Times
Investimentos

Super Quarta: o que esperar das decisões e comunicados do Fed e do Copom?

Decisões de juros não devem ter surpresas. Com isso, comunicados e projeções das autoridades ganham ainda mais peso nesta Super Quarta

Por Juan Rey

13 dez 2023, 10:57 - atualizado em 13 dez 2023, 10:57

juros fed copom selic renda fixa super quarta
Imagem: Shutterstock

O mercado financeiro tem tratado, em tom de brincadeira, esta como a última semana de 2023. De fato, a Super Quarta deve guiar a direção dos mercados até o final do ano.

Não que as decisões de juros de hoje sejam uma surpresa: qualquer coisa diferente de um corte de 50 pontos-base na Selic por parte do Copom e de manutenção de juro pelo Fed seria recebido com espanto pelo mercado.

Dito isso, as atenções estão voltadas para os comunicados e projeções das autoridades monetárias

Banco Central pode acelerar o ritmo de corte da Selic?

No Brasil, existe uma expectativa pela aceleração do ritmo de corte da Selic em 2024, o que pode ser reforçado pelo comunicado pós-Copom.

No entanto, cortes de 75 pontos-base no ano que vem enfrentam alguns obstáculos, como as incertezas que rondam o cenário internacional e as preocupações fiscais em âmbito local, afirma o analista Matheus Spiess, da Empiricus.

“Francamente, a gente não precisa mais que ele acelere o ritmo. Vamos convergir para 11,75% no final do ano, começamos o ano levando para 11,25% e continuaremos cortando 50 pontos-base obedecendo um conservadorismo que é natural em um ambiente de incerteza internacional e doméstico, por conta do fiscal”, avaliou.

Nos EUA, expectativa é pelo início do ciclo de corte de juro

Nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve manter o Fed Funds Rate no atual intervalo de 5,25% a 5,5%.

Assim como no Brasil, as expectativas estão voltadas para o comunicado das autoridades monetárias. Mas os motivos são outros.

O mercado espera uma sinalização de quando o país começará a cortar juro, o que seria benéfico para os ativos de risco em todo o mundo.

Alguns investidores mais apressados acreditavam em um corte logo no primeiro trimestre de 2024, o que deve ser rechaçado pelo presidente do Fed, Jerome Powell – principalmente após os últimos dados de empregos e de inflação que vieram acima das projeções do mercado.

Os dados indicaram uma inflação ainda resistente e corroboram a manutenção de juros no patamar atual por mais tempo. Neste contexto, Powell deve manter os investidores com os “pés no chão” nesta Super Quarta, avalia Spiess.

“A persistência do crescimento dos preços em áreas como aluguéis, cuidados médicos e seguros de automóveis destaca o desafio contínuo que o Fed enfrenta ao tentar controlar a inflação. Os últimos dados indicam que pedidos por redução nas taxas de juros de curto prazo podem ser precipitados. Em outras palavras, não prevejo uma queda nas taxas de juros antes do segundo trimestre do próximo ano”, afirmou.

Na mesma linha, o co-fundador e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, acredita em um primeiro corte de juro nos EUA em maio.

Super Quarta: gráfico de pontos do Fed deve ajudar a guiar o mercado

Além da coletiva de Powell, o mercado também ficará de olho na divulgação das projeções econômicas do Federal Reserve.

“Embora parte significativa do mercado esteja antecipando cortes no segundo trimestre, os futuros parecem um tanto descontrolados, projetando uma taxa de juros de aproximadamente 4,3% no final de 2024. Isso implica cerca de um ponto percentual em cortes, mas essa previsão pode não se concretizar, especialmente considerando que a última leitura de inflação ficou significativamente acima da meta de 2%”, disse Spiess.

Por isso, o gráfico de pontos, que reflete a opinião de cada um dos membros do Fed, ajudará a balizar as projeções.

“Na última leitura, em setembro, o gráfico de pontos indicava meio ponto percentual de cortes nas taxas em 2024, com uma projeção mediana para a taxa dos fundos federais no final do ano de 5,1%”, explicou o analista.

Por todos esses motivos, a Super Quarta deve reservar fortes emoções aos investidores. Fique ligado nos próximos capítulos…

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br