Na madrugada desta terça-feira (20), o Banco Central do Japão (BoJ) elevou a banda do Yield Curve Control (controle da curva de juros de 10 anos), surpreendendo os analistas de mercado.
O movimento era esperado em 2023, após a saída do presidente do BoJ Kuroda. Em resposta, as bolsas asiáticas cederam, o iene ganhou força e as curvas de juros dos EUA e Europa inclinaram.
Na zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa de juros em 50 pontos-base (bps), em linha com o consenso de mercado.
Como já havíamos destacado em publicações anteriores, havia um debate em torno da magnitude do ajuste a ser conduzido uma vez que alguns membros ainda sinalizavam que 75 bps seria mais apropriado.
Contudo, o comunicado manteve o tom duro (hawkish) das últimas decisões, destacando que os juros devem aumentar significativamente de forma a atingir níveis que sejam suficientes para que a inflação convirja a meta de 2%.
Outro ponto que reforçou a postura rígida do BCE foram as revisões bastante expressivas para a inflação no bloco quando comparadas aos números do último encontro.
Em sua fala após a decisão, a presidente Lagarde imprimiu um tom bastante duro, destacando: “Quem acha que iremos virar a mão, está errado”, afirmou Lagarde.
Na mesma linha, o vice-presidente do conselho, Luis de Guindos, deixou claro nesta manhã que o aperto monetário conduzido até o momento está longe de ser o suficiente e as taxas devem subir mais frente ao que o mercado tem como expectativa hoje.
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Fed reduz ritmo de aumento da taxa de juros
Quem também se reuniu na última semana foi o banco central americano (Fed), que entregou uma alta de 50 bps na taxa de juros local (Fed Funds Rate).
Apesar da redução no ritmo de aperto, a autoridade monetária fez uma forte sinalização de que a taxa terminal por lá deve ficar entre 5,00% e 5,25%, diferentemente do que o mercado insiste em precificar.
Como o presidente do Fed, Jerome Powell, já havia destacado, o ritmo de altas já não é a questão mais importante, mas sim o patamar final e por quanto tempo os juros irão rodar nestes níveis.
Durante a coletiva, embora tenha enfatizado que o território restritivo esteja se aproximando, Powell destacou que não existem possibilidades de cortes até que os membros estejam confiantes na convergência da inflação para a sua meta de 2% de maneira sustentável.
A questão primordial para o Fed neste momento continua sendo o mercado de trabalho apertado, que deve manter a inflação de serviços rodando em patamares consideráveis. Evidentemente que o Fed pode mudar sua postura caso os próximos dados surpreendam positivamente, no entanto, tudo indica um 2023 sem cortes na taxa de juros americana.
*O trecho acima foi tirado do relatório da série Super Renda Fixa, da Empiricus, comandada por Lais Costa e Diego Bleinroth. Os assinantes da série têm acesso aos relatórios completos, com informações a respeito do mercado brasileiro e internacional, além das tradicionais recomendações.