Investimentos

Google (GOGL34): resultados do 1T23 demonstram crescimento magro; Google Cloud é destaque positivo e YouTube tem queda nas receitas

No consolidado, as receitas tiveram retração de 13%, mas ChatGPT ainda não oferece grande ameaça ao sistema de buscas

Por Richard Carboni Camargo

26 abr 2023, 08:26 - atualizado em 26 abr 2023, 08:26

Resultados Google (GOGL34)
Imagem: Unsplash

O Google (Nasdaq: GOOGL | B3: GOGL34) divulgou na noite de ontem (25) seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2023.

No geral, o resultado mostrou crescimento magro, pressão nas margens e uma queda em seu lucro por ação. A magnitude dessa desaceleração, porém, não foi tão drástica quanto os mais pessimistas entre os investidores esperavam.

Em resposta aos números, as ações do Google subiram cerca de 4% no pregão noturno.

No consolidado, a receita total foi de US$ 69,7 bilhões, um crescimento de apenas 3% na comparação anual e 6% em moeda constante. 

Se você não acompanhou todos os debates envolvendo o Google, eu te atualizo: o começo de 2023 foi marcado pela primeira incursão concorrencial realmente importante contra o monopólio do mecanismo de buscas.

Impulsionado pelo sucesso do ChatGPT, a Microsoft fez upgrade em mecanismos de buscas, o Bing, para incorporar a função do chatbot.

No mercado, emergiu a narrativa de que o novo concorrente (dá para dizer que é novo mesmo, dado o tamanho da remodelagem no Bing), seria um detrator importante dos resultados do Google.

Pelo que vimos neste 1T23, o Bing fez mais barulho do que sucesso. 

O Google Search, apesar de estar desacelerando devido ao ambiente macroeconômico, viu suas receitas crescerem cerca de 2% na comparação anual, totalizando pouco mais de US$ 40 bilhões.

De acordo com dados da Statcounter, o market share do Google no segmento de mecanismos de busca saiu de 91,5% em março de 2022 para 93,1% em março de 2023.

No Youtube, as receitas somaram US$ 6,6 bilhões, uma queda de cerca de 2,5% na comparação. 

Esse foi o terceiro trimestre consecutivo em que o Youtube apresentou queda nas receitas.

A elevada penetração do marketing de “branding” (não focado em conversão), além dos infoprodutos que vivem sua ressaca particular, fizeram do Youtube, mais uma vez, o principal destaque negativo nos números.

O Google Cloud, divisão de infraestrutura em nuvem da companhia, somou US$ 7,41 bilhões em receitas, crescimento de 27%, um ritmo excelente dado o atual ambiente de cautela entre os clientes.

Como destaque, esse foi o primeiro trimestre em que o Google Cloud apresentou resultado operacional positivo, algo que era amplamente aguardado pelo mercado (a Amazon, por exemplo, apresenta margens operacionais consistentemente acima de 25% em cloud, enquanto o Google ainda dava prejuízos).

O resultado operacional consolidado do Google foi de US$ 17,415 bilhões, uma queda de 13% na comparação anual. A margem operacional foi de 25%, em linha com o trimestre anterior.

Entre os fatores que explicam essa queda, estão cerca de US$ 2,5 bilhões em despesas com rescisões de contratos (reflexos das demissões em massa que vemos nos jornais).

Nos últimos meses, os executivos do Google têm falado abertamente sobre a necessidade da empresa se tornar mais enxuta, menos burocrática (pois é) e alocar recursos em apostas que realmente estejam ganhando tração.

Por último, o Google anunciou um robusto programa de recompra de ações: US$ 70 bilhões. 

Vale a pena investir em Google (GOGL34)?

Como eu disse acima, os resultados do Google não foram de encher os olhos, porém mostraram uma resiliência que, acredito eu, muitos investidores estavam questionando. 

Negociado a cerca de 20 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, as ações do Google deixaram de fazer parte do portfólio do Investidor Internacional há poucas semanas. 

Tendo subido 17% das suas mínimas de 52 semanas, estamos aguardando um ponto de entrada mais interessante para voltar ao papel.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.