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SLC Agrícola (SLCE3): de olhos voltados para 2025, produção de algodão é destaque no 3T24

O 3T24 da SLC Agrícola (SLCE3) apresentou resultados impactados pelo recuo no preço de algumas commodities, enquanto o algodão se destacou.

Por Larissa Quaresma, CFA

13 nov 2024, 10:38 - atualizado em 13 nov 2024, 10:38

algodão slc agrícola slce3 3t24

Imagem: iStock/ mvp64

A SLC Agrícola (SLCE3) divulgou resultados do 3T24 em queda, ainda impactados pelo recuo nos preços dos grãos, mas com números próximos das expectativas do mercado. 

O grande destaque na receita da SLC Agrícola segue sendo o algodão, que atingiu R$ 777 milhões, alta de 49% ante o 3T23, se aproveitando do aumento do volume faturado e de uma certa estabilidade de preços. Vale a pena lembrar que a SLC decidiu dar maior atenção ao algodão no início da safra, prevendo um desempenho melhor para a cultura, o que se mostrou uma decisão acertada. 

Receita do algodão e soja crescem, enquanto milho despenca: veja o balanço da SLC Agrícola no 3T24

Com um maior volume faturado (+97%), a receita de soja também mostrou crescimento interessante de 67%, e atingiu R$ 343 milhões. Por outro lado, a receita de milho despencou -44%, para R$ 299,6 milhões, afetada por menores volumes e preços. Apesar de menos relevante, a receita de caroço de algodão também caiu no período, -31% para R$ 84 milhões, já que a melhora do volume não foi suficiente para compensar a queda de preços. 

No consolidado, a Receita Líquida da SLC de R$ 1,63 bilhão veio em linha com as expectativas e ficou praticamente estável na comparação com o 3T23, já que as contribuições positivas de algodão e soja foram praticamente anuladas pela piora do milho e do caroço de algodão. 

No entanto, os custos cresceram +5,5% no período, para R$ 1,19 bilhão, por conta do aumento dos volumes de algodão e soja e também pela piora de produtividade, que fez os custos por tonelada caírem menos do que a cotação dos grãos. 

Resultado financeiro de SLCE3 piora ante 3T23

As despesas com vendas cresceram +44%, para R$ 122,5 milhões, especialmente por conta de frete devido aos maiores volumes de algodão. Por outro lado, as despesas administrativas caíram -14,5% para R$ 64 milhões, já que os maiores gastos com crescimento (pessoal, softwares, etc) foram mais do que compensados pela redução de participação nos resultados. 

Assim, o Ebitda ajustado, que exclui a variação dos ativos biológicos e tem maior relação com o caixa, caiu -5,8%, para R$ 463 milhões, com margem de 28,4%, queda anual de -1,4 p.p. Apesar do recuo, o número veio em linha com as estimativas. 

O resultado financeiro líquido foi de -R$ 211 milhões, o que representa uma piora de 10,5% ante o 3T23, afetado pelo maior endividamento e pelos novos arrendamentos. 

Por fim, a companhia apresentou um prejuízo de -R$ 17 milhões, mas é importante ressaltar que esse número é impactado por diversos pontos sem efeito caixa, da ordem de R$ 158 milhões referente à variação do valor justo de ativos biológicos. 

Alguns pontos positivos do balanço trimestral

A geração de caixa foi positiva, em R$ 147 milhões, ajudada pelo início do faturamento do algodão e do milho (safra 2023/2024), mas menor do que os R$ 537 milhões do 3T23, já que a SLC segue investindo bastante para a safra 2024/2025.

Falando nisso, a companhia trouxe atualizações sobre a semeadura de soja precoce/superprecoce, que abre espaço para culturas de milho e algodão de 2ª safra. A área semeada já atingiu 77,5%, com as lavouras apresentando um bom desenvolvimento até aqui, o que é boa notícia depois de uma safra 2023/2024 bastante impactada que afetou o planejamento da companhia.

Além disso, a SLC informou que já adquiriu quase 100% dos insumos para a próxima safra, e espera uma redução de -5,2% nos custos por hectare no período. Isso, combinado com o aumento de volume/área plantada e, quem sabe, alguma recuperação nos preços dos grãos deveriam culminar em uma boa recuperação de resultados no ano que vem. 

Apesar de números ainda pressionados, a SLC segue apresentando resultados dignos diante do contexto difícil para o setor, e com perspectivas cada vez melhores para as próximas safras. Por 6x Valor da Firma/Ebitda, as ações SLCE3 seguem na carteira. 

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Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.