Investimentos

Santander (SANB11) no 3T23: melhoria gradual na inadimplência não é suficiente para entregar bom resultado operacional

Veja por que o banco ainda precisa de uma melhora mais intensa na margem com o mercado e na inadimplência para talvez voltar a um ROE de 20%.

Por Larissa Quaresma, CFA

25 out 2023, 13:16 - atualizado em 25 out 2023, 13:19

resultado trimestral Santander (SANB11)
Imagem: Divulgação

Nesta quarta-feira (25), antes da abertura do mercado, o Santander Brasil (SANB11) divulgou seus números do 3T23.

De forma similar aos trimestres anteriores, o lucro antes dos impostos ficou abaixo da expectativa; mas a linha final foi ajudada por impostos mais baixos, fazendo com que o lucro líquido ajustado superasse o consenso: R$ 2,7 bilhões, com ROE de 13,1%. Houve melhoria gradual na inadimplência, pela primeira vez em vários trimestres, mas não o suficiente para entregar um bom resultado operacional.

Ampliação da carteira de crédito

A carteira de crédito ampliada cresceu 2% na comparação trimestral e 8% na anual, excluindo o Banco PSA, que a companhia vendeu em agosto. Os destaques foram as linhas de PMEs (+3% trimestralmente), títulos privados (+3%) e avais/fianças (+6%). A companhia afirmou que a retomada do crescimento em PMEs é intencional e faz parte da estratégia de dobrar essa linha de negócio no médio prazo.

O spread médio das operações de crédito ficou em 9,7%, uma queda de 0,2 p.p. na visão trimestral. Isso se deve à carteira de crédito mais conservadora e o foco nas linhas com garantia. Com isso, apesar do crescimento do volume da carteira de crédito, a margem com clientes (receita de juros menos o custo de captação) caiu 1% sequencialmente, para R$ 14,2 bilhões.

Alívio na inadimplência do Santander

A inadimplência, por sua vez, foi o destaque positivo do resultado: o índice de atrasos de mais de 90 dias caiu 0,3 p.p., para 3,0% da carteira de crédito.

A melhoria foi puxada pelas linhas de pessoa física, ao mesmo tempo em que as linhas a empresas permaneceram comportadas. Aqui, a política de crédito mais conservadora, que tem machucado os spreads há alguns trimestres, finalmente começa a se refletir em uma queda de inadimplência – também, em linha com as tendências do sistema financeiro nacional, que de forma agregada tem tido uma queda na inadimplência de pessoa física.

Já a margem com o mercado, que reflete as operações de tesouraria, foi fraca, mais uma vez: prejuízo de R$ 827 milhões, bem em linha com o resultado do tri anterior. A melhoria gradual na margem com o mercado, que a companhia vinha sinalizando, acabou não acontecendo.

A vertical de serviços performou bem, com crescimento de 7% na visão trimestral, e de 3% no acumulado do ano. Na visão anual, os destaques foram as receitas de consórcio, conta corrente e operações de crédito.

Por fim, as despesas gerais subiram 1% trimestralmente e 8% no acumulado do ano, em razão do acordo coletivo e o aumento do quadro de funcionários, principalmente nas áreas de tecnologia e assessoria de investimentos. 

Com isso, o lucro antes dos impostos foi de R$ 2,7 bilhões, melhoria trimestral de 33%, mas ainda 21% abaixo do mesmo período do ano passado. A linha de imposto corporativo foi quase zerada, o que levou a linha final para também R$ 2,7 bilhões, com ROE de 13,1%. Caso a alíquota de imposto estivesse normalizada (em torno de 34%), estimamos que o ROE teria sido de 8%. 

Do nosso lado, reconhecemos a melhora gradual no resultado, mas ainda precisamos ver uma melhora mais intensa na margem com o mercado e na inadimplência para enxergar o Santander voltando aos seus tempos de ROE perto de 20%. Seguimos com a visão neutra para Santander (SANB11), que negocia a 7x seu lucro estimado para 2024.

Em vez de Santander, no setor financeiro, preferimos outro banco, que inclusive se destaca na distribuição de dividendos. Saiba por que gostamos da ação neste vídeo gratuito.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.