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Rumor sobre cisão no grupo AZZAS 2154 (AZZA3) é ‘pânico desnecessário’ e fusão está ‘longe de ser um fracasso’, diz analista da Empiricus

Larissa Quaresma e Felipe Miranda comparam fusão da AZZA3 com outros exemplos no mundo corporativo brasileiro que de fato fracassaram

Por Bruna Vogel

21 mar 2025, 17:17 - atualizado em 21 mar 2025, 17:17

Grupo AZZAS 2154

Imagem: Divulgação B3

Recentemente, rumores de uma possível cisão do grupo AZZAS 2154 (AZZA3) ganharam força e trouxeram volatilidade às ações da companhia. Especula-se que divergências estratégicas entre Alexandre Birman e Roberto Jatahy, os principais acionistas do grupo, possam levar à separação.

Contudo, de acordo com Larissa Quaresma, analista de equity da Empiricus Research, a hipótese de separação da Arezzo e do Grupo Soma é remota: “Acho que essa é a última das últimas possibilidades. É muito cedo para tomarem uma decisão dessas, a operação foi concretizada há apenas seis meses”, afirma.

Cisão no grupo AZZAS 2154: cenário distante, apesar dos rumores

Quaresma destaca outro fator para a baixa probabilidade de uma separação entre Arezzo e Soma: o controle da FARM. Segundo ela, numa eventual cisão, Birman provavelmente não abriria mão da marca, uma das mais valiosas e rentáveis do Grupo Soma.

A analista também compara a fusão entre Arezzo e Soma com o caso da Natura e Avon, apontando que a tentativa da Natura de integrar a Avon se revelou um fracasso corporativo muito mais significativo. “A fusão [da Arezzo com o Soma] não tem sido tão prematuramente bem-sucedida quanto esperávamos, mas está longe de ser um fracasso. Acho que esses rumores têm um pouco de pânico desnecessário”, conclui.

Por outro lado, Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, adota um tom mais pragmático, destacando que a história do mercado é repleta de fusões que acabaram desfeitas. 

“Parece um negócio absurdo, mas erros acontecem. Cosan (CSAN3) comprou a Vale (VALE3), errou, vendeu. Stone com a Linx, Itaú com a XP. Comprou, não deu certo, vende. Não pode ficar insistindo no erro”, argumentou. Para Miranda, insistir em uma estratégia mal-sucedida pode ser mais prejudicial do que uma eventual cisão.

Posicionamento oficial do grupo e o que esperar para AZZA3

Em resposta às especulações, a Azzas 2154 divulgou um comunicado oficial negando qualquer negociação em andamento sobre compra de participação, cisão ou segregação de negócios. 

A empresa afirmou que Alexandre Birman e Roberto Jatahy “dialogam constantemente sobre aprimoramento na governança”, podendo resultar em “eventuais ajustes” no acordo de acionistas vigente, mas enfatizou que “não há qualquer negócio celebrado entre eles”.

Por fim, os analistas salientam que as ações AZZA3 estiveram entre os destaques de alta no início de 2025, em contraposição à queda logo após as publicações sobre uma possível cisão no grupo. Os analistas enfatizam que o valor da ação segue muito barato e que o ativo continua com indicação de compra pela Empiricus Research.

Sobre o autor

Bruna Vogel

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP e mestre em Estudos Latino Americanos e Caribenhos pela New York University/NYU, é redatora do site da Empiricus.