que avançaram muito”, ao que conclui: “Não podemos nos esquecer que esses ativos apresentam maior risco, logo, rendimentos mais elevados”, comenta Caio Araújo sobre as escolhas feitas no mês passado pelos investidores que usam o app Real Valor.

https://youtube.com/watch?v=D_dyBtjtDJ4

Sobre o autor

Mateus Cerqueira

Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo. É integrante da equipe de conteúdo da Empiricus. Teve passagem pela Jornalismo Júnior (ECA-USP) e já atuou como assistente de comunicação na Força Área Brasileira.