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Investimentos

Semana tem índice de preços ao consumidor nos EUA, evento mais crucial do momento

Esse interesse intensificado dos investidores surge à medida que buscam orientação em relação às taxas de juros

Por Matheus Spiess

13 nov 2023, 08:56 - atualizado em 13 nov 2023, 08:58

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Investidores estão concentrados no exterior para monitorar o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, considerado talvez o evento mais crucial desta semana. Esse interesse intensificado surge à medida que o mercado busca orientação em relação às taxas de juros, especialmente após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar em uma conferência do Fundo Monetário Internacional que o Fed não hesitará em ajustar a política monetária caso os dados respaldem tal ação. Embora as previsões do mercado apontem para uma probabilidade inferior a 20% de um aumento nas taxas em dezembro, um relatório de inflação mais robusto do que o esperado pode redefinir as expectativas.

A reunião programada para o meio da semana entre o presidente Biden e o líder chinês, Xi Jinping, também será objeto de atenção minuciosa por parte dos investidores. As ações asiáticas registraram queda nesta segunda-feira (13), contrariando a tendência de alta observada na sexta-feira em Wall Street. Nos próximos dias, é crucial acompanhar o drama político em torno do possível shutdown nos Estados Unidos, especialmente após a Moody’s rebaixar a perspectiva de classificação do governo norte-americano de estável para negativa, devido a riscos fiscais — um impacto que se refletirá plenamente no mercado ao longo desta semana. No cenário doméstico, há definições em Brasília, a temporada de resultados e dados adicionais de atividade a serem considerados.

A ver…

· 00:53 — Vai ou racha

No Brasil, chegamos à fase final da temporada de divulgação de resultados empresariais. Enquanto examinamos os indicadores financeiros das empresas, também é crucial monitorar os dados de atividade, incluindo o IBC-Br (indicador considerado uma proxy do PIB) e o volume de serviços, que influenciarão a dinâmica da semana. Vale ressaltar que esta semana será mais curta devido ao feriado de Proclamação da República, resultando na ausência de pregão na quarta-feira. No retorno das atividades, na quinta-feira, estaremos atentos à evolução da meta fiscal brasileira, que pode ser ajustada para um déficit de 0,5% em 2024. Algumas fontes indicam até duas propostas mais desfavoráveis: um déficit de 0,75% ou de 1% do PIB para o mesmo ano.

É importante reconhecer que não é apenas a meta em si que merece atenção, mas sim o plano estratégico para controlar e direcionar esse déficit, visando sua convergência para superávit nos anos subsequentes. A resolução dessa controvérsia está prevista até o dia 16 de novembro, um dia antes do prazo para decidir sobre o possível shutdown nos Estados Unidos. A manutenção da meta representaria uma vitória para Haddad e sua equipe econômica, enquanto qualquer alteração consagraria Rui Costa, da Casa Civil, como vencedor dessa disputa. Esses embates são prejudiciais para a estabilidade das expectativas e podem exercer pressão adicional sobre o Banco Central local, que já alertou sobre os riscos relacionados a revisões fiscais.

· 01:48 — Perspectiva negativa

Nos Estados Unidos, as ações subiram na sexta-feira (10), sem conseguir repercutir a notícia que surgiu após o fechamento do mercado: a Moody’s alterou a perspectiva do rating “Aaa” dos EUA de estável para negativa. Segundo a agência de classificação de risco, essa mudança decorre de riscos fiscais que podem não ser compensados pelo perfil de crédito americano. Essa decisão ocorre em uma semana crucial, com os congressistas americanos prestes a deliberar sobre a possibilidade de um novo shutdown a partir do dia 17.

No cenário de taxas de juros mais elevadas, sem medidas eficazes de política fiscal para reduzir as despesas públicas ou aumentar as receitas, os déficits fiscais dos EUA tendem a permanecer muito elevados, enfraquecendo consideravelmente o perfil da dívida. A contínua polarização política no Congresso dos EUA aumenta o risco de sucessivos governos não chegarem a um consenso sobre um plano fiscal para conter o declínio da acessibilidade da dívida.

