
Imagem: iStock/alexsl
No relatório desta semana, analisamos o tom mais conservador do Fed, que acabou reduzindo as chances de cortes de juros no curto prazo, e os efeitos das tarifas protecionistas de Trump na inflação.
No Brasil, o BC endurece sua postura diante de pressões fiscais e do sobreaquecimento da economia, sinalizando a necessidade de mais altas nos juros pela frente.
Fed mantém postura mais conservadora e adia probabilidade de corte de juros
Na última quarta-feira (29), o comitê do Banco Central Americano (Fed) dos EUA decidiu unanimemente manter a taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano. Para o mercado, a decisão era amplamente esperada.
No comunicado, o Fed informou que “a taxa de desemprego se estabilizou em uma taxa baixa nos últimos meses”, indicando números mais sólidos do mercado de trabalho, e retirou a menção na qual indicava um “progresso” da inflação à meta.
Esses ajustes sinalizaram uma postura mais conservadora por parte do comitê e uma visão de aumento de risco de interrupção no processo deflacionário e de arrefecimento do mercado de trabalho no curto prazo. Embora o presidente Jerome Powell tenha minimizado essas mudanças no comunicado, houve uma notória redução da probabilidade de corte de juros no primeiro trimestre deste ano. Os dois cortes de 25 pontos-base contratados para 2025 foram adiados pelo mercado para o segundo semestre do ano.
Efeitos das tarifas protecionistas de Trump na inflação nos EUA
No calendário macroeconômico, o índice de preços PCE, divulgado no último dia de janeiro, subiu 0,3% m/m, em linha com as estimativas de mercado. Ainda mais relevante, o núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, avançou 0,16% m/m, levemente abaixo da mediana das estimativas dos analistas.
Embora os gastos reais tenham ficado acima do esperado e sofrido revisões de alta dos meses anteriores, é possível argumentar que esse número tenha sido impactado por uma possível antecipação de compra de bens passíveis de tarifação pelo governo recém chegado. Considerando a sazonalidade, a taxa anualizada do PCE nos últimos três meses ficou em 2,2%, patamar próximo da meta da autoridade monetária.
Olhando para frente, a leitura mais benigna da medida de inflação preferida do Fed contrasta com os possíveis efeitos inflacionários das políticas protecionistas do Presidente Trump.
Durante o último final de semana, o Presidente Trump anunciou uma série de tarifas às importações. Aos países vizinhos, Canadá e México, Trump anunciou 25% de impostos (com exceção de energia do Canadá que ficou em 10%), enquanto para produtos chineses, as tarifas foram de 10%. As importações com valor inferior a U$800 deixaram de ser isentas. Embora parte dessas medidas já tenham sido adiadas em conversas recentes entre os líderes políticos dos países envolvidos, a magnitude dessas taxas é relevante.
As importações dessas geografias juntas totalizaram algo equivalente a 4,7% do PIB da maior economia do mundo, e, embora os efeitos das tarifas sejam difíceis de precisar, a pressão altista na inflação e para baixo na atividade deve manter o Fed em uma posição reticente em relação a continuação do ciclo de corte de juros.
Ata do Copom reforça preocupações com desancoragem da inflação
Ainda no contexto de Super Quarta para o mercado, o comitê de política monetária do Brasil elevou a taxa de juros em 100 pontos-base, para 13,25% ao ano. Não houve surpresas em relação ao aumento, uma vez que o Banco Central (BC) comandado agora pelo Presidente Galípolo seguiu firmemente a sinalização futura (forward guidance) da reunião de dezembro.
Apesar de ter havido a pior deterioração de expectativas de inflação no relatório Focus entre reuniões do BC, o comitê optou por encurtar o forward guidance, preservando um grau maior de flexibilidade na decisão de maio.
Na ata divulgada nesta manhã (4), a autoridade monetária se mostrou mais dura (hawk) do que no comunicado pós-decisão. Claramente, o documento recém divulgado veio de encontro com a possível interpretação de que o encurtamento do guidance poderia significar uma postura mais leniente da autarquia.
A ata reforçou em diversos pontos a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação e minimizou uma provável leitura mais fraca da economia brasileira no último trimestre de 2024, reconhecendo também que o hiato do produto é positivo. Em outras palavras, o BC reconheceu que existe pressão inflacionária advinda do sobreaquecimento da atividade econômica. Houve ainda o reforço de que políticas fiscais expansionistas têm impactado significativamente o cenário prospectivo, com efeito visível na expansão de crédito direcionado e na depreciação do câmbio.
É bastante nítido que o BC precisará continuar com o ciclo de aperto monetário até o segundo semestre de 2025. Continuamos vendo revisões de alta nas projeções do relatório Focus (embora em magnitudes menores) e uma inflação deste ano próxima de 6,5%. De maneira similar, o prêmio da inflação implícita de mercado para o horizonte de um ano – atualmente acima de 7,5% – deve permanecer, dado o cenário fiscal turbulento e as incertezas em relação às políticas protecionistas globais.
Por isso, mantemos nossa preferência tática por títulos pós-fixados.
Cardápio da semana: confira os títulos de renda fixa recomendados
Características do CDB pós-fixado do BTG Pactual | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | BTG Pactual |
Aplicação mínima | R$ 50,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 04/02/2027 (730 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 100,00% do CDI |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | Diário |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 17h45 |
Características do CDB pós-fixado do Paraná Banco | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AA- (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Paraná Banco |
Aplicação mínima | R$ 100,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 26/01/2027 (721 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 110,00% do CDI |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 14h |
Características do LCI pós-fixado do Banco Sofisa | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AA- (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Sofisa |
Aplicação mínima | R$ 1,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 26/01/2027 (721 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 92,00% do CDI |
Tributação | Isenta |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 22h |
A taxa líquida da LCI do Banco Sofisa é equivalente a uma taxa bruta de aproximadamente 108,24% do CDI.
As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 4 de fevereiro de 2025 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (4).
A série Super Renda Fixa tem como foco principal recomendar títulos de crédito privado com uma relação de risco e retorno atrativa, atendendo à demanda de assinantes que buscam retornos acima dos títulos públicos.
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