A RFB S.A. é uma companhia manufatureira, fundada na Bahia, famosa por seus produtos peculiares, sobretudo derivados de jabuticaba. É também a maior exportadora da América Latina.
Durante seus muitos anos de existência, toda sorte de loucuras e esculhambações foram feitas com a empresa, mas, por teimosia e obstinação de seu quadro de funcionários, ela persiste operando, meio capenga, mas operando.
Dos anos 60 até o fim dos anos 80, quando gerida por um grupo autoritário e inflexível, a companhia passou por um período conturbado, alternando períodos de bonança “milagrosa” e momentos de amargura e desespero.
Após algumas melhoras em suas políticas de controle e governança, o antigo diretor financeiro, o sr. Orlando Henrique Fragoso, caiu de paraquedas no comando da empresa.
Aos poucos, Orlando colocou a casa em ordem – adotou medidas austeras, mirando um desenvolvimento mais sustentável. Foram oito anos duros, muitos cortes e ajustes, mas, finalmente, a empresa parecia sair do buraco.
Claro que nem tudo foi perfeito.
Sua gestão foi muito criticada por negligenciar a manutenção da creche e por ter deixado a enfermaria desalentada por um longo período de tempo.
Isso abriu espaço para que o sr. Pluma da Silva, antigo funcionário e sindicalista da RFB, ganhasse força e, no início dos anos 2000, ele assumiu as rédeas da gigante da jabuticaba.
Em seus primeiros anos, Pluma seguiu a cartilha da austeridade exemplarmente e, com a chegada de novos clientes americanos e europeus, deu atenção especial à creche, ao bandeijão e à enfermaria da companhia.
Festa! O lindo futuro finalmente chegara.
Mas, quando os clientes ameaçaram cortar pedidos e antigos amigos sindicalistas foram pegos desviando suco de jabuticaba do refeitório da companhia, Pluma começou a se perder.
Em sua última cartada, lançou sua filha como sucessora. Vilma, economista formada na Unicamp, com idéias revolucionárias e uma visão peculiar de mundo, assumiu a gestão da companhia com a promessa de acabar com as regalias e endireitar de vez todos os processos que, por ventura, fossem falhos.
Vilma, surfando a onda de novos e maiores clientes chineses, comprou equipamentos cubanos para a enfermaria e ainda melhorou consideravelmente a cesta básica dos funcionários.
Mas Vilma não parou por aí. Aos poucos foi inchando os quadros da companhia, criando novas diretorias e gerências, todas ocupadas por antigos colegas de faculdade.
Juntos, desenvolveram uma nova matriz de produção: assumiu-se que os chineses aumentariam mais e mais seu apetite já monstruoso pelas iguarias da empresa.
O investimento em novas fábricas, marketing e desenvolvimento de produtos era sempre justificado com o futuro aumento de demanda e de receitas – o endividamento presente se pagaria com sobras em um futuro próximo.
O “contas a pagar” emitiu diversos alertas. A alavancagem da companhia atingiu proporções insustentáveis e, justamente no momento de maior fragilidade do balanço, o gigante chinês adormeceu.
Os pedidos minguaram.
The Dream is Over.
Pressionada, Vilma teve que contratar uma consultoria de Chicago, que já chegou com propostas de corte de gastos, demissão de funcionários, realocação de recursos e venda de algumas unidades, mas quase nada foi feito.
Os salários atrasavam e as contas se acumulavam.
Rapidamente, as previsões de fluxo de caixa se tornaram tão vermelhas quanto o terninho da presidente.
No meio tempo, descobriu-se que Vilma foi negligente com os recursos da empresa, permitindo que péssimas decisões fossem tomadas para fortalecer outros projetos paralelos de alguns diretores e seus familiares.
Um gerente muito suspeito, o sr. Lombardo Dunha, abriu pedido de destituição da CEO, que foi prontamente afastada.
Vilma, estarrecida, esbravejou!
Apelou aos vizinhos, amigos e ao grupo de teatro da faculdade. Claro que só fizeram coro seus colegas da Unicamp e o departamento de miçangas da companhia.
Claramente, o estatuto da empresa foi quebrado em diversas das decisões de Vilma, principalmente em uma operação de repasses de empréstimos entre subsidiárias.
