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Small caps podem ser escapatória para ‘tarifaço’ de Trump? Analista aponta caminho para evitar turbulências do mercado internacional

Conheça uma classe de ações de atuação exclusivamente local que não são tão afetadas pelas reviravoltas do cenário internacional.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

14 abr 2025, 13:26 - atualizado em 14 abr 2025, 13:33

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Imagem: iStock/ MicroStockHub

A divulgação das tarifas recíprocas de Donald Trump trouxeram reviravoltas inesperadas para o mercado nas últimas duas semanas. A imprevisibilidade dos movimentos do presidente americano para a política comercial internacional tem afetado grandes companhias ao redor do mundo, e a bolsa brasileira não passou ilesa. 

É o caso da Petrobras (PETR4), por exemplo, que desde o “Dia da Libertação”, em 2 de abril, viu seus papéis derreterem 12% – em relação aos preços de abertura do mercado nesta segunda-feira (14). A Gerdau (GGBR4) também não está em bons dias, com as ações caindo mais de 8% no mesmo intervalo. 

Enquanto estas grandes empresas vêem os valores de mercado “sofrerem”, Ruy Hungria, analista de ações da Empiricus Research, enxerga que algumas empresas de menor globalização e, consequentemente, menos expostas à volatilidade das tarifas podem ser opções interessantes para investir. A seguir, você pode entender a tese do analista e conhecer algumas das empresas que ele enxerga potencial neste cenário. 

Petrobras, Gerdau e SLC Agrícola: Efeito das tarifas americanos sobre companhias brasileiras

Segundo Hungria, apesar de empresas menores historicamente serem associadas a um maior risco, por conta de menos acesso a financiamentos e menor liquidez, por exemplo, as tarifas podem reverter essa visão. 

“Algumas gigantes brasileiras despencaram com as medidas de Trump por estarem diretamente ligadas ao ambiente internacional. Pegue a Petrobras como exemplo. Até outro dia, a companhia vendia petróleo por US$ 80 o barril e podia distribuir uma enxurrada de dividendos aos acionistas. Agora, precisa se contentar com o petróleo em US$ 60 o barril e dividendos bem mais tímidos – isso se a cotação do petróleo não cair ainda mais”, comenta. 

Outro caso trazido pela analista é da Gerdau, maior produtora de aço no Brasil, que tem fábricas no Brasil e nos EUA, além de concorrer com produtos importados chineses.

O analista reforça que esse não é o caso de todas as companhias brasileiras. Para a SLC Agrícola (SLCE3), por exemplo, o cenário não é tão negativo.  

“No atual embate entre EUA e China, espera-se que o país asiático reduza a compra de grãos norte-americanos, beneficiando a SLC com maiores vendas e prêmios”, avalia Hungria.  

Empresas ‘nanicas’ mantém performance boa em meio à tempestade tarifária

Enquanto muitos analistas tentam interpretar se a imposição das taxas irá ajudar ou atrapalhar  as grandes empresas, o analista destaca que “outras nanicas com atuação exclusivamente local continuam sua rotina como se (quase) nada tivesse acontecido.”

A Estapar (ALPK3), por exemplo, administra estacionamentos e não depende de importações ou exportações para o dia a dia do negócio. 

“Obviamente, uma recessão global afetaria o PIB, empregos e indiretamente reduz a demanda por vagas, mas nada que mude drasticamente o negócio”, comenta Hungria. “Por enquanto, eu não notei uma grande mudança no apetite por essa classe de ativos, e a pausa no tarifaço por 90 dias pode ter adiado esse movimento.”

A Eucatex (EUCA4), por outro lado, tem uma fatia relevante de 20% das suas vendas para os EUA. Segundo cálculos da equipe de analistas da Empiricus Research, a tarifa de 6% sobre os produtos da Eucatex passaria a 16% (+10%), o que exigiria uma redução de 9% no preço de venda para entregar o mesmo produto com o mesmo preço para o consumidor final.

“Ou seja, uma redução de 9% em uma parcela de 20% da receita representaria um impacto de aproximadamente 2% na receita consolidada da Eucatex. No entanto, esse efeito pode ser amenizado pelo reajuste de preços, já que a companhia pode tentar repassar os impostos para o consumidor final”, afirma Hungria. 

Ainda que não seja certo que as companhias brasileiras de menor capitalização serão necessariamente beneficiadas ou prejudicadas pelo cenário internacional atual, Hungria comenta: “Não me surpreenderia se investidores ao redor do mundo, inclusive brasileiros, começassem a buscar empresas com atuação local cujos negócios não sejam colocados em risco por uma canetada do presidente dos Estados Unidos”. 

Atualmente, Ruy Hungria é um dos analistas da série Microcap Alert, que faz uma curadoria para buscas as melhores small caps da bolsa brasileira. . Para conhecer mais sobre a Microcap Alert é só clicar neste link.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.