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Investimentos pesam sobre Cosan no 1T23, mas case segue evoluindo; Raízen ‘brilha’ com etanol e açúcar

Cosan continua entregando bons indicadores; Raízen ‘brilha’ com etanol e açúcar e Rumo se destaca no escoamento de produção agrícola

Por Larissa Quaresma, CFA

16 maio 2023, 16:47 - atualizado em 17 maio 2023, 09:32

Imagem das bandeiras da Rússia e Ucrânia em alusão ao atual conflito. Uma tarja branca com o nome das empresas que compõem o Grupo Cosan está sobreposta à imagem
Créditos: equipe de conteúdo da Empiricus

Ontem (15), após o fechamento do mercado, a Cosan (CSAN3) divulgou seu resultado do 1T23, que veio em linha com o esperado.

Todas as empresas do conglomerado tiveram boa performance operacional, elevando o Ebitda consolidado pro-forma em 56%, para R$ 4,2 bilhões, excluindo créditos fiscais não recorrentes.

A linha final, entretanto, foi penalizada pela marcação a mercado das ações da Vale e do Total Return Swap (TRS) das ações da própria Cosan, gerando um prejuízo líquido ajustado de R$ 12 milhões.

Resultados de Raízen (RAIZ4)

Na Raízen, subsidiária mais relevante do grupo Cosan, estimamos que o Ebitda excluindo créditos fiscais de PIS/Cofins foi de R$ 2,6 bilhões (ou R$ 1,3 bilhão na visão Cosan), crescimento de 46% na comparação anual.

A forte performance veio da divisão de Açúcar (Ebitda +243%), impulsionada pelo maior volume comercializado, maiores preços e crescimento das vendas diretas ao destino, o que favorece as margens. A parte de Renováveis também contribuiu positivamente (Ebitda +20%), com o maior preço do etanol mais que compensando a pequena queda no volume vendido. Essas duas divisões neutralizaram a fraca performance de Marketing & Serviços (Ebitda -7%), que teve suas margens pressionadas pela superoferta de combustíveis no mercado doméstico.

Rumo (RAIL3)

Já na Rumo, transportadora ferroviária do conglomerado, o Ebitda ajustado foi de R$ 1,2 bilhão, crescimento anual de 26% em bases comparáveis (excluindo da comparação os terminais vendidos recentemente). O crescimento vem do ganho de 28% na tarifa consolidada, já que o volume transportado caiu 11% – notadamente, consequência de incidentes criminosos na Baixada Santista, elevado volume de chuvas, impactando a colheita de soja, e interdição da malha paulista para obras de reparo.

Compass

A Compass, distribuidora de gás do grupo Cosan, reportou um Ebitda de R$ 958 milhões, com expansão anual de 36%. A alta se deve ao melhor mix de clientes, correção inflacionária das tarifas e consolidação da Commit (antiga Gaspetro), adquirida em julho/2022. Aqui, mais uma vez, os efeitos positivos compensaram o menor volume vendido (-6%).

Moove

Por sua vez, a Moove, distribuidora de lubrificantes, viu seu Ebitda crescer 59%, para R$ 276 milhões. A expansão se deve à consolidação das adquiridas PetroChoice e Tirreno, em junho/2022, além do ganho de volume e participação de mercado.

Cosan Investimentos

Por fim, a Cosan Investimentos, que engloba principalmente o arrendamento de propriedades agrícolas, teve um Ebitda de R$ 118 milhões, 10x o valor de um ano antes. Isso se deve à consolidação, pelo primeiro trimestre completo, das adquiridas Tellus e Janus.

Com isso, o Ebitda consolidado pró-forma do conglomerado, excluindo créditos fiscais de PIS/Cofins da Raízen, foi de R$ 4,2 bilhões (+56%). O prejuízo líquido, ajustado também por efeitos fiscais de IRPJ/CSLL na Compass, foi de R$ 12 milhões (ou de cerca de R$ 1,3 bilhão tirando os efeitos favoráveis de PIS/Cofins), devido à marcação à mercado de VALE3 e do swap com as próprias ações da Cosan. Na ponta positiva, a geração de caixa para o acionista foi de R$ 1,1 bilhão no trimestre, revertendo a queima do 1T22, refletindo o melhor EBITDA e a liberação de capital de giro na Raízen. Em termos de alavancagem, a companhia finalizou o 1T23 com um índice dívida líquida/EBITDA de 1,7x, mais uma redução sequencial.

As ações de Cosan continuam nas carteiras da Empiricus Research

Do nosso lado, reconhecemos que a Cosan se tornou uma holding extremamente diversificada e complexa de se analisar, mesmo que seus ativos estejam majoritariamente concentrados no segmento de infraestrutura e energia. Não obstante, eliminando o ruído das várias partes se movendo simultaneamente, é possível observar a evolução das diversas teses de investimento do conglomerado

  • na Raízen, a exportação do etanol próprio para clientes industriais e a venda do açúcar diretamente para a ponta final, ambos com efeitos positivos na rentabilidade;
  • na Rumo, o ganho de representatividade do modal ferroviário no escoamento da produção agrícola, favorecendo tarifas melhores;
  • na Compass, o ganho de participação na distribuição de gás encanado para os mais diversos tipos de clientes;
  • expansão internacional da Moove
  • além da Cosan Investimentos e da Vale.

Hoje, enxergamos uma operação que evolui no consolidado, mas que está em fase de pesados investimentos e complexidade crescente. Ainda assim, continuamos acreditando na tese, ainda mais com um desconto de holding próximo a 30% para CSAN3. 

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Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de Ações focada em Bancos e Instituições Financeiras, integra a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Mais de 5 anos de experiência em análise de empresas, com passagens pela Núcleo Capital e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, com certificações CFA, CNPI e CGA.