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Relatório de emprego nos EUA, IGP-DI de novembro e agenda movimentada em Brasília são destaques nesta terça (6); confira

Relatório ADP abaixo das expectativas pode impulsionar mercados em todo o mundo

Por Matheus Spiess

06 dez 2023, 09:10 - atualizado em 06 dez 2023, 09:10

relatório emprego mercado

Bom dia, pessoal. Os investidores globais continuam atentos à temporada de dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Hoje, após o relatório de rotatividade de mão de obra divulgado ontem, aguardamos o relatório ADP, que trará informações sobre a criação de empregos no setor privado em novembro. Caso os números fiquem aquém das expectativas, como ocorreu na terça-feira, é possível que ocorram quedas adicionais nas taxas de juros da curva dos EUA. Isso, por sua vez, beneficiaria ativos em todo o mundo, seguindo o padrão observado em novembro, quando a perspectiva de uma economia mais fraca alimentou expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.

Em resumo, embora a previsão seja de que o Federal Reserve dos EUA mantenha as taxas de juros inalteradas nos próximos meses, os investidores buscam evidências adicionais que solidifiquem as esperanças de um futuro corte nas taxas. Nos mercados asiáticos, após dois dias consecutivos de quedas quase unilaterais, observamos uma alta nesta quarta-feira, seguindo o desempenho positivo registrado nos mercados europeus ontem. Estes, por sua vez, iniciam o dia em alta, assim como os futuros americanos, mantendo um cenário global de otimismo.

A ver…

· 00:41 — O circo das subvenções: um drama cômico na economia brasileira

No Brasil, respondemos de maneira relativamente positiva aos dados do PIB, que apresentaram um aumento de 0,1% no trimestre, em vez da queda de 0,2% inicialmente esperada. Esse movimento, naturalmente, fortaleceu a moeda, descartando a possibilidade de uma aceleração no ciclo de flexibilização. Além disso, deu suporte ao crescimento de 3% para 2023, principalmente devido ao desempenho robusto do setor agropecuário no primeiro trimestre e a uma desaceleração mais lenta do que o previsto nos setores industrial e de serviços entre o segundo e o terceiro trimestres. Contudo, mesmo com esses dados favoráveis, fica evidente que a economia doméstica não está totalmente saudável, ainda enfrentando os impactos de uma taxa de juros elevada por um período prolongado. Ao projetar o futuro, a expectativa é de que o Brasil cresça entre 1,5% e 2% em 2024, embora surpresas positivas não sejam descartadas, considerando que estamos no terceiro ano consecutivo superando as projeções de PIB.

No cenário atual, os investidores locais estão atentos aos números do IGP-DI de novembro e ao resultado fiscal de outubro, fatores que podem influenciar a curva de juros. No âmbito fiscal, destaca-se o parecer da Medida Provisória (MP) da subvenção em discussão na Câmara. Caso seja aprovada, espera-se que gere uma receita de R$ 35,3 bilhões em 2024. O texto do relator, ao que tudo indica, incorporará alterações significativas, como a flexibilização do mecanismo do JCP (a limitação da dedução a 50% do lucro tributável sendo retirada e o aumento de 15% para 20% na cobrança do Imposto de Renda sobre dividendos recebidos pelos acionistas). Quanto à subvenção do ICMS, o relator propõe um desconto de 80%, em até 12 parcelas, nas transações tributárias envolvendo o estoque de benefícios já abatidos pelas empresas. Se tudo transcorrer conforme o planejado, o texto da subvenção, principal medida para redução do déficit, pode ser votado na comissão amanhã e em plenário na semana seguinte.

· 01:46 — Uma maior moderação no mercado de trabalho

Nos Estados Unidos, onde o mercado de trabalho está desacelerando, mas a economia mantém sua solidez, surge uma narrativa de “soft landing” (pouso suave). Em outubro, a oferta de emprego nos EUA atingiu o menor patamar desde o início de 2021, evidenciando a desaceleração gradual que o Federal Reserve deseja observar. Se os dados de novembro confirmarem essa tendência, há espaço para quedas adicionais nas taxas de juros de mercado. Os títulos do Tesouro, com isso, retomaram sua recuperação, impulsionados pela desaceleração do mercado de trabalho, alimentando especulações de que o Fed conseguirá reduzir as taxas de juro no próximo ano. Como resultado, os rendimentos de referência de 10 anos, que ultrapassaram brevemente os 5% em outubro, caíram para menos de 4,2% na terça-feira.

Os preços dos títulos subiram, indicando uma queda nos rendimentos, após a Pesquisa sobre Vagas de Emprego e Rotatividade de Trabalho, ou JOLTS, revelar números mais baixos do que o esperado. As vagas de emprego diminuíram para 8,73 milhões em outubro, ficando aquém das expectativas dos economistas de 9,3 milhões. Como mencionado anteriormente, isso sugere avanços em direção a um “soft landing”. Hoje, aguardamos o Relatório Nacional de Emprego de novembro. A estimativa consensual é de um ganho de 125 mil empregos no setor privado, superando os 12 mil de outubro, o que era esperado após o retorno das operações das fabricantes de automóveis, encerrando uma greve. Caso os números fiquem abaixo do esperado, poderemos observar uma queda ainda maior nos rendimentos, abrindo espaço para novas altas nos ativos de risco em todo o mundo.

