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Renda fixa: conheça 3 títulos pós-fixados para investir no Brasil em ciclo de alta de juros

Veja 3 títulos de renda fixa para investir de olho no contexto global e da economia brasileira.

Por Lais Costa

07 jan 2025, 13:53 - atualizado em 18 fev 2025, 15:50

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Imagem: iStock/ Andrii Yalanskyi

Nos EUA, a economia permanece majoritariamente sólida, com o robusto gasto do consumidor contribuindo para o crescimento do PIB real em torno de 2,5% no último trimestre. Os números do mercado de trabalho também parecem ter se consolidado no último trimestre de 2024. Nesta manhã, o JOLTS apresentou uma abertura de novas vagas acima do esperado (8098k vs 7740k).

Ainda nesta semana, os dados de folha de pagamento (payroll) devem mostrar a criação de 163k vagas, enquanto a taxa de desemprego deve se manter inalterada em 4,2%.

Fed reduz expectativas de cortes de juros

Na última reunião do ano, o FOMC reduziu suas expectativas de cortes nas taxas de juros em 2025 de 75 pontos-base para 50 pbs no Summary of Economic Projections de dezembro. Já o mercado precifica apenas um corte cheio de 25 pbs na curva futura.

De maneira geral, o cenário de forte crescimento, menor queda de juros e uma política protecionista do novo governo americano são vetores que se opõem ao fluxo de capital para mercados emergentes.

  • SAIBA MAIS: Com a perspectiva de alta da Selic para 14,75% em 2025, especialistas dizem onde investir em renda fixa para capturar lucros; veja em evento gratuito

IPCA-15 no Brasil indica composição ruim

Do lado doméstico, contudo, sabemos que a forte depreciação dos ativos de risco nos últimos meses deveu-se prioritariamente a fatores internos. Há uma forte descrença em um cenário de responsabilidade fiscal do atual governo brasileiro. Por isso, temos visto uma prolongada desancoragem das expectativas de inflação, que tem levado a um ritmo mais rápido de aumento de juros.

E por falar em índice de preços, foi divulgado, na última sexta-feira de 2024, o IPCA-15 de dezembro. Embora o número tenha surpreendido para baixo em relação às expectativas do mercado (0,34% vs. 0,43%), o índice acumulado em 12 meses fechou o ano em 4,71%, acima do teto da meta de 4,50%.

Além disso, a composição do indicador de preços foi ruim. Os principais itens que surpreenderam para baixo foram passagens aéreas e alimentos, enquanto os núcleos seguem em aceleração, com destaque para o núcleo de serviços. A média de três meses dessazonalizada e anualizada do núcleo atingiu o maior patamar desde maio e 2023, devido à aceleração do núcleo de serviços.

Olhando para frente, o número gerou revisões para baixo do IPCA de dezembro, contudo, para 2025, o cenário prescreve uma maior inércia inflacionária.

Focus mantém projeções elevadas de inflação

Nessa linha, as projeções do relatório Focus indicam expectativas ainda elevadas para a inflação. O IPCA estimado para 2024 recuou marginalmente de 4,90% para 4,89%, mas segue acima do teto da meta. Para os anos seguintes, as projeções no relatório do Banco Central continuam pressionadas, com 4,99% em 2025 e 4,03% em 2026.  Se olharmos para a inflação implícita pelos traders de mercado, a situação é ainda pior. Para o horizonte de um ano, a implícita ultrapassa 7,6% e para cinco anos, encerramos o ano acima de 7,2%.

De forma simplificada, o que os números de inflação nos dizem é que o governo deve continuar optando por um fiscal estimulativo.

Não por coincidência, o mercado precifica uma Selic terminal acima de 16% até o final deste ano. Apesar de parecer um nível bastante alto, a verdade é que, para trazer a inflação de volta ao centro da meta (3%) apenas através da alta das taxas domésticas, essa estimativa ainda se torna conservadora.

Por isso, a respeito da alocação em renda fixa, seguimos preferindo uma alocação tática maior em títulos pós-fixados, alinhados à expectativa de juros continuação da alta dos juros domésticos.

No cardápio de hoje, também adicionamos um título indexado à inflação do banco Daycoval. Além da taxa bastante atrativa ponderada ao risco de crédito da instituição, a forte abertura das taxas de juros reais nos últimos meses de 2024 devem ter levado a uma redução do peso dos títulos indexados ao IPCA no portfólio dos nossos assinantes. Entendemos, portanto, que o CDB abaixo é uma boa oportunidade de rebalanceamento diligente de carteiras de pessoas físicas. 

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Cardápio da semana

Características do CDB pós-fixado do Banco BTG Pactual com liquidez diária
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 50,00
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)07/01/2027 (730 dias corridos)
Rentabilidade anual100,00% do CDI
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateLiquidez diária
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45
Características do CDB IPCA+ pós-fixado do Banco Daycoval
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Daycoval
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)17/05/2027 (860 dias corridos)
Rentabilidade anualIPCA+ 9,00%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação18h
Características do CDB pós-fixado do Paraná Banco
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA- (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarParaná Banco
Aplicação mínimaR$ 100,00
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)23/12/2027 (1080 dias corridos)
Rentabilidade anual114,00% do CDI
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação14h

As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 7 de janeiro de 2025 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (7).

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.