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Renda fixa: com a atratividade dos pós-fixados, em quais títulos investir após ata do Copom?

Confira a recomendação de dois CDBs indexados ao IPCA para ‘surfar’ o patamar elevado dos juros no Brasil.

Por Lais Costa

25 jun 2024, 12:54 - atualizado em 16 jul 2024, 16:44

Renda Fixa
Imagem: Freepik

Os mercados estão em queda nesta manhã de terça-feira (25).

Na semana passada, a inflação de maio do Reino Unido ficou abaixo do esperado (0,3%, versus 0,4% m/m), retornando ao patamar de 2% a/a. A medida de núcleo (que exclui alimentos e energia) caiu de 3,9% a/a para 3,5% a/a, em linha com as estimativas dos economistas.

A maioria das categorias da cesta de inflação apresentou um comportamento saudável, com destaque para deflação no núcleo de bens no mês. A inflação de serviços foi impulsionada por serviços de transporte, com contribuição significativa do forte aumento do preço de passagens aéreas. Dada a volatilidade desse item, é possível afirmar que houve uma redução importante desse grupo em relação à leitura anterior.

De maneira geral, o indicador de maio mostrou uma evolução significativa em relação à abril, apontando para um patamar de inflação benigna à frente.

Embora a inflação tenha surpreendido positivamente, na quinta-feira (20), a autoridade monetária local manteve os juros estagnados em 5,25% a.a., como esperado. A decisão foi dividida com 7 diretores a favor da manutenção da taxa de referência, enquanto 2 membros votaram pelo início do ciclo de corte de juros já neste primeiro semestre de 2024.

O tom do comunicado, contudo, se mostrou um pouco mais brando (dovish), em preparação para um provável início de ciclo de queda de juros por lá. Entre os destaques, o Comitê de Política Monetária afirmou que os dados de inflação de abril (que surpreenderam para cima) foram picos pontuais relacionados à indexação, preços regulados, aumento do salário mínimo e componentes voláteis.

Atualmente, o mercado precifica cerca de 70% de chance de corte de 25 pontos-base na primeira reunião do segundo semestre do ano e uma redução adicional de mesma magnitude em dezembro.

Ata do Copom veio dentro do esperado

No cenário local, o Banco Central do Brasil manteve, na última semana, a taxa Selic em 10,50% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado. Um destaque importante da reunião foi a decisão unânime entre os membros, que deu um indício bastante importante para afastar os fantasmas da politização do comitê que se formaram após a divisão entre os diretores indicados pelo governo anterior e os indicados pelo Presidente Lula. 

O comunicado também veio em linha com a expectativa da maioria dos agentes de mercado, reforçando o compromisso com a meta de inflação no horizonte relevante do BC. Porém, não houve indicações de que o próximo ciclo de ajuste seja de aumento de juros, como precifica a curva futura hoje.

É necessário reancorar as expectativas de inflação e, sem dúvida, esse processo passa por um endurecimento do discurso do Banco Central, mas, antes disso, é indispensável um ambiente de menor incerteza em relação à credibilidade da instituição. Nesse sentido, a decisão trouxe um tom bastante adequado ao momento de elevação de pressões políticas sobre a autarquia, apesar de um tom neutro em relação às expectativas de mercado.

Nesta manhã, o Banco Central do Brasil (BCB) divulgou a ata do último COPOM (Comitê de Política Monetária).

No documento, o comitê revisou a estimativa de juros neutro marginalmente para cima, de 4,5% para 4,75%, tentando cenários de inflação com a taxa neutra entre o intervalo de 4,5% e 5%. É importante lembrar que o mercado já trabalha com um patamar acima mais elevado há algum tempo, o que indica menor espaço para corte de juros.

Em relação à política fiscal, o documento adicionou o entendimento de que “políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços”, o que indica (sutilmente) a necessidade de redução dos estímulos fiscais para o atingimento da meta inflacionária sem maiores esforços monetários e de forma sustentável.

Outro destaque relevante da ata foi o entendimento majoritário do comitê por manter o balanço de risco simétrico nessa reunião. Não havendo unanimidade neste ponto, é possível dizer que é provável uma revisão do balanço de riscos na próxima reunião, o que adiciona um viés duro (hawkish) à ata em relação ao comunicado divulgado após a reunião.

Por fim, mas não menos importante, o comitê avaliou que a política monetária deve se manter contracionista “por tempo suficiente em patamar” que consolide a ancoragem das expectativas. Dado que todas as alterações da ata foram para adicionar um tom mais duro em relação ao cenário inflacionário doméstico, o patamar de juros necessário para reancorar as expectativas de inflação não é especificado, e que as menções em relação a extensão do ciclo de corte foram retiradas, não é possível afirmar que o comitê não cogita que o próximo movimento de juros seja para cima.

No nosso entendimento, um novo ciclo de alta de juros no Brasil ainda não nos parece o mais provável. Além disso, o mercado já coloca um prêmio de risco para esse cenário. Contudo, a atratividade dos títulos pós-fixados tem aumentado, dada a relação de risco e retorno desses ativos.

Cardápio da semana: confira os títulos de renda fixa recomendados

Características da CDB pós-fixado do Banco BTG Pactual com liquidez diária
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 50
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)25/06/2025 (365 dias corridos)
Rentabilidade anual100,50% do CDI
Tributação17,50%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateLiquidez diária
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45
Características da CDB  pós-fixado do Banco Sofisa
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA-(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 1
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)25/06/2025 (365 dias corridos)
Rentabilidade anual110% do CDI
Tributação17,50%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h

As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 25 de junho de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (25).

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.