O Copom anunciou na última quarta-feira (20) o segundo corte seguido de 50 pontos-base na taxa Selic, agora fixada em 12,75%.
Que ciclos como este são favoráveis para o Ibovespa não é novidade, mas você sabe como a bolsa costuma se comportar nestes momentos?
O co-fundador e estrategista-chefe da Empiricus Research, Felipe Miranda, se debruçou sobre o assunto no último relatório da série Palavra do Estrategista.
Ele lembra que a bolsa, especialmente no Brasil, é um segmento altamente cíclico e há uma alta correlação entre os ciclos de corte na taxa básica de juro e a alta das ações.
“Em geral, o Ibovespa oferece um retorno de CDI+10% durante ciclos de queda da Selic. Outra forma de chegar a um resultado semelhante: nos últimos sete movimentos de afrouxamento monetário no Brasil, a alta média das ações brasileiras foi de 35%”, escreveu no relatório.
No entanto, o movimento não ocorre de uma vez. Segundo Felipe Miranda, estes ciclos ocorrem em três fases.
Primeira fase: migração da renda fixa para a variável e expansão dos múltiplos
Na primeira, na qual estamos inseridos, o corte da Selic traz pouco efeito material sobre os lucros propriamente ditos, mas, como a renda fixa costuma pagar menos, os múltiplos das ações se expandem.
“O custo de oportunidade do capital fica menor, então o retorno exigido do investidor para estar na Bolsa também fica menor. Para o mesmo lucro, se dispõe a pagar um preço maior. Ocorre o chamado re-rating, uma reavaliação para cima nos múltiplos. Considere ainda que os múltiplos das ações brasileiras se encontram bastante depreciados – no caso do Ibovespa, estamos em cerca de 8x lucros, contra uma média de 11,5x”.
Para o índice de small caps da B3, o desconto sobre a média histórica é ainda maior, perto dos 50%.
Segunda fase: efeitos do corte da Selic começam a ser sentidos na economia
Passado este primeiro momento, entra em cena a segunda fase do ciclo.
Os efeitos do corte de juros não são percebidos em um primeiro momento, há uma defasagem. E é justamente na segunda etapa do ciclo que eles começam a ser sentidos.
“O crédito fica mais barato, empresários se dispõem a investir mais e expandir sua capacidade produtiva. Em resumo, a demanda agregada reage. As empresas vendem mais. Além da expansão das receitas, as despesas financeiras diminuem, porque ao menos parte delas é atrelada à taxa Selic. Os lucros sobem bastante. Então, para um mesmo Preço sobre Lucro, os preços das ações também precisam subir”, apontou o relatório.
Terceira fase: euforia e exagero
Por fim, costuma haver um terceiro movimento. Nele, explica Felipe Miranda, há um certo exagero na alta final “em que se extrapola para o futuro as condições correntes favoráveis, como se aquele ciclo fosse se estender para sempre”.
É neste momento que surgem as bolhas especulativas e as ofertas públicas iniciais (IPOs) equivocadas. O estrategista-chefe lembra a onda de IPOs de 2021. Dois anos depois, poucas ações sustentaram o preço das ofertas primárias.
Como dito anteriormente, estamos na primeira fase do ciclo, em que os efeitos dos cortes recentes sequer foram sentidos na economia em termos práticos.
É sempre importante lembrar que os retornos obtidos em ciclos passados não são garantia de retorno futuro. Além disso, como país emergente, o Brasil é mais sensível ao comportamento das economias desenvolvidas, em especial a da China e dos Estados Unidos.
No entanto, há elementos materiais que justificam o otimismo, como explicou o co-fundador da Empiricus.
É claro que, para aproveitar o ciclo da melhor forma, é importante uma seleção adequada de ativos. Caso tenha interesse em conhecer gratuitamente 10 ações recomendadas pela Empiricus Research para capturar o ciclo de afrouxamento monetário, clique aqui e acesse o relatório.