Investimentos

Renda fixa: três CDBs pós-fixados de curto prazo para aproveitar os prêmios de risco ainda elevados

O mercado deve continuar duvidando do cumprimento da meta fiscal neste ano, o que deve manter os prêmios de risco elevados.

Por Lais Costa

23 jul 2024, 13:46 - atualizado em 23 jul 2024, 15:58

renda fixa CDB
Imagem: Freepik

No cenário europeu, o evento mais importante da semana foi a reunião do Banco Central Europeu (BCE) que aconteceu na quinta-feira (18). Em decisão unânime, a autoridade monetária decidiu manter a taxa de juros inalterada em 3,75% a.a., como era amplamente esperado pelo mercado.

O comunicado veio em um tom mais duro (hawkish), com o BCE reforçando a mensagem de que a trajetória dos juros segue dependente do conjunto de dados, em especial da desaceleração do crescimento dos salários que deve pautar o contínuo progresso da inflação.

Nessa mesma linha, a presidente Christine Lagarde destacou que não espera uma desaceleração expressiva da inflação até o final do ano e que a meta de 2% ao ano deve ser atingida apenas em 2025. Dessa forma, o comitê europeu optou por preservar a flexibilidade em relação aos próximos passos de política monetária

Próximo corte de juros nos EUA deve acelerar redução também na Europa

Com o provável início do processo de corte de juros nos EUA na reunião de setembro, o mercado também antecipa o próximo corte de 25 pontos-base nas taxas europeias na próxima reunião marcada para o dia 12 de setembro.

Embora o BCE tenha se descolado do Federal Reserve (Fed) no início do processo de corte de juros, olhando para frente, os cortes no Fed Funds devem contribuir para o aumento da confiança do BCE em relação ao processo de flexibilização monetária. Por isso, vemos as próximas reduções das taxas sendo anunciadas em reuniões alternadas até o final deste ano, e o mercado caminhando para uma taxa de juro terminal inferior aos 2,5% a.a. precificado hoje para o final de 2025.

No Brasil, a proxy do PIB de maio veio abaixo do esperado

No cenário doméstico, a semana passada foi mais fraca de indicadores macroeconômicos, com o dado mais relevante sendo o IBC-Br de maio divulgado pelo Banco Central do Brasil (BCB). O índice que mede a atividade mostrou uma alta de 0,25% m/m, ficando abaixo das expectativas de 0,30% m/m do mercado, porém, o dado anterior foi significantemente revisado para cima de 0,01%, ficando em 0,26% m/m. Na comparação anual, o indicador registrou alta de 1,3%, acima da mediana das estimativas dos economistas (1,10 a/a).

A surpresa positiva do indicador levou a uma série de revisões para cima do PIB do segundo trimestre, dado que o mês de maio já incorpora os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. 

Não por coincidência, o relatório Focus divulgado nesta semana trouxe novamente uma revisão para cima das estimativas de PIB para 2024.

Estimativa de inflação para 2025 se manteve estável

Já em relação à inflação, após 11 semanas de revisões de alta das estimativas para 2025, o boletim de segunda-feira (22) mostrou estabilidade em 3,9%.

Embora a meta de inflação para o próximo ano seja de 3%, a interrupção da série de revisões, em semana de data de referência para atualização das projeções dos economistas, pode ser vista, sim, como uma boa notícia. A estabilidade das projeções de Selic para 2024 e 2025 e, 10,50% e 9,5%, respectivamente, também devem trazer um certo alívio para o Copom do próximo dia 31.

Ainda no Brasil, era grande a expectativa para a apresentação do terceiro Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) de despesas do governo, na tarde de ontem (22).

O Ministro Fernando Haddad já havia antecipado na última quinta-feira (18) a retenção de R$15 bilhões no orçamento. O anúncio de ontem (22), contudo, frustrou, ao apresentar as fontes dessa redução, deixando o governo, mais uma vez, um passo atrás em relação às expectativas dos agentes de mercado. A apresentação dos detalhes tão esperados ficou para o dia 30 de julho.

Além disso, o relatório apresentado ontem (22) manteve estimativas ousadas em relação à arrecadação do governo e subestimou despesas como previdência e Benefício de Prestação Continuada (BPC), se comparadas às estimativas dos analistas de mercado. Embora o anúncio do Ministro Haddad na semana passada tenha sido um gesto positivo, a apresentação de ontem mostrou, mais uma vez, que o governo se mantém reticente em reconhecer as frustrações de receitas e deve se manter distante das estimativas dos analistas.

Por isso, o mercado deve continuar duvidando do cumprimento da meta fiscal neste ano e os prêmios de risco devem permanecer elevados. O foco agora deve migrar para a divulgação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) em 31 de agosto.

Nesse ínterim, ainda vemos atratividade em títulos de curto prazo pós-fixados.

Cardápio da semana: confira títulos de renda fixa recomendados

Características da CDB pós-fixado do Banco BTG Pactual com liquidez diária
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 50
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)23/07/2025 (365 dias corridos)
Rentabilidade anual100,50% do CDI
Tributação17,50%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateLiquidez diária
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45
Características da CDB  pós-fixado do Banco Daycoval
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarDaycoval
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)24/07/2025 (366 dias corridos)
Rentabilidade anual103% do CDI
Tributação17,50%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação18h
Características da CDB pós-fixado do Paraná Banco
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA-(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarParaná Banco
Aplicação mínimaR$ 100
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)20/01/2025 (181 dias corridos)
Rentabilidade anual108% do CDI
Tributação20%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h

As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 23 de julho de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (23).

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira elétrica com certificação CNPI. Analista de renda fixa na Empiricus Research.