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Rombo de R$ 20 bi na Americanas (AMER3) pode favorecer Magalu (MGLU3) e derrubar Ambev (ABEV3); veja por que shortear as ações da cervejaria

Para o estrategista-chefe da Empiricus, inconsistência contábil da Americanas ‘arrasta Ambev consigo’

Por Equipe Empiricus

12 jan 2023, 14:31 - atualizado em 12 jan 2023, 15:22

Lojas Americanas (AMER3) pode afetar ABEV3
Imagem: Reprodução

O rombo contábil de R$ 20 bilhões na Americanas (AMER3) agitou a Bolsa de Valores brasileira nesta quinta-feira (12). Uma das principais afetadas nessa história toda pode ser a Ambev (ABEV3), empresa controlada por acionistas históricos da Americanas.

Para o fundador e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, enquanto algumas ações devem sofrer junto com os papéis de AMER3, outras podem se beneficiar do ocorrido em um prazo maior de tempo.

É o caso de Mercado Livre (MELI34), Magazine Luiza (MGLU3) e Sequoia (SEQL3), que embora possam ser ‘castigadas’ junto com o setor de varejo em um primeiro momento, deixam de ter uma concorrente de peso.

“Lojas Americanas basicamente quebrou. Não vai ter como competir com essa turma”, afirmou Felipe Miranda. 

Por outro lado, ações como a Via Varejo (VIIA3) e Ambev (ABEV3) devem sofrer.

A última, controlada pelos empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas históricos da Americanas, deve ser fortemente impactada. 

A Empiricus Research já recomendava a posição short em ABEV3 antes mesmo do rombo contábil na Americanas vir à tona. Agora, a tese ganha ainda mais força. “Essa queda brutal de Americanas arrasta Ambev consigo”, destaca Felipe.

Por que a Empiricus está short em Ambev mesmo antes da crise de AMER3?

Apesar de considerarem a Ambev uma boa empresa e com operações mais resilientes que a média, os analistas da Empiricus Research enxergam o papel sofrendo com o comportamento mais arredio do consumidor brasileiro.

Em relatório recente, os analistas questionaram se os controladores da companhia “conseguirão retomar o passado glorioso de crescimento da companhia”.

Eles destacaram três pontos principais que podem ser uma pedra no sapato da Ambev no curto e médio prazo, prejudicando o crescimento e a rentabilidade da companhia.

1. Reforma tributária e eventual fim do JCP

O eventual avanço na pauta da reforma tributária pretendida por Lula deve trazer consequências indesejadas para a companhia. Dentre elas, o fim do Juros sobre Capital Próprio (JCP) e a tributação de dividendos. 

Se for o caso, a Ambev deve ser uma das principais prejudicadas. A companhia tem um benefício tributário equivalente a R$ 2 bilhões por ano desde 2014 por conta do alto volume de distribuição de JCP. Em 2023 é estimado que mais de 20% do lucro da companhia seja atribuído ao benefício.

O eventual fim do JCP, portanto, representaria importante retração de lucro para ABEV3.

2. Momento da indústria não favorece Ambev

As informações da produção de bebidas alcoólicas em outubro e novembro, divulgados pelo IBGE, foram desanimadoras. 

“A não ser que a companhia apresente uma performance bastante diferente da indústria nesses últimos meses, o que não tem sido o caso nos últimos trimestres, a expectativa para a produção e consumo de cerveja para a Ambev deve frustrar também”, apontaram os analistas.

Os dados mostram que, mesmo em um período como o da Copa do Mundo, a produção de bebidas alcoólicas ficou em um patamar mediano na medição desde 2014. Em novembro, a produção foi 1,4% acima na comparação anual e 2,3% inferior na comparação com 2019.

“Se expandirmos um pouco mais o horizonte temporal, fica claro que esse é um mercado que tem tido dificuldade de crescimento nos últimos anos”, escreveram os analistas.

Como mostra o gráfico, embora exista sazonalidade na produção e consumo por conta dos períodos de festividades, a produção média não cresce desde 2008.

Além disso, como o PIB per capita e o consumo de bebidas alcoólicas estão correlacionados, uma deterioração no já complicado cenário macro brasileiro deve impactar ainda mais o consumo de cerveja. 

3. Valuation excessivamente premiado

Os analistas veem os múltiplos da Ambev excessivamente premiados tendo em vista os pontos apresentados acima, como a baixa perspectiva de crescimento e os potenciais vetores contrários, como o fim do JCP.

“Coincidentemente ou não, através do documento CVM 358, onde conseguimos monitorar a movimentação das ações detidas pelos principais executivos da companhia, é possível verificar que os diretores têm vendido uma parcela de seus papéis nos últimos 5 meses seguidos”, revelam.

Pelos fatores apresentados, o short pode ser uma boa forma de proteção ao investidor e às posições em renda variável na B3. E, claro, com o rombo contábil da Americanas (AMER3) que já atinge os papéis da Ambev nesta quinta-feira, a recomendação de short da Empiricus Research começa a trazer resultados, ao menos em um primeiro momento.

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