Investimentos

Resultados vêm como fortes triggers na Bolsa: “Tendência é olhar mais para os lucros do que para projeções malucas”, ressalta Felipe Miranda

Diante da sinalização de alta dos juros nos EUA, o mercado está atento às companhias que entregam resultados objetivos e que não têm o fluxo de caixa muito para frente. O CIO e estrategista-chefe da Empiricus comenta ainda sobre a 3R Petroleum (RRRP3), Cielo (CIEL3), Arezzo (ARZZ3) e outros tickers…Veja os destaques da live semanal

Por Daniela Rocha

07 fev 2022, 10:58 - atualizado em 16 maio 2022, 17:14

 

Os balanços corporativos estão despontando como fortes triggers na Bolsa, segundo Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus. 

Os resultados divulgados têm formado preços de forma intensa, sendo que diante da sinalização de alta dos juros nos Estados Unidos, o mercado está valorizando mais as companhias que entregam resultados objetivos, em detrimento de algumas techs mais agressivas ou cases de growth, que têm o fluxo de caixa muito para frente.

“Eu já vinha dizendo que, com alta da taxa de juros de mercado, com o Fed (banco central dos Estados Unidos) mais duro, acabariam as promessas”, destacou em sua live semanal, neste domingo (06/02), no perfil dele no Instagram (ofelipe_miranda), um encontro marcado com seguidores e assinantes onde discute temas quentes do mercado.

Em um artigo na Exame há algumas semanas, ele havia escrito que o mercado passaria a dar menos bola para discursos como ‘daqui 5 anos, vamos dar um super lucro’, assim como se interessaria menos por indicadores como percentual do addressable market (mercado potencial para um produto ou serviço), para múltiplos contra número de usuários ou downloads, notas no reclame aqui ou “outras maluquices”. 

“O mercado está olhando para os lucros, para os resultados objetivos e o que as empresas estão entregando”, disse Felipe. 

Eu vou detalhar aqui o pano de fundo…

Com essa dinâmica de aperto monetário nos Estados Unidos, as companhias de tecnologia, principalmente as non-profitable techs, assim como os cases de crescimento, devem sofrer. Como elas buscam lucros em uma janela temporal maior, quando os juros se elevam – ao se trazer o fluxo de caixa dessas companhias a valor presente, o impacto é negativo, causando uma redução dos seus valores de mercado. 

Assim, está acontecendo uma migração do capital para ações cíclicas baratas de empresas que possuem geração de fluxo de caixa no presente, além de papéis de produtoras de commodities, que estão com os mercados aquecidos, como é o caso do petróleo. 

Sob a lupa, os lucros: vencedoras e perdedoras na safra de balanços

Nesse contexto, os balanços têm causado reações tão discrepantes, conforme comentou Felipe. Ele exemplificou com a Meta (FBOK34), controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, que amargou uma queda de 26% nas suas ações na Nasdaq, após divulgar seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2021. Foi a maior desvalorização registrada em uma única sessão e a empresa perdeu mais de US$ 230 bilhões em valor de mercado. Por trás disso, a retração de 8% no lucro na comparação anual, além da perda de usuários em função do acirramento da concorrência. Entre as 5 maiores big techs, a Meta foi a única a ter retração no lucro. 

No começo do mês, o PayPal (PYPL34) também veio com resultado trimestral abaixo do esperado. Seu lucro caiu de US$ 1,57 bilhão para US$ 801 milhões. A empresa também deu guidance abaixo do esperado. Com isso puxou com ela a desvalorização de preços das ações de outras empresas relevantes ligadas a meios de pagamentos.

Por sua vez, a Amazon (AMZO34) informou que teve lucro líquido de US$ 14,32 bilhões no quarto tri de 2021, o dobro do mesmo período de 2020 e ainda anunciou aumento no preço da assinatura do serviço Amazon Prime. Dessa forma, suas ações dispararam 13,54%, a maior valorização de uma companhia nos Estados Unidos em um único dia desde abril de 2015. 