Assumiu o, até então, braço direito de Vilma. Um ser nada carismático, que transitou pelos corredores da RFB em diversas de suas fases e que, apesar de não ser muito bem visto por ninguém, sempre teve influência nos diversos processos decisórios e estratégicos da companhia.
Miguel Lemer reformulou o departamento financeiro por completo e lançou um plano agressivo de austeridade, com cortes de funcionários, vendas de unidades, limitação das despesas e até propôs uma revisão do plano de aposentadoria já, há muito, deficitário.
O plano não fugia muito do que já havia sido proposto pelo especialista de Chicago e bancado pela própria Vilma, agora praticamente esquecida. Mesmo assim, a turma da Unicamp chiou novamente e tentou travar quaisquer mudanças.
O sindicato estacionou o ônibus e sacou seus megafones: “Miguel está de conchavo com o gerente do banco! Vão acabar com a creche! Vai faltar carne no bandeijão”. Na visão dos sindicalistas, melhor seria simplesmente dar o calote na dívida contraída por Vilma e seus asseclas…
Como a realidade sempre acaba vencendo a fantasia, nesta semana, a RFB soltou um fato relevante.
Com a nova proposta financeira em mãos e projeção de fluxo de caixa que prevê números positivos em um futuro não muito distante, a companhia sentou-se para negociar com seus credores – os juros foram reduzidos drasticamente e, caso tudo corra bem, novas reduções devem ocorrer nos próximos meses.
Os recursos economizados permitem que, muito em breve, a companhia pague todos os salários atrasados e ainda seja capaz de construir um hospital.
Se a alegoria não ficou clara, explico: nos últimos meses, a despeito do tom apocalíptico dos contrários à PEC e do beicinho dos mimados da “bancada da chupeta”, o Brasil aponta para um novo caminho.
O compromisso de responsabilidade e equilíbrio fiscal já permitiu a redução da Selic em 125 bps. Se considerarmos somente os títulos indexados à Selic, a economia anual com pagamento de juros seria próxima a 10 bilhões de reais.
Com essa redução, se assumirmos que toda a dívida, no longuíssimo prazo, pode ser rolada a custos menores, a economia pode chegar a mais de 35 bilhões de reais ao ano – mais do que o orçamento do Bolsa Família.
E, se as previsões se confirmarem e, de fato, a Selic encerrar o ano abaixo de 10 por cento, a economia anual pode ultrapassar a marca de 100 bilhões de reais! Sabe quanto chocolate dá para comprar com essa grana toda!?
E há por aí quem diga que a PEC era só mais um plano para aumentar a riqueza dos rentistas!
Eu, sinceramente, não tenho nenhuma simpatia por Michel Temer – e posso falar isso sem nunca ter nele votado, diferentemente de muita gente que está reclamando por aí. Mas, o fato é que a PEC do Teto tem potencial para levar o Brasil para outro nível.
E, por favor, não venham falar que isso era óbvio, que todo mundo sabia que os juros iam cair e que não sei quantos economistas previam esse resultado.
É muito fácil pagar de espertão depois que o PU das LTNs porrou e que a bolsa vai batendo nos 65 mil pontos.
Enquanto os “especialistas” tentavam acertar a decisão do Copom, Felipe falava em um “Novo Brasil”, Marília te mandava comprar LTNs e Luciana escrevia o epitáfio de seu fundo DI.
Quem tem consistentemente te falado para expandir suas opções de investimento? Quem te incentivou a se informar sobre novas classes de ativos? Aposto que o gerente de seu banco é que não foi!
Sem o conforto de um CDI estratosférico, como planejar seu futuro e garantir sua aposentadoria?
Investir em bolsa, certamente, é uma boa, mas em quais ações?
Apesar da PEC, a economia ainda patina. Há uma legião de desempregados, e os empresários têm medo de investir.
Mas, nem por isso, vamos deixar esse bonde passar.
Por que não bater um papo com Bruce, Max e Sérgio, nossos especialistas em ações que, certamente, têm boas ideias para te apresentar?
Cá entre nós, seria loucura tentar desbravar esse novo país sozinho.