Investimentos

Semana de atualizações de políticas monetárias; petróleo em alta; resultado da Eletrobras (ELET6) e possíveis negócios da Marabraz com Via (VIIA3)

Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, comenta alguns temas relevantes que movimentam o mercado

Por Daniela Rocha

21 mar 2022, 10:55 - atualizado em 16 maio 2022, 20:10

Esta semana terá atualizações importantes e balizadoras de política monetária. Aqui no Brasil, amanhã (22/03) sairá a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central e na sexta-feira (25/03), será divulgado o IPCA-15, prévia da inflação oficial do país.

Lá fora, o Banco do Povo da China (banco central chinês), decidiu hoje (21/03) pela manutenção da taxa básica de juros de curto prazo em 3,70% ao ano. Já a taxa de cinco anos permaneceu em 4,60%. Essas taxas são referências para empréstimos para pessoas físicas e empresas. 

Nos Estados Unidos, está marcado para hoje um discurso de Jerome Powell, presidente do Fed

“É uma semana vigorosa para a gente balizar a perspectiva para câmbio e juros, que são determinantes nesse momento de fluxo de capitais internacional e para valuations em bolsas. A grande dúvida do mercado é até onde vão as taxas de juros. Isso é o que tem guiado o mercado junto com a dinâmica sobre a guerra”, disse Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus nesta segunda-feira (21/03) em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, um dos canais de comunicação com os assinantes da casa. 

Para Felipe, na última semana, o Copom acabou passando uma mensagem ambígua. Desse modo, o mercado espera maior detalhamento sobre os rumos dos juros na ata. “Aconteceu algo inédito, que foi o condicionamento da política monetária ao preço do petroleo”, acrescenta o analista. 

As incertezas relacionadas à guerra prosseguem. Por um lado, o governo da Turquia disse neste final de semana que Rússia e Ucrânia estariam próximas de um acordo pela paz. Por outro, os militares ucranianos resistem a se render na cidade de Mariupol, uma demanda das forças armadas russas. 

O preço do petróleo voltou a avançar no mercado internacional diante da possibilidade da União Europeia embargar o petróleo russo. Outro fator foi o ataque do grupo rebelde Houthi do Irã à refinaria de petróleo Yanbu Aramco Sinopec na Arábia Saudita. 

Com essas notícias, as ações de petrolíferas tendem a andar. Apesar de a Petrobras (PETR3, PETR4) estar em meio a uma celeuma política, a possível troca do seu presidente e discussões sobre a política de preços dos combustíveis, a companhia é boa pagadora de dividendos, segundo Felipe. “A Petrobras vai pagar 30% de dividendos, então a gente tem uma posição pequena“, comenta.  A preferência do analista no setor petrolífero é a 3R Petroleum (RRRP3), com uma fatia maior na carteira Oportunidades de Uma Vida

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Felipe Miranda diz que o resultado da Eletrobras (ELET6) no 4T21 veio em linha com o esperado. A receita operacional líquida aumentou 27% para R$ 11,5 bilhões. Já o Ebitda foi positivo, somando R$ 2,4 bi, saindo de um saldo negativo de R$ 299 milhões. 

Por sua vez, o lucro líquido caiu mais da metade no quarto trimestre do ano passado, totalizando R$ 610 milhões. Pesaram as provisões operacionais, especialmente da Eletronorte. 

O mercado aguarda o desfecho de possível negócio entre a Marabraz a e Via (VIIA3). Neste final de semana circulou a notícia de que o Grupo Marabraz pretende comprar R$ 1 bilhão em ativos imobiliários da família de Michael Klein. “Isso pode trazer liquidez à Via e ajudá-la a atravessar o momento, sem precisar de um aumento de capital. Isso poderia ajudar as ações da companhia”, diz o analista. 

Contudo, Felipe Miranda diz que não gosta de Via e que está saindo de e-commerce, setor que vive uma fase desafiadora de alta da taxa de juros e elevada inflação no país, e que, de forma geral, não está barato. “Estamos focados em commodities e em cíclicos domésticos que foram amassados nos últimos tempos, mas que têm earnings, negociando a múltiplos baixos”, conclui. 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.