Além disso, é crucial monitorar os dados de inflação programados para amanhã, que devem indicar um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior. Na quarta-feira, teremos também o índice de preços ao produtor. Um número acima do esperado pode exercer pressão sobre os ativos de risco, repetindo o padrão observado entre agosto e outubro. Por outro lado, resultados abaixo das expectativas podem desencadear uma alta ao longo da semana.

· 02:43 — Um aninho de vida

O ChatGPT fez sua estreia há um ano, em novembro de 2022. Alimentado por um extenso modelo de linguagem treinado com dados da Internet, este chatbot tem a capacidade de gerar texto que imita de forma surpreendente a linguagem humana. No entanto, sua vantagem reside na vastidão de informações à sua disposição, superando as limitações de uma pessoa real. Os mais otimistas vislumbram que o ChatGPT e seus crescentes concorrentes no universo de chatbots transformarão profundamente o trabalho, as comunicações, as artes criativas e praticamente todas as outras disciplinas.

A IA generativa, abrangendo a categoria tecnológica à qual o ChatGPT pertence, está projetada para adicionar até US$ 4,4 trilhões em valor à economia global anualmente, graças aos incrementos de produtividade. Contudo, desde o lançamento do ChatGPT no ano passado, governos de diversas nações têm buscado estabelecer barreiras de proteção em resposta ao rápido avanço dessa tecnologia. As principais potências mundiais, incluindo os EUA, a União Europeia e a China, expressaram sérias preocupações, alertando para os potenciais danos “catastróficos” que a IA poderia causar aos seres humanos se não fosse devidamente controlada.

· 03:29 — Estrangulamento logístico

Um dos principais operadores portuários globais tornou-se a mais recente vítima de uma série de ataques cibernéticos devastadores e de alto perfil ao redor do mundo neste ano. A DP World está atualmente em processo de recuperação gradual de suas operações portuárias na Austrália, após ciberataques que resultaram em um fechamento em larga escala e provocaram reuniões de crise governamentais no último fim de semana. O incidente resultou na retenção de dezenas de milhares de contêineres, criando preocupações sobre possíveis atrasos durante a temporada festiva de fim de ano, com expectativas de interrupções persistentes por mais alguns dias.

Os ataques de ransomware estão em ascensão, apresentando novos desafios para empresas e entidades em um momento em que a maioria das atividades é conduzida online. As evoluções tecnológicas, o advento do open banking e a ampliação das transações remotas intensificaram a criticidade da segurança cibernética. A incapacidade de atender a essas demandas pode expor organizações ao risco de comprometimento de seus sistemas. Assim, a segurança cibernética emerge como um dos temas mais prementes desta década.

· 04:20 — Um encontro de gigantes

As relações entre os Estados Unidos e a China, marcadas por diversos pontos de inflexão no ano passado, encontram-se em um dos períodos mais tensos, possivelmente comparável a 1972, quando ambas as nações estabeleceram laços diplomáticos. Esse contexto inclui incidentes como o incidente com um balão espião chinês, encontros militares no Estreito de Taiwan e disputas diplomáticas abrangendo questões como roubo de tecnologia, hacking e comércio.

Nesse cenário desafiador, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, têm uma reunião marcada em São Francisco para esta semana. Com a continuidade das taxações comerciais implementadas pela administração Trump, ainda em vigor, os mercados estarão atentos a sinais de desescalada das tensões bilaterais.

Apesar das baixas expectativas, especialistas e autoridades dos Estados Unidos alertam que não se deve esperar uma melhoria acentuada nas relações após a reunião. Antecipa-se que os líderes abordarão questões polêmicas, como comunicações militares, direitos humanos e a situação no Mar do Sul da China. Embora as expectativas sejam moderadas, a reunião pode abrir caminho para futuras discussões sobre soluções para questões que impactam ambos os países. Qualquer sinal de melhoria nas relações seria positivamente recebido pelos mercados.

· 05:07 — Um resultado bastante aguardado

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.