· 02:49 — Quem vai derrubar os juros primeiro?

No mercado, crescem as especulações de que a Europa liderará a redução das taxas de juros entre os principais bancos centrais do mundo. Isso ocorre após um dos decisores de política monetária mais assertivos da região descrever o abrandamento da inflação como “encorajador”. Os mercados agora atribuem uma probabilidade de quase 90% para o Banco Central Europeu iniciar seu ciclo de flexibilização no primeiro trimestre do próximo ano, uma perspectiva que mal estava sendo considerada há apenas três semanas. Atualmente, estão totalmente precificados cinco cortes de um quarto de ponto para 2024.

A expectativa é que o Banco Central Europeu (BCE) seja seguido pelo Federal Reserve dos EUA no segundo trimestre e pelo Banco da Inglaterra (BoE) no terceiro trimestre. No entanto, a possibilidade de cortes nas taxas pelo Fed pode apresentar desafios para as ações. As duas últimas vezes em que o Federal Reserve passou da manutenção para efetuar cortes coincidiram com perdas mensais no S&P 500. O índice de referência caiu mais de 12% em março de 2020, quando o Fed reduziu as taxas em 50 pontos base com o surgimento da pandemia de Covid-19. Um movimento semelhante no início de outubro de 2008, seguido por outro corte no final do mês, alinhou-se a uma queda de 17% no índice.

Ambos os episódios também marcaram o início de uma contração na economia dos EUA. Quando o Fed percebeu a necessidade de cortes rápidos nas taxas, o crescimento já estava tão comprometido que os decisores políticos tiveram que reverter todo o aperto implementado nesse ciclo, resultando em um “hard landing”. Para o próximo ano, os investidores preveem um corte de 130 pontos base na taxa de juros. No entanto, se esse processo for acompanhado por um “soft landing”, a narrativa pode ter um desfecho positivo.

· 03:50 — A visão da Nvidia

Depois de um início de semana instável, as “Magnificent Seven” recuperaram sua influência no mercado ontem. A Nvidia liderou as ações de tecnologia megacap, registrando um aumento de 2,3% no dia. A Apple teve uma alta de 2,1%, enquanto Amazon.com, Tesla, Alphabet e Microsoft apresentaram ganhos em torno de 1%. A única exceção foi a Meta Platforms, que teve uma queda de 0,5%. Em relação à Nvidia, seu CEO, Jensen Huang, afirmou recentemente que os Estados Unidos estão a 20 anos de se tornarem independentes da fabricação de chips no exterior.

Essa perspectiva indica que ainda há um longo caminho a percorrer para atingir um dos objetivos-chave da administração Biden: trazer mais indústrias de fabricação de chips de volta para os Estados Unidos. Isso se deve ao fato de que a Nvidia, como a empresa mais valiosa no setor de semicondutores, produz itens que dependem de uma variedade de componentes provenientes de diversas partes do mundo, não se limitando apenas a Taiwan, onde os elementos mais críticos são fabricados. Além disso, a Europa também está pressionando por uma produção mais localizada como parte de uma iniciativa para reverter décadas de globalização, que dispersou a produção globalmente, resultando em custos mais baixos (maior eficiência), mas também criou pontos de estrangulamento, como em Taiwan.

· 04:38 — O financiamento das guerras

Nos Estados Unidos, a alocação de recursos para as prioridades da política externa permanece estagnada no Congresso, enquanto alertas cada vez mais preocupantes sobre as implicações para a segurança nacional emergem. Em outubro, o presidente Biden solicitou um financiamento suplementar de US$ 106 bilhões, destinando US$ 61,4 bilhões para a Ucrânia, US$ 14,3 bilhões para Israel, US$ 7,4 bilhões para Taiwan e o Indo-Pacífico, e US$ 13,6 bilhões para a fronteira EUA-México. Ele instou o Congresso a aprovar a medida como parte de um acordo abrangente e bipartidário. No entanto, as tensões aumentam em relação à assistência a Kiev e às políticas de imigração e asilo.

Os Estados Unidos estiveram à beira de uma paralisação governamental no final de setembro, com acordos de última hora que lançaram as bases para as negociações do novo ano e excluíram iniciativas cruciais de ajuda externa. Sem ação do Congresso, os Estados Unidos ficarão sem recursos até o final do ano para fornecer armamentos e equipamentos à Ucrânia. Simultaneamente, não há uma fonte mágica de financiamento disponível para enfrentar essa crise iminente. O país está financeiramente limitado e com pouco tempo. Se a economia da Ucrânia entrar em colapso, sua capacidade de resistir será comprometida. Putin compreende isso profundamente, e é por isso que a Rússia intensificou de forma mais agressiva sua campanha na Ucrânia.

· 05:24 — Uma opção industrial

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.