A Netflix (NFLX) divulgou seus resultados trimestrais que estão de encher os olhos e que, enfim, foram muito bem recebidos pelo mercado.
Como o resultado foi pra lá de favorável, a ação subiu cerca de 14% no pregão noturno, logo após os números se tornarem públicos.
Se você se lembrar, os últimos trimestres da Netflix foram marcados por quedas de mais de 20% da ação após a divulgação dos resultados, devido especialmente ao aumento da sua taxa de cancelamento e consequente desaceleração do número de usuários ativos.
O resultado do 3T22 trouxe números marginalmente acima do esperado pelo mercado, como a receita de US$ 7,92 bilhões (+5,9% na comparação anual e 1% acima do consenso) e a quantidade de usuários ativos, que somou 223 milhões, um crescimento de 4,5% na comparação anual.
Como a mídia já notificou à exaustão, a Netflix passará a oferecer um novo pacote com anúncios a partir de novembro, em 12 países diferentes. Esse pacote custará entre 20% e 40% menos que o tier mais baixo atualmente oferecido pela empresa.
Com isso, a Netflix informou aos investidores no seu release que deixará dar guidance para sua métrica mais acompanhada pelo mercado: a de usuários ativos.
Esse é um movimento interessante da empresa, e definitivamente está sendo feito no momento correto. Reforço: é comum isso acontecer quando uma empresa alcança uma escala muito grande.
Me lembrei imediatamente da Apple, que em 2019 parou de reportar a venda de unidades dos seus principais produtos, e passou a reportar apenas receitas. Os investidores não gostaram, mas obviamente superaram a perda (e a ação da Apple definitivamente não fez feio desde então).
No trimestre, a Netflix apresentou uma margem operacional de 19,3% e geração de caixa positiva.
Confira o vídeo com a análise de Richard Camargo:
Futuro de NFLX, no entanto, pode contar com instabilidade
Para o próximo trimestre, a Netflix espera que sua receita seja de US$ 7,8 bilhões, uma queda frente ao número divulgado hoje. O principal vilão é o câmbio; em moeda constante, esse número representaria um crescimento anual de 9%.
Na abertura de amanhã, se nada se alterar, as ações da empresa estarão oscilando num valor de mercado próximo a US$ 120 bilhões, o que implica um múltiplo preço sobre lucros de 25x para os próximos 12 meses.
Considerando o ritmo de crescimento baixo que a Netflix tem apresentado (e comunicado para os próximos meses), esse valuation parece embutir todo o prêmio merecido pela enorme marca e sucesso que a empresa construiu nos últimos, porém deixa pouco espaço para pensarmos em upsides relevantes.
Nas nossas carteiras internacionais da Empiricus, não temos uma exposição à Netflix. Preferimos ficar de fora aos preços atuais.
*Autor: Richard Carboni Camargo
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