A Taesa (TAEE11) reportou resultados operacionais no 4T22 em linha com as expectativas do mercado, mas com um grande salto no Lucro Líquido, que foi ajudado por efeitos não recorrentes relevantes no trimestre.
A Receita Anual Permitida (RAP) do trimestre atingiu R$ 647 milhões, alta de +8% na comparação com o 4T21, por conta da entrada em operação de novas linhas – Janaúba e Sant’Ana – e reajuste inflacionário no período, parcialmente compensados pela redução das RAPs da ATE II e ATE III, que atingiram o 16º ano de concessão e passaram por um corte nas receitas recebidas.
Apesar desse bom crescimento da RAP consolidada, a Receita Líquida da Taesa cresceu em um ritmo menor, de apenas +1,3%, afetada por uma maior indisponibilidade das linhas no período. Isso aconteceu por causa dos episódios de sabotagem a diversos sistemas de transmissão no fim do ano passado, mas era um efeito já esperado pelo mercado.
Por outro lado, a Taesa foi eficiente no controle dos gastos, que caíram -10% na comparação anual, mesmo com um reajuste salarial de dois dígitos no período. Além disso, no 4T21 a companhia teve alguns problemas com multas, o que tornou a base de comparação um pouco mais fraca também.
Isso permitiu que o Ebitda Regulatório atingisse R$ 464 milhões, alta de +4% no período, com ganho de 2,1 pontos percentuais de margem.
Para fechar, o 4T22 ainda foi ajudado por menores impactos do IPCA sobre a dívida e um ganho na linha de imposto de renda (resultado positivo de +R$ 79,5 milhões no 4T22 vs. resultado negativo de -R$ 75,7 milhões no 4T21), por conta de mudanças contábeis no regime tributário de algumas concessões.
Com isso, apesar de uma pequena evolução no resultado operacional (Ebitda), o Lucro Líquido aumentou de forma bastante expressiva, +266%, para R$ 386,7 milhões no 4T22. No entanto, não deve ser tratado como recorrente.
TAEE11 não é a ação preferida do setor
O 4T22 mostrou mais uma vez porque a Taesa é uma das ações preferidas de quem busca resultados estáveis e com poucos riscos de mercado.
No entanto, nós entendemos que TAEE11 já está muito bem precificada, e que os próximos anos serão mais desafiadores para a companhia que vai começar a contar com entrada de projetos menos rentáveis e com o fim de alguns contratos de concessão importantes no médio prazo, o que inclusive deve começar a prejudicar a distribuição de dividendos.
Por esses motivos, apesar de um dividend yield menor neste momento, no setor de transmissão a nossa preferida é a Alupar (ALUP11), que nos últimos trimestres colocou em operação projetos de elevado retorno e que tendem a render resultados melhores e mais consistentes para os seus acionistas.