Na semana passada, o dado mais importante do mercado de trabalho americano foi divulgado na sexta-feira (5). O Payroll de março indicou a criação de 303 mil novas vagas, bastante acima das expectativas de 214 mil. Além disso, houve uma leve revisão para cima dos meses anteriores. Ao olhar a composição do indicador, a criação de postos de trabalho no setor público continua impulsionando o Payroll. Ainda relevante, a taxa de desemprego caiu para 3,8%, embora a taxa de participação tenha aumentado acima das expectativas.
Ainda bastante relevante, a média de rendimentos por hora ficou em linha com as expectativas, com o crescimento mensal de 0,3%, o que indica uma inflação de salários de 4,1% ao ano.
De maneira geral, o dado reforça a robustez do mercado de trabalho americano, uma vez que os dados de diferentes pesquisas parecem convergir para o lado mais resiliente.
Não por coincidência, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA (FOMC) têm feito comentários duros (hawkish) sobre o cenário de corte de juros prospectivo.
Começando pelo Presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, na quarta-feira (3), afirmou que espera apenas um corte de juros neste ano. No dia seguinte, Presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que talvez não seja necessário reduzir os juros neste ano.
Após a divulgação do dado de Payroll, na sexta-feira (5), a Presidente Michelle Bowman também expressou preocupação em relação ao cenário inflacionário americano, indicando que também é favorável a um cenário de menos redução de juros do que o apresentado no último Sumário de Projeções Econômicas do Fed, que apontava três reduções de juros.
No último final de semana, a Presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, afirmou que é muito cedo para pensar em cortar juros e que é possível que o juro neutro da economia americana tenha se elevado, o que seria condizente com menos afrouxamento monetário à frente.
Do lado do mercado, o ajuste de expectativa tem sido bastante relevante neste ano. Em janeiro deste ano, partimos de uma estimativa de juros em 3,8% para cerca de 4,7% para o final de 2024.
O fato de as eleições presidências ocorrerem em novembro deste ano também influencia na expectativa de início de ciclo de corte, uma vez que alterar a taxa básica de juros em meio à corrida presidencial pode gerar ruído sobre a credibilidade das decisões de política monetária.
Muito embora ainda haja uma tendência de queda de inflação e sinais de arrefecimento da atividade, entendemos que a probabilidade de o banco central americano reduzir a estimativa de cortes para este ano no próximo Sumário de Projeções Econômicas aumentou.
E no Brasil?
No Brasil, embora o noticiário tenha reverberado as possíveis movimentações políticas em torno da Petrobrás e, mais recentemente, a discussão da meta de resultado primário de 2025, o dado de inflação americana também será muito importante para o mercado doméstico.
Na semana passada, o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o dado de inflação americana será um ponto de atenção para a autoridade monetária, o que indica a importância dos dados globais para a continuação da condução de política monetária por aqui. Campos Neto afirmou que, caso o corte de juros nos EUA não aconteça em junho, deve haver um impacto em todos os ativos de risco, o que significa que “o nosso dever de casa precisa estar mais em ordem.”
Em outras palavras, o Presidente indicou a necessidade de manter um diferencial de juros atrativo em relação aos ativos americanos para continuarmos tendo uma baixa volatilidade do Real e um cenário benigno para economias emergentes.
Olhando para dentro de casa, Roberto Campos Neto ainda comentou rapidamente sobre a recente melhora dos dados de crédito que indicam uma reaceleração da concessão de empréstimos, o que vai na direção oposta do argumento de que as condições financeiras domésticas estariam muito apertadas.
Nessa linha, temos visto uma assimetria para cima da inflação de 2025, quando olhamos para as taxas implícitas de mercado hoje. O relatório Focus divulgado ontem (9) mostrou leve alta de expectativa de IPCA para o período, de 3,51% para 3,53% ao ano. Apesar de ainda esperarmos uma desaceleração dos preços de alimentos nos próximos meses, para o horizonte relevante de política monetária, a inflação desse grupo não deve desviar muito da sua mediana histórica. Vale ainda lembrar que o grupo de serviços segue pressionado pelos itens intensivos em mão de obra e, portanto, a ancoragem das expectativas para a meta do BC parece dependente de uma dinâmica particularmente benigna no grupo de preços administrados.
Nesse sentido, a alta recente do petróleo e a sazonalidade dos preços de seus derivados no mercado internacional passam a virar um ponto de atenção. Nessa mesma linha, temos visto notícias sobre possíveis reduções de tarifas de energia através da antecipação de pagamentos futuros da Eletrobras para o governo e, consequentemente, pagamento de empréstimos de distribuidoras embutidos na conta de luz hoje.
Por isso, apesar de termos uma inflação em níveis historicamente baixos, vemos um endurecimento da postura do Banco Central do Brasil nas próximas semanas, diante do dado de inflação americana ter subido (CPI teve alta de 0,4% em março).
Em relação a alocação de renda fixa, continuamos gostando dos títulos indexados à inflação.
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Cardápio da semana: confira os títulos de renda fixa recomendados
Características do CDB IPCA+ do Banco Pan | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA(bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | BTG Pactual |
Aplicação mínima | R$ 1 mil |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 03/10/2026 (913 dias corridos) |
Rentabilidade anual | IPCA+ 6,25% |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 17h |
Características da LIG IPCA+ do Banco Bradesco | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA(bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Ágora |
Aplicação mínima | R$ 10 mil |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 09/04/2029 (1826 dias corridos) |
Rentabilidade anual | IPCA+ 4,95% |
Tributação | Isento |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Garantido pela carteira de crédito de ativos do banco Bradesco |
Horário limite de aplicação | 15h |
O rendimento líquido da LIG IPCA+ do banco Bradesco é equivalente ao rendimento bruto de IPCA+6,66% a.a. É importante notar que este investimento requer um valor mínimo elevado de R$10 mil.
As taxas das tabelas são referentes ao dia 9 de abril de 2024.
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