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Selic caiu, e agora? Entenda as ‘três fases’ do Ibovespa em um ciclo de flexibilização monetária

Ibovespa oferece retorno médio de 35% em ciclos de queda da Selic. No entanto, o movimento não é instantâneo; conheça as três fases

Por Juan Rey

21 set 2023, 10:36 - atualizado em 21 set 2023, 10:36

Selic ibovespa

O Copom anunciou na última quarta-feira (20) o segundo corte seguido de 50 pontos-base na taxa Selic, agora fixada em 12,75%. 

Que ciclos como este são favoráveis para o Ibovespa não é novidade, mas você sabe como a bolsa costuma se comportar nestes momentos?

O co-fundador e estrategista-chefe da Empiricus Research, Felipe Miranda, se debruçou sobre o assunto no último relatório da série Palavra do Estrategista.

Ele lembra que a bolsa, especialmente no Brasil, é um segmento altamente cíclico e há uma alta correlação entre os ciclos de corte na taxa básica de juro e a alta das ações.

“Em geral, o Ibovespa oferece um retorno de CDI+10% durante ciclos de queda da Selic. Outra forma de chegar a um resultado semelhante: nos últimos sete movimentos de afrouxamento monetário no Brasil, a alta média das ações brasileiras foi de 35%”, escreveu no relatório.

No entanto, o movimento não ocorre de uma vez. Segundo Felipe Miranda, estes ciclos ocorrem em três fases.

Primeira fase: migração da renda fixa para a variável e expansão dos múltiplos

Na primeira, na qual estamos inseridos, o corte da Selic traz pouco efeito material sobre os lucros propriamente ditos, mas, como a renda fixa costuma pagar menos, os múltiplos das ações se expandem.

“O custo de oportunidade do capital fica menor, então o retorno exigido do investidor para estar na Bolsa também fica menor. Para o mesmo lucro, se dispõe a pagar um preço maior. Ocorre o chamado re-rating, uma reavaliação para cima nos múltiplos. Considere ainda que os múltiplos das ações brasileiras se encontram bastante depreciados – no caso do Ibovespa, estamos em cerca de 8x lucros, contra uma média de 11,5x”.

Para o índice de small caps da B3, o desconto sobre a média histórica é ainda maior, perto dos 50%.

Segunda fase: efeitos do corte da Selic começam a ser sentidos na economia

Passado este primeiro momento, entra em cena a segunda fase do ciclo.

Os efeitos do corte de juros não são percebidos em um primeiro momento, há uma defasagem. E é justamente na segunda etapa do ciclo que eles começam a ser sentidos.

“O crédito fica mais barato, empresários se dispõem a investir mais e expandir sua capacidade produtiva. Em resumo, a demanda agregada reage. As empresas vendem mais. Além da expansão das receitas, as despesas financeiras diminuem, porque ao menos parte delas é atrelada à taxa Selic. Os lucros sobem bastante. Então, para um mesmo Preço sobre Lucro, os preços das ações também precisam subir”, apontou o relatório.

Terceira fase: euforia e exagero

Por fim, costuma haver um terceiro movimento. Nele, explica Felipe Miranda, há um certo exagero na alta final “em que se extrapola para o futuro as condições correntes favoráveis, como se aquele ciclo fosse se estender para sempre”.

É neste momento que surgem as bolhas especulativas e as ofertas públicas iniciais (IPOs) equivocadas. O estrategista-chefe lembra a onda de IPOs de 2021. Dois anos depois, poucas ações sustentaram o preço das ofertas primárias.

Como dito anteriormente, estamos na primeira fase do ciclo, em que os efeitos dos cortes recentes sequer foram sentidos na economia em termos práticos.

“Um cenário de inflação mais baixa, PIB crescendo mais e Selic abaixo de 10% é transformador para a Bolsa, ensejando um ciclo de 18 a 24 meses à frente bastante positivo potencialmente”, avaliou o analista.

É sempre importante lembrar que os retornos obtidos em ciclos passados não são garantia de retorno futuro. Além disso, como país emergente, o Brasil é mais sensível ao comportamento das economias desenvolvidas, em especial a da China e dos Estados Unidos.

No entanto, há elementos materiais que justificam o otimismo, como explicou o co-fundador da Empiricus. 

É claro que, para aproveitar o ciclo da melhor forma, é importante uma seleção adequada de ativos. Caso tenha interesse em conhecer gratuitamente 10 ações recomendadas pela Empiricus Research para capturar o ciclo de afrouxamento monetário, clique aqui e acesse o relatório.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br