
Se há apenas quatro meses, em dezembro de 2024, alguém dissesse que o Ibovespa subiria mais de 10% nos três primeiros meses de 2025, poucos acreditariam. Afinal, o cenário naquele período não sustentava tal afirmação.
Mas essa é exatamente a realidade: o principal índice de ações brasileiro sobe dois dígitos no acumulado do ano até aqui e bate, com folga, investimentos vencedores em 2024, como o S&P 500 (-1,6%), a Nasdaq (-5,2%) e o Bitcoin (-5,8%).
Para entender melhor essa mudança na dinâmica, organizamos três tópicos que explicam o que tem impulsionado o Ibovespa no primeiro trimestre de 2025. Confira:
1- Mudança no fluxo global de investimentos tem impulsionado o Ibovespa
Em primeiro lugar, não dá para explicar os motivos pelos quais a bolsa brasileira vai bem sem citar quem está indo mal: a bolsa norte-americana – principalmente, as empresas de tecnologia.
O CIO e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, destaca que a narrativa ao longo de 2024 se apoiava na ideia do “AIAI”, ou seja, “all in artificial intelligence”, com as empresas de tecnologia dos Estados Unidos “drenando a liquidez global” – mas agora o cenário mudou.
“Talvez o acrônimo ‘BIG’ seja a melhor descrição sintética sobre o comportamento dos mercados e dos fluxos de capital neste primeiro trimestre de 2025. A narrativa agora apontaria a necessidade de se comprar ‘bonds’ [títulos de dívida], ‘international’ [sob uma perspectiva dos EUA; ou seja, se antes a IA norte-americana retirava recursos do mundo, agora passou a alimentá-lo] e ‘gold’ [ouro]”, afirmou Miranda.
Segundo o estrategista-chefe, a correção nas ações de tecnologia vieram a partir da rotação setorial despertada com a ideia do pico do excepcionalismo americano, questionamentos sobre os valuations esticados das ações, a posição técnica ruim, além do evento DeepSeek, que colocou a China no páreo da corrida pela inteligência artificial.
Adicionalmente, “o dólar perdeu força contra as principais moedas depois de um rali inicial com a eleição de Donald Trump, e as criptomoedas voltaram a se comportar como um ativo de risco de alta correlação com a Nasdaq, abandonando um comportamento recente mais parecido com uma espécie de ouro digital”, destacou Felipe Miranda.
No outro lado do mundo, a China surpreendeu com o lançamento de modelos avançados de IA, e o governo tem anunciado medidas para fomentar a economia. As ações de gigantes chinesas como Alibaba e BYD passaram a flertar com novos recordes.
“A melhora chinesa combinada à ideia do pico do excepcionalismo americano desperta um desempenho mais positivo de mercados emergentes como um todo. Três meses é tempo bastante curto para caracterizarmos uma tendência mais estrutural, mas crescem as adesões à tese de que, depois de um longo ciclo ruim, os emergentes poderiam resgatar um período mais auspicioso, mais semelhante à década entre 2000 e 2010 do que ao intervalo de 2011 até agora”, escreveu Miranda.
O resumo acima sobre o que tem acontecido com os mercados globais (confira o relatório completo com mais detalhes na série Palavra do Estrategista) explica o que, de acordo com o analista, é a principal força por trás da performance dos ativos brasileiros: o fluxo em direção aos mercados emergentes.
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2- A possibilidade de mudança do ciclo de economia política
O segundo pilar refere-se a uma possível mudança no ciclo eleitoral, com a crescente possibilidade da eleição de um presidente “pró-mercado” em 2026.
Essa percepção tem aumentado à medida em que o presidente Lula tem perdido popularidade com o eleitorado, segundo pesquisas recentes.
“Ainda que a oposição não venha a, de fato, ganhar a eleição, somente a probabilidade de mudança terá de ser incorporada aos preços correntes”, explica o estrategista-chefe da Empiricus.
Felipe Miranda lembra que o principal índice de ações da Argentina começou a subir cerca de 14 meses antes da eleição de Milei. Por aqui, o mesmo efeito pode estar ocorrendo com as ações locais.
3- Selic próxima do pico?
A terceira razão para a alta do Ibovespa vem do “novo apreçamento para a evolução da taxa Selic”, segundo Miranda.
Depois de algum tempo, o Relatório Focus mostrou, por duas semanas consecutivas, redução nas expectativas de inflação para 2025. Além disso, dados econômicos dão sinais de uma desaceleração da atividade econômica no Brasil.
“Economistas mais pessimistas, que viam o juro básico indo para 17%, agora são mais comedidos. Há raras exceções com projeção acima de 15,5% para o juro básico. O Itaú acaba de revisar sua estimativa de 15,75% para 15,25%. Pesquisa da XP aponta redução das expectativas de gestores de fundos para a Selic. O consenso se divide entre uma Selic terminal de 14,75% e 15,25%. Talvez ainda mais interessante: inicia-se um debate de corte do juro básico ao final deste ano”, enfatiza o CIO da Empiricus.
Não é novidade que uma taxa Selic menor é favorável para a bolsa de valores em diversas frentes: a renda fixa se torna menos atrativa, o custo das dívidas das empresas diminui e a economia tende a se aquecer.
A alta do Ibovespa deve continuar?
Antes de mais nada, é importante lembrar que no mercado é impossível cravar movimentos de curto prazo. O início de ano positivo, após o pessimismo que dominava os investidores em dezembro, é uma prova disso.
No entanto, é possível afirmar que as ações da bolsa brasileira ainda estão em preços atrativos, na opinião do estrategista-chefe da Empiricus.
Além disso, apesar de estar perto da máxima histórica nominal, o Ibovespa está cerca de 53% abaixo da sua máxima histórica em dólar, registrada em 19 de maio de 2008.
E, na visão de Miranda, os sinais são auspiciosos. “Poderemos ter uma convergência com poucos precedentes na história: uma mudança de paradigma global em prol dos emergentes, uma alteração do ciclo de economia política local em favor de diretrizes pró-mercado e um ciclo de queda da taxa básica de juros”.
Como investir neste cenário?
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