A semana começa com otimismo nos mercados, uma extensão dos últimos pregões. Na verdade, há um clima mais favorável desde a ata do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) do Fed, o banco central americano. “O Fed não trouxe grandes novidades, se mostrou até sereno, no modo wait and see, depois de todo esforço retórico que ele fez para direcionar o aumento das projeções para a taxa de juros de mercado”, disse Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus, nesta segunda-feira (30/05) em seu grupo no Telegram Ideias Antifrágeis, um canal direto que mantém com os assinantes de todas as séries da casa. Em ata, o Fed sinalizou duas novas altas de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.
Outro ponto que é que o PCE, que é o índice de preços de gastos com consumo, uma das principais referências para a política monetária do Fed, veio abaixo do esperado, o que diminuiu preocupações com a inflação e alimentou a disposição um pouco maior ao risco.
Quanto à China, a notícia positiva é a redução dos casos de Covid-19, o menor número em três meses. Isso viabilizou a remoção de algumas restrições de circulação, principalmente em Shanghai.
“Parece que a gente entrou em um cluster mais positivo do que a gente vinha enfrentando nos últimos tempos, mas não vejo que é para enfrentar isso de peito aberto”, ressalta Felipe. Para ele, apesar do alívio momentâneo, é preciso seguir com cautela, pois o cenário é desafiador.
Agenda e pontos de atenção
Oferta de petróleo em jogo
É preciso monitorar a divulgação de relatório da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e eventuais novas restrições ou embargos ao petróleo russo pela Europa.
Restrições na oferta tendem a elevar os preços da commodity em âmbito global.
IGP-M desacelera
O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) ficou em 0,52% em maio, desacelerando em relação à alta de 1,41% em abril.
Assim, o índice passou a acumular uma alta de 7,54% no ano e de 10,72% em 12 meses, contra 14,66% em 12 meses até abril.
Nova pesquisa eleitoral mostra Lula na frente
Foi divulgada hoje cedo a 3ª. Pesquisa de Intenção de Votos para Presidente encomendada pelo BTG à FSB. Conforme o levantamento, cresceu a vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro. O petista alcançou 46%, cinco pontos percentuais a mais do que no último levantamento, enquanto Bolsonaro manteve os 32%
“Uma vantagem de Lula inferior do que havia sido apontada no Datafolha na semana passada e, claro, essas pesquisas são sempre uma fotografia do momento, e naquela ocasião havia pressão mais intensa dos preços de combustíveis”, comenta o analista.
Radar corporativo
Eneva (ENEV3) e Celse
Segundo o Brazil Jornal neste final de semana, a Eneva (ENEV3) teria feito uma oferta de R$ 6 bilhões pela Celse (Centrais Elétricas de Sergipe), a maior usina termelétrica da América Latina, com 1.551 MW instalados. Pelos termos em negociação, a Eneva também assumiria R$ 5 bilhões de dívida da empresa, que tem um Ebitda de R$ 1 bilhão.
Contudo, nessa segunda-feira pela manhã, a companhia não confirmou a informação que foi veiculada e disse que ainda não foram assinados documentos definitivos ou vinculativos à aquisição. Mas ressaltou: “A companhia esclarece que está constantemente avaliando possíveis oportunidades de crescimento que contribuam para o desenvolvimento e incremento de seu plano de negócios.”
De acordo com Felipe Miranda, a Eneva tem se mostrado boa operadora e alocadora de capital. “A gente acredita nessa capacidade de geração de valor a partir de movimentos de M&A (fusões e aquisições), quando bem feitos”, avalia.
Na visão do analista, se essa transação da Eneva vier a ser confirmada poderá reverberar positivamente para a Companhia Energética do Ceará, a Coelce (COCE5). “ACoelce que é uma das mais eficientes e, agora, quem sabe, com a privatização da Eletrobras, ela possa caminhar para fechamento de capital”, acrescenta. Para ele, Coelce está barata na Bolsa.
Suzano vende leilão de energia
Felipe Miranda também destaca que a Suzano (SUZB3) venceu o leilão de energia nova A-4 no mercado regulado, que foi realizado na última sexta-feira (27/05), para fornecimento de 50 megawatts médio (MWm) pelo valor de R$ 315 megawatts/hora, reajustado anualmente pelo IPCA. O valor do contrato, sem considerar o reajuste, é de R$ 2,8 bilhões.Portanto, um bom negócio para a companhia.