Falando sobre tickers na Bolsa brasileira...algumas indicações e resultados

Commodities

Na live, o Felipe recomendou algumas ações promissoras de produtoras de commodities. De acordo com ele, analistas especializados na área petrolífera estão vendo uma convergência do preço do barril para US$ 100. 

Essa trajetória de alta beneficia empresas do setor e ele gosta da Petrobras (PETR4) e 3R Petroleum (RRRP3). “Mas falando da Petrobras, o ideal é uma exposição menor na carteira por conta dos ruídos eleitorais”, ressaltou.

Quanto à 3R, ele reiterou que é a companhia mais barata do setor, com uma operação bem tocada e que tem condições de decolar a partir da aquisição do Polo Potiguar da Petrobras, que fica no Rio Grande do Norte. No final de janeiro, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda de 100% desse polo, um conjunto de ativos associados ao processamento, refino, logística, armazenamento de petróleo e gás natural.

Na visão dele, RRRP3 pode até dobrar, se o preço do petróleo prosseguir em patamares elevados.

Felipe disse que recomenda também as ações da Vale (VALE3) e da metalúrgica Gerdau (GOAU4). 

Setor financeiro

O banco Santander (SANB11) inaugurou a divulgação dos resultados dos bancos, registrando um lucro líquido de R$ 3,88 bilhões no quarto trimestre de 2021, uma queda de 10,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Contudo no acumulado do ano, o lucro alcançou R$ 16,3 bilhões, um avanço de 7%. Segundo o analista, os executivos do banco foram bastante diligentes ao preverem desaceleração do crédito e preocupação com aumento da inadimplência nas classes mais baixas em 2022.  “Acho que o resultado do Santander veio ok, abaixo do esperado”, comentou Felipe.

Enquanto o Santander se mostra cauteloso, o Nubank diz que vai crescer de forma robusta nesse momento desafiador, uma postura que Felipe criticou. A carteira que ele conduz, a Oportunidades de Uma Vida, tem uma posição vendida (short) em Nu.

Para Felipe, o resultado da Cielo (CIEL3) veio levemente positivo no quarto trimestre do ano passado. “Tem um pouco de receitas não recorrentes no resultado da Cielo, uma reversão de imposto importante que ajudou nos lucros”, explicou. A companhia obteve lucro líquido de R$ 337 milhões, um aumento de 13% na comparação com os últimos três meses de 2020. 

Felipe avalia que o fato de o Bradesco ter deixado de fazer a cobertura das ações da Cielo é um indício de que a companhia poderá fechar capital na bolsa. “O maior trigger é a possibilidade de fechamento de capital”, afirmou. 

“A Cielo é uma empresa problemática, mas negociando a 6 vezes lucro, me parece barata. É uma questão de preço, então, vale aproveitar”, completou. 

Um combo de varejistas de moda

De acordo com Felipe, a Arezzo (ARZZ3) conseguiu levantar R$ 830 milhões em seu follow-on, que foi precificado sem desconto. “Ela vai para cima, deve fazer M&A (fusões e aquisições)”, analisa. A companhia é uma das preferidas dele no varejo de moda, contudo, ele defende que os investidores tenham um combo  de papéis do segmento na carteira. 

Na linha do que é bom e barato, ele indica Lojas Renner (LREN3), Centauro (SBFG3), Marisa (AMAR3), Guararapes (GUAR3) e C&A (CEAB3). 

Dynamo Cougar: ainda dá para investir

Felipe comentou sobre outra alternativa de investimento: o FOF Melhores Fundos, disponível na Vitreo. 

Na semana passada o fundo Dynamo Cougar, um dos mais cobiçados, fez uma captação relâmpago, e o FOF conseguiu a cota máxima de R$ 30 milhões. 

Então, com uma aplicação mínima de apenas R$ 100, é possível acessar o Dynamo, dentro de um mix de fundos de outras gestoras renomadas.

Aqui abordei os principais pontos da live do Felipe deste domingo. Mas te convido para assistir ao vídeo completo, pois ele fala sobre outras ações e alternativas de investimentos. Vale a pena conferir!

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.