
Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
A aprovação do mercado financeiro ao trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, caiu de 42% em dezembro de 2024 para 10% em março deste ano, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (19) pela Genial/Quaest.
Embora tenha críticas e ressalvas em relação ao trabalho de Haddad, Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, reconhece que o ministro tem buscado algum tipo de ajuste fiscal, mesmo diante de desafios dentro do governo.
“O ministro Haddad tem feito uma atuação de estadista, ou seja, ele tem lutado contra um governo que não abraçou o ajuste fiscal. Ele é funcionário do [presidente] Lula, então é difícil conseguir tocar uma agenda em separado”, explica Miranda.
Atuação de Haddad poderia ser melhor, mas é preciso reconhecer seu esforço, segundo Miranda
Para Miranda, é preciso reconhecer que o ministro Haddad e sua equipe técnica, em especial o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, têm buscado implementar medidas de ajuste fiscal.
No entanto, segundo o CIO da Empiricus, o erro está no foco das medidas fiscais adotadas pelo governo. Ele explica que Haddad provavelmente pensa em um estado um pouco maior, com um ajuste fiscal direcionado para o aumento da receita ao invés de controlar os gastos. Miranda ressalta que isso parece ser mais um direcionamento do presidente Lula do que do próprio Haddad.
“Eu preferia uma pessoa mais liberal liderando o ministério da Fazenda, com uma agenda de redução do tamanho do estado. Mas, acho que as pessoas precisam ter um pouco de cuidado porque se é ruim com Haddad, pode ser pior sem ele”, resume Miranda.
Pesquisa Genial/Quaest: Haddad mais fraco e com reprovação recorde
Realizada entre os dias 12 e 17 de março com 106 fundos de investimentos baseados em São Paulo e no Rio de Janeiro, a pesquisa Genial/Quaest revela um descontentamento recorde do mercado financeiro em relação à atuação do ministro da Fazenda desde o início do governo Lula 3.
Atualmente, 58% dos entrevistados avaliam negativamente a atuação de Haddad, contra 38% em março de 2023 e 12% em março de 2024. A pesquisa revela ainda que 85% dos analistas do mercado enxergam um Haddad mais fraco em comparação com o início do governo, o pior desempenho na série histórica.
Além disso, a pesquisa de março mostra que 88% dos participantes avaliam negativamente o governo Lula. Este número demonstra uma ligeira queda em relação aos 90% registrados em dezembro, período marcado pelo auge das preocupações com o equilíbrio fiscal brasileiro e a posse de Donald Trump como presidente dos EUA, fatores que pressionaram os preços dos ativos no Brasil.