Nesta quarta-feira (26), antes da abertura do mercado, o Santander (SANB11) divulgou seus números do 2T23, que vieram ligeiramente abaixo do esperado. O já tímido lucro líquido gerencial, de R$ 2,3 bilhões (ROE de 11,2%), veio mais uma vez com uma série de ajustes, poluindo o número. Precisamos reconhecer, contudo, que há uma melhora em relação à linha final do trimestre anterior.
Carteira de crédito
A carteira de crédito ampliada cresceu 11% na comparação anual, e 2% na trimestral, graças à expansão dos títulos privados, que inclui CRIs, CRAs e debêntures.
No geral, a companhia segue com a originação focada em linhas mais conservadoras, como imobiliário e consignado, o que continua pressionando o spread médio, que recuou em 0,2 p.p., para 9,9% ao ano. Com isso, a margem de produtos (receita de juros menos o custo de captação) cresceu 1% trimestralmente, abaixo da expansão da carteira de crédito.
Já a margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, foi novamente negativa, mas em R$ 843 milhões, prejuízo menor que o do tri anterior. Os executivos reiteraram que isso se deve à sensibilidade negativa dessa linha à curva de juros, e que podemos esperar a continuidade da melhora ao longo do ano.
A inadimplência, por sua vez, continua a subir, mas de forma mais branda. O índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias ficou em 3,3%, aumento anual de 0,4 ponto porcentual. A deterioração ainda reflete as safras de crédito antigas, originadas ao longo de 2020-2021. As novas safras, de perfil mais conservador, já representam 60% da carteira de crédito, e deveriam começar a fazer alguma diferença no todo ao longo dos próximos trimestres, na nossa opinião. Levando isso em consideração, a companhia decidiu fazer um provisionamento menor para as perdas, levando a despesa de inadimplência para R$ 6,0 bilhões, com queda sequencial de 30 p.p. no índice de cobertura (relação entre provisões e atrasos efetivos).
Linha de serviços
A receita de serviços do Santander cresceu 2% trimestralmente, para R$ 4,8 bilhões, beneficiada pela volta das emissões de mercado de capitais. No acumulado do ano, a linha ficou estável contra o primeiro semestre de 2022, com o efeito positivo da reprecificação das tarifas de conta corrente compensado pela queda em cartões e seguros.
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Despesas
Na linha de despesas administrativas e de pessoal, houve perda de eficiência, com os gastos representando 23% da receita total, 2 p.p. a mais que no tri anterior. Isso se deve à menor geração de receitas, além dos investimentos em tecnologia.
Lucro líquido ajustado
Com isso, o lucro líquido ajustado ficou em R$ 2,3 bilhões, alta trimestral de 8%, mas com queda de 45% no acumulado do ano, e ROE de 11,2%. Os ajustes no lucro foram os seguintes: retirada do ganho de R$ 1,1 bilhão com a venda de 40% da Webmotors, retirada da reversão positiva de inadimplência de R$ 1,5 bilhão, e retirada da despesa de R$ 2,7 bilhões proveniente da decisão desfavorável do STF envolvendo a cobrança de PIS/Cofins entre 1998 e 2014.
Se mantivéssemos somente os ajustes da Webmotors e da reversão de provisão de inadimplência, o banco teria tido um prejuízo de R$ 300 milhões, um resultado ainda bem ruim, embora melhor que o do trimestre anterior.
SANB11: o que a Empiricus Research recomenda
Do nosso ponto de vista, é possível enxergar uma melhora sequencial nos números do Santander, que, apesar disso, ainda segue em um momento operacional delicado: os spreads já caem como consequência da concessão conservadora; enquanto a inadimplência ainda não reagiu às safras novas, mais sadias. Por isso, apesar do valuation descontado, mantemos uma recomendação neutra para Santander Brasil (SANB11).