Investimentos

S01E18 – Alone in The Dark

Nosso analista com cara de mau fala sobre boas empresas e te fala um pouco da fórmula alemã para ganhar dinheiro na bolsa.

Por Alexandre Mastrocinque

26 fev 2017, 10:46

Reza a lenda que um gamer japonês deixou seu Super Nintendo ligado por mais de 20 anos para não perder o save de Umihara Kawase de 1994.

Antes dessa modernidade toda, os cartuchos tinham uma bateria de lítio e, para eternizar as glórias conquistadas com muito suor e tendinite, ele simplesmente deixou o videogame ligado o tempo todo.

Em nenhum momento nos 20 anos, a energia caiu.

Fãs de Seinfeld devem ter alguma lembrança do clássico episódio quando George compra a máquina de Frogger para que seu recorde, alcançado na adolescência, se mantenha para todo o sempre.

George teve menos sorte que o nerd nipônico – a máquina de fliper foi completamente destruída por um caminhão (uma das melhores cenas de toda a série), mas duas coisas me chamam a atenção nessas histórias.

A primeira é que japoneses e George Constanza são pessoas peculiares que merecem ser estudadas mais a fundo.

A segunda é mais pragmática.

Em países desenvolvidos, a luz não acaba.

Aqui, eu tive que desistir de acertar a hora do meu microondas porque toda vez que chego em casa está lá aquele “00:00” piscando e me avisando que, mais uma vez, caiu a luz.

Isso sem contar quando a energia não acaba de vez.

Desde dezembro, fiquei no escuro umas quatro vezes (que eu me lembre). Em uma delas, ultrapassamos a impressionante marca de 12 horas – tenho ciência que meu caso está longe de ser o mais dramático.

Tudo bem, tem bastante tempestade em São Paulo e a poda das árvores é, certamente, abaixo do desejável, mas é inacreditável a baixa qualidade do serviço da Eletropaulo – ou seria melhor deixar do jeito que está e mudar o nome para Eletropau.

Não estamos falando de um terremoto, um tufão ou um atentado terrorista. TODO ano chove pra cacete no verão e já temos tecnologia suficiente pra saber com algumas horas de antecedência quando vem a próxima tormenta.

Dá para planejar e se preparar melhor, não?!

Precisa aumentar a equipe, reduzir os tempos de chamada e, pelo menos, informar com maior eficiência sobre a previsão de retomada do serviço.

“Previsão de atendimento em 03:13h” – olha a arrogância: os caras ainda informam horas e minutos. Com exatidão! O desvio padrão deve ser de mais ou menos 2 décadas!

Se eu fosse o responsável pelas operações da Eletropaulo, teria vergonha de assumir em público.

– O que você faz?

– Sou diretor de uma empreiteira.

Causaria menos constrangimento.

Sério, qual a chance de se investir em uma empresa que presta um serviço desses?

Não dá para comprar ações de quem te deixa no escuro.

Outro bom exemplo é a AmBev.

A cervejaria é uma das queridinhas do mercado porque, do ponto de vista financeiro, é uma p*%@ empresa, com entrega consistente de resultados, crescimento, redução de custos e tudo mais.

Mas, quando olho para os produtos, começo a ficar meio cabreiro.

Há quanto tempo a Skol já não desce, assim, tão redondo?

É um tal de aguar e colocar “cereais não maltados” (vulgo milho) na cerveja que toda vez que anunciam a aquisição de alguma cervejaria artesanal, já vem aquele “ihhh, agora vão estragar a Colorado”.

Estão falando por aí que mudaram a postura, agora cuidam mais das marcas adquiridas, mas não sei se acredito muito nisso, não.

Não à toa, foi só sair a notícia de que a 3G fez uma proposta pela Unilever para começarem as piadinhas de “vão colocar milho no OMO” ou “lá vai o Lemann aguar o Comfort”.

Na boa, ter essa reputação não pode ser bom para o longo prazo.

Sério, os caras estragaram até a maionese Heinz, que era ótima!

Cada um tem seu método, tem gente que acha que ação é só um monte de luz verde e vermelha piscando na tela.

Eu penso diferente.

Ação é a representação de uma empresa e boas empresas fazem bons produtos!

Claro que dá para explorar algumas oportunidades de curto prazo e até as piores ações podem te dar alguma alegria no curto prazo.

Mas, pensando em longo prazo, construção de patrimônio, acho loucura investir em algo que não gosto ou não acredito.

Pode até ser uma visão romântica, mas é a minha visão, é o meu método.

Já o Max desenvolveu a Fórmula Bohm.

Pragmático e com qualidade.

Coisa de alemão, mesmo povo que criou a BMW, Adidas e, claro, um monte de cerveja boa!

Ele utiliza conceitos fundamentalistas para capturar as melhores oportunidades de empresas boas, com fundamentos sólidos e perfil vencedor.

Quem segue o menino, está ganhando um monte de dinheiro!!!

Diferentemente de algumas empresas por aí, ele jamais te deixaria sozinho no escuro, ou, pior, jamais te daria uma cerveja aguada e com milho!

Enquanto você está se preparando para cair na folia, tem gente garantindo o Carnaval, a Páscoa, o Natal e o Ano Novo!

Você TEM que dar uma olhada!

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Formado em Economia pela FEA-USP e Contabilidade pela PUC-SP, atua no mercado financeiro há mais de dez anos. Ávido por análises e discussões, sejam sobre futebol, política, ou o mercado de capitais, segue sempre estudando e caçando o valor escondido dos ativos.