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Inflação vai se manter alta? Veja dois CDBs IPCA+ para ‘surfar’ essa possível tendência

O relatório Focus divulgado pelo Banco Central mostrou novamente revisões para cima das expectativas de inflação de 2024 e 2025.

Por Lais Costa

21 maio 2024, 14:06 - atualizado em 21 maio 2024, 14:09

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Imagem: Freepik

Na agenda econômica da semana passada, os destaques foram os dados de preços ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI) de abril nos EUA.

O número fechado do PPI de abril surpreendeu para cima com crescimento de 0,5% m/m contra 0,3% esperado. De forma similar, a variação do núcleo foi a mais alta desde julho de 2023 (0,5% versus 0,2% esperado), contudo, houve uma revisão dos números de março para baixo (0,2% para -0,1% m/m), o que fez com que grande parte da reação negativa do mercado após a divulgação do dado se dissipasse.

Na quarta-feira (15), o índice de preços ao consumidor (CPI) de abril veio abaixo das expectativas de mercado (0,3% versus 0,4%), retornando ao patamar de dezembro de 2023. A desaceleração do acumulado de 12 meses (de 3,5% para 3,4%) foi muito bem recebida pelos mercados.

Entre os principais detalhes, o preço de alimentos ficou no zero a zero e energia subiu menos do que o esperado com deflação de energia residencial compensando a forte alta da gasolina. Os preços de bens também tiveram queda no período (-0,1%).

A medida de núcleo veio em linha com as estimativas (0,3% m/m), também desacelerando na comparação anual de 3,8% em março para 3,6% a/a em abril. O núcleo do grupo de serviços também mostrou moderação e a medida de aluguéis de inquilinos (tenant´s rent) registrou a menor variação mensal em três anos (0,35%).

A medida chamada de super núcleo, que exclui os preços de alimentos, energia e aluguéis, também mostrou um comportamento melhor do que o registrado no primeiro trimestre deste ano, apesar de ainda sustentar um patamar alto.

O que os dados econômicos dos Estados Unidos nos mostram

De maneira geral, as notícias foram positivas e revelam os primeiros indícios de que voltamos para a trajetória de convergência da inflação nos EUA. A indicação de que estamos novamente na direção correta é importante para reduzir as preocupações de um novo ciclo de alta de juros por lá.

Contudo, o fato de ainda estarmos consideravelmente longe da meta de inflação de 2% ao ano não deixa espaço para uma redução no tom dos membros do Banco Central americano (Fed).

Na segunda-feira, o diretor do Fed de Atlanta, Raphael Bostic afirmou que o novo patamar de juros futuros deve ser diferente da última década e mais próximo do que foram em 1990 e 2000. Como é possível ver no gráfico abaixo, entre 1990 e 2000, a média do Fed Funds foi de cerca de 5,1% e de 2000 a 2010 de 2,9%, patamares consideravelmente mais altos que entre 2010 e o fim de 2019.

Apesar de alguma desaceleração da atividade e do mercado de trabalho, deve levar mais tempo do que o mercado espera para que o banco central tenha confiança de que a inflação está convergindo para a meta de 2%.

Por isso, Bostic reiterou sua avaliação de talvez apenas um corte de juros em 2024 e disse que o Fed está aberto a todas as possibilidades no que tange a trajetória dos juros, o que causou uma forte reação das taxas futuras de juros globalmente e fortaleceu o dólar frente a maioria das demais moedas na manhã de segunda-feira (20).

Na mesma linha, nesta manhã (21), o governador Christopher Waller afirmou que serão necessários vários meses de dados inflacionários positivos para que um ciclo de corte de juros se inicie.

O mercado precifica hoje dois cortes de 25 pontos-base neste ano, com maior probabilidade do primeiro ocorrer na reunião do dia 18 de setembro.

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Corte da Selic já acabou no Brasil?

No Brasil, após a divulgação da ata da última reunião do Copom (comitê de política monetária), o calendário econômico trouxe números mais fracos do que o esperado de atividade. O IBC-BR, considerado uma proxy do PIB brasileiro, registrou queda de 2,18% a/a em março, abaixo das expectativas de contração de 2,00%, além de revisão baixista de fevereiro de 2,59% para 2,49% a/a.

Contudo, o indicador ainda aponta para um primeiro trimestre bastante robusto de atividade no Brasil, após o 4T23 ter mostrado uma expansão mais fraca.

No gráfico acima, é possível ver que o indicador mostra expansão acima da tendência pré-pandemia, o que reforça a percepção de que, apesar dos juros elevados, a atividade se mantém bastante forte no Brasil.

Por fim, ontem (20), o relatório Focus divulgado pelo Banco Central mostrou novamente revisões para cima das expectativas de inflação de 2024 e 2025. Além disso, os economistas elevaram as projeções de Selic de 2024 para 10,00%. Na curva de mercado, o cenário ainda é mais conservador, com a precificação do fim do ciclo de cortes da Selic nos atuais 10,50% e o retorno do ciclo de alta no próximo ano.

Temos antecipado esse movimento de elevação das projeções de inflação no horizonte relevante do banco central há algumas semanas. Continuamos vendo novas revisões de expectativa para cima e um risco não trivial de um cenário em que o Banco Central não entregue a meta em 2025.

Por isso, apesar de vermos prêmio nos títulos prefixados nos atuais níveis, continuamos preferindo os indexados à inflação.

Cardápio da semana: veja os títulos de renda fixa recomendados

Características da CDB IPCA+ do Banco Pan
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)21/05/2026 (730 dias corridos)
Rentabilidade anualIPCA+ 6,20%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação15h
Características da CDB IPCA+ do Banco BTG Pactual
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)23/11/2026 (916 dias corridos)
Rentabilidade anualIPCA+ 6,40%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45

As taxas das tabelas são referentes ao dia 21 de maio de 2024. No caso da plataforma do BTG Pactual, os dois títulos indicados permanecem, respectivamente, disponíveis até às 15h e 17h45, como indicados nas tabelas acima.

Para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo, recomendamos apenas o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero

Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira elétrica com certificação CNPI. Analista de renda fixa na Empiricus Research.