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Sinalizações da Super Quarta no radar do mercado; 3R Petroleum (RRRP3) top pick do setor; desempenho operacional fraco da XP (XPBR31) e Iguatemi (IGTI11) impactada por Infracommerce

Confira os principais assuntos quentes de mercado comentados por Felipe Miranda no grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, aberta aos assinantes da Empiricus

Por Daniela Rocha

04 maio 2022, 12:11 - atualizado em 16 maio 2022, 20:08

Imagem de uma nota de um dólar com a sigla do FED, banco central norte-americano em destaque em alusão a alta dos juros nos EUA
Reprodução: Shutterstock

Chegamos à Super Quarta. Mais do que as decisões das reuniões sobre as taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil, o mercado está de olho nas sinalizações do Fed e do Banco Central Brasileiro. 

Segundo Felipe Miranda, CEO e estrategista-chefe da Empiricus, há grande expectativa em relação ao aumento de 50 pontos-base na taxa de juros americana (Fed Funds Rate), contudo os holofotes se voltam para quais serão os próximos passos da autoridade monetária

“O mercado quer saber se o Fed irá validar ou não um aumento de 75 pontos-base para frente e quer sinalizações sobre qual seria a taxa terminal e o nível de redução do balanço de pagamentos”, disse o analista em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, nesta quarta-feira (4/04). Conforme ele, qualquer sinal de que a próxima alta poderá ser menos intensa, será positiva. 

Quanto à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), está na mesa o aumento de 1 ponto percentual. O Banco Central já havia manifestado a intenção de subir a Selic para 12,75% ao ano e parar, mas depois novos dados divulgados sobre inflação colocaram em dúvida que essa possa ser a taxa terminal. Agora, a maior parte dos analistas acham que o fim do ciclo de aperto monetário deve ser em 13,25% ao ano. “Seja como for, em 12,75% ou 13,25%, estamos muito próximos do estágio terminal. É importante enxergar o final da maratona. O Brasil está à frente de muitos países no aperto monetário, o que representa certa vantagem”, avalia Felipe. 

Ele explica que, aqui, o juro real estará na faixa de 6%, quando o juro real lá fora, nos países desenvolvidos, ainda será praticamente zero. “O Brasil estará em posição privilegiada para atrair capitais e domar a inflação antes do resto do mundo”, acrescenta. 

Na visão dele, o Banco Central não deveria se amarrar em uma decisão futura, uma vez que há muitas variáveis em jogo no cenário. “O BC precisa ser prudente, pois há uma enormidade de incertezas sobre os preços das commodities, o câmbio segue volátil e a atividade costuma reagir com defasagem em relação à alta de juros”, diz. 

Resultados corporativos no 1T22

3R Petroleum (RRRP3) é top pick 

Felipe Miranda considera que a 3R Petroleum teve um excelente desempenho operacional no 1T22, apesar de sua estratégia de hedge ter atrapalhado em certa medida. “O resultado operacional validou a 3R como top pick do setor. O Ebitda ficou 25% acima do consenso e o lifting cost (custo de extração) caiu.”

De janeiro a março de 2022, a companhia registrou Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 198,5 milhões, um avanço de 150,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. A produção diária avançou para 9.164 barris de petróleo equivalente, 68% acima do patamar de 1T21. Já o custo de extração teve queda de 4% em relação ao último trimestre de 2021, chegando a US$ 9,2.

A receita líquida foi de R$ 375,2 milhões, o que representa crescimento de 182,6% na comparação com igual etapa de 2021. Apesar desses avanços, a 3R teve prejuízo líquido de R$ 335, 1 milhões. “O resultado operacional foi positivo ainda que, claro, o hedge tenha roubado no resultado financeiro, levando a um prejuízo em termos contábeis”, explica. 

Felipe avalia que a 3R está endereçando questões de governança corporativa. No ano passado, o pagamento de bônus gordos aos altos executivos causou desconforto no mercado. Porém, a partir da entrada de Roberto Castello Branco (ex-presidente da Petrobras) e Harley Scardoelli (ex-CFO da Gerdau) no conselho de administração da companhia, há compromisso de resolver como ficará a remuneração por atingimento de metas (compensation) dos principais gestores, de uma forma mais equilibrada ao longo do tempo. 

O analista ressalta que à medida que a 3R demonstre sua capacidade de execução será cada vez mais valorizada. “Ao executar o plano de crescimento de produção, conforme a 3R for entregando, o mercado certamente vai reavaliá-la”, afirma. 

Resultado operacional da XP (XPBR31) é fraco

Felipe Miranda diz que o desempenho operacional da XP Inc no 1T21 não foi bom, apesar do lucro registrado de R$ 987 milhões. 

“Foi um trimestre ruim de net new money (saldo de novos investimentos) para a XP. Foram adversidades no varejo, segmento que caiu 11% em receita. Então o core da operação está começando a pegar”, comenta. 

 Iguatemi (IGTI11) afetada negativamente por Infracommerce

O Ebitda da Iguatemi somou R$ 147,8 milhões no 1T22, uma alta de 53,7% sobre igual período do ano passado. “A operação é muito boa, porém o ajuste de preços das ações da Infracommerce ‘roubaram’ no resultado financeiro”, explica o analista. Assim, a rede de shopping centers reportou prejuízo líquido de R$ 16,4 milhões. 

Portanto, a última linha do balanço da Iguatemi foi pressionada pela fatia de participação na Infracommerce, empresa especializada em serviços para negócios digitais. 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.