Na mais recente edição do podcast Touros e Ursos, do Seu Dinheiro (portal do Grupo Empiricus), os jornalistas Julia Wiltgen e Vinicius Pinheiro recebem o especialista em fundos de investimento Bruno Mérola, da Empiricus Research.
Ao longo do episódio, Mérola trouxe insights sobre o cenário econômico brasileiro e as turbulências enfrentadas pela indústria de fundos multimercados. O episódio também destacou os “Touros e Ursos” da semana, indo da alta dos juros no Brasil até o chip quântico do Google. Confira os principais pontos discutidos e mergulhe nos temas que agitaram a Faria Lima.
Confira abaixo os principais pontos discutidos no encontro.
Lula versus o mercado financeiro: uma relação em xeque
O episódio começou abordando a deterioração do relacionamento entre o governo e o mercado financeiro, intensificada após o anúncio do pacote fiscal no fim de novembro.
Mérola explicou que, embora os gestores estejam mais pessimistas, o cenário não é necessariamente político: “A maioria dos gestores acredita que a piora está relacionada a expectativas fiscais futuras e não a preferências políticas“.
Apesar das críticas, o analista destaca que o mercado não se posiciona de forma estritamente política: “Se fosse só uma questão de ‘não gosto do Lula’, os gestores não teriam apostado em bolsa no início do ano”.
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O mau momento dos fundos multimercados
A indústria de fundos multimercados enfrenta resgates expressivos e retornos abaixo do esperado. Em 2024, os resgates somaram cerca de R$ 300 bilhões.
Mérola atribuiu a crise a uma “tempestade perfeita” de mudanças regulatórias, desempenho ruim e juros altos: “O investidor médio está frustrado. Muitos preferem migrar para títulos isentos de imposto de renda ou outras opções de renda fixa mais previsíveis.”
Além disso, ele explicou que os fundos exclusivos e de previdência foram impactados por tributações e restrições, o que retirou boa parte do capital da indústria.
Sobre o futuro, Mérola foi cauteloso: “Eu sou cético quanto à recuperação rápida dos multimercados. Ela só virá após um longo período de bom desempenho consistente”.
Os efeitos da alta da Selic e os Touros e Ursos da semana
A recente elevação da Selic para 12,25% ao ano, com projeções de chegar a 14,25% em 2025, também marcou o episódio.
Mérola comentou que a decisão do Banco Central foi “um mal necessário” para conter os desequilíbrios fiscais, mas ainda há dúvidas se será suficiente para lidar com os desafios fiscais.
Na tradicional sessão “Touros e Ursos” da semana, o especialista destacou quem brilhou e quem ficou devendo:
- Urso da semana (negativo): Os fundos de crédito high grade, que sofrem com spreads baixos e potencial frustração dos investidores.
- Touro da semana (positivo): A previdência privada, que oferece vantagens tributárias e consistência no longo prazo.
Júlia escolheu o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, como o urso da semana que não se mostrou calmo mesmo após o aumento da Selic. Já Vinicius escolheu o Google como seu touro da semana, especialmente pelo anúncio do novo chip quântico, capaz de resolver cálculos inimagináveis.
No encerramento do episódio, uma homenagem ao escritor Dalton Trevisan, falecido aos 99 anos. Pinheiro relembrou o “vampiro de Curitiba” como “um mestre que combinava erudição com sacadas únicas”.
Assista à íntegra da conversa clicando no link abaixo e acompanhe todos os episódios do Touros e Ursos, um guia essencial para navegar no complexo universo financeiro.