O Meta Platforms (Nasdaq: META | B3: M1TA34), o bom e velho Facebook, divulgou ontem (26) à noite seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2023.
No geral, o resultado do 1T23 mostrou adição de usuários em todos os seus segmentos, crescimento modesto em termos de receitas e mais uma vez um rombo financeiro enorme em sua divisão “Reality Labs” (o metaverso).
No pregão noturno de ontem, as ações subiam 11,5%, refletindo, em minha opinião, um alívio do mercado com a estabilidade nas margens operacionais da companhia.
Os resultados de Meta no 1T23
A receita do Meta cresceu 3% em relação ao 1T22, totalizando US$ 28,6 bilhões, o que é 3,5% acima do esperado pelo mercado.
A taxa de crescimento das receitas do Meta foram exatamente as mesmas que o Google apresentou.
A quantidade de usuários ativos mensalmente na divisão “Família de Aplicativos”, que consolida as operações de Instagram, Facebook e Whatsapp, alcançou 3,81 bilhões de pessoas, aumento de 5% na comparação anual.
O número de usuários ativos diariamente foi de 3,02 bilhão, também 5% superior na comparação anual.
Como referência: apesar da comparação ser imperfeito, não deixa de ser notável que mesmo sendo mais de 10 vezes maior que o Netflix em termos de usuários, o Meta ainda apresente taxas de crescimento nominais acima deste.
A quantidade de impressões (anúncios) entre as plataformas cresceu 26%, enquanto o preço médio por anúncio diminuiu 17% na comparação com 4T22.
O resultado líquido dessa equação é positivo para o Meta e reflete sobretudo os esforços da empresa em escalar o Reels, seu produto de vídeos curtos concorrente do TikTok.
A divisão “reality labs”, que compila as iniciativas da companhia relacionadas ao metaverso, somou míseros US$ 339 milhões em receitas, uma queda de 51% na comparação anual e um prejuízo operacional de US$ 3,9 bilhões.
Esse prejuízo foi 34% maior que no mesmo trimestre do ano passado.
Escrevi bastante nos últimos meses sobre as novas tecnologias que a empresa tem trazido para o mercado. Entretanto, o ambiente macroeconômico certamente não ajuda a comercialização de uma tecnologia embrionária, ainda sem muitos usos e repleta de necessidades de melhoria.
A nova geração de dispostos Quest é substancialmente mais cara que a sua antecessora, e imagino que as vendas dependerão bastante do segmento corporativo (que é inclusive o foco dos aplicativos da família Horizon).
Infelizmente, esse segmento está sabidamente muito mais preocupado em cortar custos atualmente do que em investir em inovação.
Ao final do trimestre, a margem operacional foi de 25%, cerca de 6 pontos percentuais inferior ao 1T22, explicada pelo ritmo elevado de investimentos no Reels, na divisão “Reality Labs”, os pesados investimentos na construção de uma das infraestruturas mais modernas do mercado para implementação de inteligência artificial.
O que dizem os executivos
Nas palavras dos executivos do Meta, ao menos no que tange o último dos temas mencionados acima, a empresa está pronta para virar a chave e gerar muito mais valor com IA nos próximos anos, do que a necessidade de novos investimentos nessa tecnologia (incrementais ao dos últimos anos).
Neste trimestre, outras despesas excepcionais também contaminaram os números do Meta, tal como US$ 1,1 bilhão em despesas relativas ao desligamento em massa de funcionários.
No release de resultados, a empresa alertou os investidores de que ainda está executando os 10 mil desligamentos anunciados em março de 2023, e que essas demissões ocasionarão despesas extraordinárias no restante do ano.
Tudo na conta, o Meta gerou US$ 6,9 milhões em fluxo de caixa livre para o acionista e recomprou praticamente US$ 9 bilhões em ações, agora sim num preço muito melhor que o realizado no início de 2022.
A empresa encerrou o 1T23 com pouco mais de US$ 37 bilhões em caixa.
Em certa medida, é intrigante como o mercado tem seu tempo para aprender a conviver com novas narrativas. Basicamente todos os motivos que levaram as ações do Meta a cair dos US$ 330 para os US$ 88 seguem presentes em seus resultados:
- O crescimento ainda está anêmico;
- As margens deterioradas;
- E o “reality labs” segue queimando cerca de US$ 4 bilhões por trimestre.
Ainda sim, as ações sobem 166% das mínimas.
Vale a pena investir em Meta?
O sucesso do Reels (e o fato do segmento de vídeos curtos estar apresentando queda de engajamento em 2023) certamente contribuem para o que o risco de investir em Meta seja muito menor.
Também a percepção do mercado é a de que, por mais que longe de um equilíbrio perfeito, os US$ 4 bilhões trimestrais queimados no “reality labs” são acomodáveis graças ao enorme sucesso do Instagram.
Neste momento, vemos o Meta negociar a cerca de 22x os lucros estimados para 2023.
As ações do Meta estão presentes num dos portfólios especulativos da Empiricus, chamado MoneyBets.