Ontem (2), após o fechamento do mercado, a SBF (SBFG3) divulgou seu resultado referente ao 4T22. Os números vieram marginalmente acima das nossas expectativas, que eram mais conservadoras que o consenso do mercado.
Em linhas gerais, a performance positiva da Fisia, distribuidora da Nike no Brasil, foi responsável por compensar os números ruins de Centauro, consolidando um resultado equilibrado para o Grupo.
Receita líquida da Nike cresce 30% na comparação anual
A receita líquida da Nike totalizou R$ 969 milhões no trimestre (+30% vs 4T21), com forte performance do canal digital (GMV +77% vs 4T21), que foi impulsionado principalmente pelas vendas de Copa de Mundo, Black Friday e retomada do faturamento das vendas após a conclusão da migração sistêmica.
Por outro lado, as vendas líquidas de Centauro avançaram tímidos 8,5% na comparação anual, com vendas nas mesmas lojas crescendo apenas 4,6% e GMV 14%.
O desempenho foi justificado por um mercado mais competitivo, cenário macro mais desafiador e canibalização de produtos de outras categorias pelos da Copa.
A receita líquida consolidada do Grupo atingiu R$ 2 bilhões, 18% superior ao registrado no 4T21.
A estratégia de aumentar a participação das vendas da Nike no canal DTC (vendas diretas ao consumidor) mostrou bons resultados.
A margem bruta de Fisia ganhou 6 pontos percentuais na comparação anual, alcançando 43%. Já em Centauro, a margem contraiu 3 pontos percentuais para 47%, impactada pelo maior promocionamento no período e o fim do benefício do DIFAL. Assim, a margem consolidada do Grupo no 4T22 foi de 48%, marginalmente acima na comparação anual (+0,6 p.p).
Lucro líquido tem queda de 52%
As despesas operacionais no trimestre representaram 36% da receita líquida, crescimento de 5 pontos percentuais em relação ao 4T21.
Os principais impactos foram causados pelo aumento nas despesas com marketing, logística e pessoal, além do crescimento da participação do canal DTC, que possui melhor margem bruta, mas despesas maiores que o canal de atacado.
Assim, o Ebitda ajustado consolidado atingiu R$ 227 milhões, -16% inferior na comparação anual, com margem de 11,4% (-4,7 p.p vs 4T21).
Na linha final do resultado, impactado pelo Ebitda menor e resultado financeiro ainda negativo (153% pior vs 4T21), a SBF reportou um lucro líquido de R$ 57 milhões, queda de -52% na comparação anual, excluindo impacto não recorrente ocorrido no 4T21 (+186 milhões).
Pensando no longo prazo, SBFG3 segue como recomendação da Empiricus
Enxergamos a discrepância entre o resultado das duas operações nesse trimestre como um exemplo claro de como marcas fortes — como a Nike — devem continuar se sobressaindo neste momento mais desafiador para o varejo de moda.
Apesar do forte sell off das ações no ano (-36%), vemos com ceticismo uma reação mais forte de SBFG3 no curto prazo, principalmente em função baixo apetite dos investidores por risco e diretrizes mais conservadoras da companhia para esse ano, que deve ser focado na recuperação de margens.
Em um horizonte mais longo, enxergamos plena capacidade para a companhia alcançar níveis crescentes de participação de mercado no fragmentado varejo esportivo.
Negociando a atrativas 7 vezes seus lucros para o ano (-76% vs média dos últimos 2 anos), o Grupo SBF (SBFG3) segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research.