Essa semana começou com liquidez reduzida devido ao feriado de Martin Luther King que fechou os mercados americanos na segunda-feira (15).
Nesta manhã, as taxas do Tesouro americano de 10 anos sobem 6 pontos-base, superando o patamar de 4% ao ano, os futuros das bolsas caem cerca de 0,6% e o índice DXY (que mede a força do dólar) salta 0,8%, enquanto autoridades globais se reúnem no Fórum Econômico Mundial em Davos. Até aqui, as falas dos diretores de política monetária continuam no sentido de refutar uma possível queda iminente de juros. Essa “queda de braço” entre os agentes de mercado e as autoridades monetárias continua trazendo volatilidade às taxas.
Na Europa, o diretor Francois Villeroy afirmou que é provável que o Banco Central Europeu (BCE) reduza os juros em 2024, porém, não há pressa para o início do ciclo de queda de juros. “Devemos ser pacientes”, afirmou Villeroy.
Nos EUA, será muito importante a fala do diretor Christopher Waller nesta tarde, uma vez que os dados econômicos têm mostrado uma desaceleração da economia e uma queda dos preços à frente. Na sua última fala, 28 de novembro de 2023, Waller usou um tom mais brando (dovish), destacando uma clara desaceleração das medidas de núcleo do índice de inflação PCE.
Nesta manhã (16), a pesquisa Empire Manufacturing, primeiro indicador de atividade de janeiro, desabou de -14,5 em novembro para -43,7.
A mediana das estimativas apontava para uma queda de apenas -5,0, porém, o indicador retornou para o seu menor patamar desde a pandemia. Entre as surpresas, vale destacar a queda de novos pedidos (-49,4) e remessas (-31,3).
Na semana passada, o CPI de dezembro dos EUA ficou levemente acima do esperado (0,3% versus 0,2% m/m). Na comparação anual, o indicador subiu de 3,1% para 3,4%. Grande parte da surpresa altista decorreu do aumento nos preços de energia elétrica, o que reduz as preocupações em relação à dinâmica inflacionária. A média da variação mensal dos últimos três meses foi de 0,1%, o que aponta para uma inflação de 12 meses de cerca de 1,25%, bem aquém da meta de 2% do banco central americano (Fed).
A medida de núcleo, que exclui o preço de alimentos e energia, ficou em linha com as expectativas (0,3% m/m), confirmando uma trajetória comportada para a inflação americana.
Na sexta-feira (12), o índice de preços ao produtor (PPI) ficou abaixo das estimativas dos analistas (-0,1% versus 0,1%).
O mercado reagiu positivamente ao dado, que é um indicador antecedente de inflação ao consumidor. Os juros apagaram as altas, assim como o índice DXY (que mede a força do dólar frente aos pares desenvolvidos), com os agentes de mercado aumentando suas apostas de queda de juros logo no primeiro trimestre deste ano.
Como falamos na semana passada, a tarefa do Fed de conter as expectativas de corte de juros no primeiro trimestre deste ano não é nada trivial. Muito embora a primeira reunião de política monetária do ano, marcada para o dia 31 de janeiro, não carregue expectativas de mudança nas taxas, será um momento muito importante para calibrar as expectativas em relação à decisão de março.
Caso o Fed permaneça resistente ao início do ciclo de corte, devemos ter um ajuste significativo (principalmente) nos vértices curtos da curva de juros americana, o que deve pesar sobre ativos de risco de maneira geral.
No Brasil, o IPCA de dezembro divulgado na última quarta-feira (10) confirmou a inflação de 2023 dentro do intervalo de tolerância da meta do Banco Central (BC).
A variação do índice no mês, contudo, surpreendeu para cima (0,56% versus 0,50% m/m), superando praticamente todas as estimativas registradas pela Bloomberg (apenas 1 analista estimou uma variação acima de 0,56% m/m).
O grupo de alimentos foi um destaque no resultado de hoje. A contribuição do grupo acelerou com alta significativa de arroz, feijão carioca e batata inglesa, itens que já vinham mostrando uma grande inflação nas últimas leituras. Olhando para frente, contudo, já é possível ver alguma acomodação na margem dos preços. Em relação à política monetária, o Banco Central deve mencionar o aumento do preço de alimentos em comunicações futuras, porém, é bem pouco provável que haja uma mudança na condução dos juros devido ao comportamento recente desse grupo.
Em bens semiduráveis, destaque para aceleração da contribuição de roupas e calçados, que sofrem uma sazonalidade positiva no mês de dezembro.
O grupo de bens duráveis voltou a mostrar inflação após uma sequência de leituras negativas, com destaque (novamente) para ar-condicionado, televisor e aparelho telefônico, que se sobrepuseram às quedas em automóveis novos e usados.
Em administrados, o preço da gasolina continua com contribuição negativa, pressionado pelos baixos preços de etanol.
O núcleo de serviços, medida extremamente importante para o Banco Central, também mostrou uma aceleração importante, embora a média móvel de três meses anualizada e dessazonalizada continue comportada.
Em suma, terminamos o ano de 2023 dentro do intervalo de tolerância, porém, com uma aceleração em grupos importantes da cesta de inflação.
O número de hoje não deve levar a uma mudança de estratégia do Banco Central, que deve continuar reduzindo a Selic em 50 pontos-base nas primeiras duas reuniões deste ano.
Em relação à estratégia de renda fixa, continuamos preferindo os títulos indexados à inflação com vencimento no meio da curva, em detrimento dos prefixados.
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Veja o cardápio de títulos de renda fixa recomendados nesta semana
Características do CDB IPCA+ do Banco BTG Pactual | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA(bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | BTG Pactual |
Aplicação mínima | R$ 1 mil |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 16/01/2029 (1827 dias corridos) |
Rentabilidade anual | IPCA+ 5,73% |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 17h |
Características do CDB IPCA+ do Banco Sofisa | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: brAA- |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Daycoval |
Aplicação mínima | R$ 1 mil |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 18/12/2027 (1098 dias corridos) |
Rentabilidade anual | IPCA+ 5,8% |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 22h |
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