Investimentos

Teremos rali de fim de ano? Analistas da Empiricus analisam o cenário para o fundo Carteira Universa

Em live, os especialistas discutem como a flexibilidade orçamentária, mercado internacional e a sazonalidade podem moldar o futuro do mercado brasileiro

Por Mariana Pavão

04 out 2024, 10:45 - atualizado em 04 out 2024, 10:47

rali de fim de ano Bolsa

Imagem: Freepik

Em live recente, os analistas da Empiricus se reuniram para comentar suas visões sobre o cenário econômico atual, tanto no Brasil quanto no exterior, destacando as oportunidades e os desafios enfrentados pelo fundo Carteira Universa

Após uma sequência de três meses muito positivos, outubro chegou interrompendo o ritmo dos resultados do fundo, levando os especialistas a discutir as implicações do ambiente fiscal e a perspectiva de investimentos em um cenário tão desafiador.

Cenário fiscal: o impacto da flexibilidade orçamentária nas taxas de juros

Felipe Miranda, CIO da Empiricus Research, ressaltou o impacto negativo do ambiente fiscal brasileiro, que se deteriorou rapidamente. Ele mencionou que o governo, apesar de ter um orçamento previsto, acabou flexibilizando os bloqueios orçamentários em outubro, o que agravou a situação fiscal.

Ele também destacou que a “credibilidade da política fiscal brasileira” foi perdida, um fato que vem pesando nos prêmios de risco e, consequentemente, nas projeções de taxa de juros. Segundo Miranda, o governo brasileiro tem usado “elasticidade contábil” para atingir suas metas, o que está contribuindo para uma perda de confiança entre investidores.

O reflexo direto desse ambiente tem sido uma pressão crescente sobre a curva de juros. Ele comentou sobre as expectativas de alta da Selic, que podem manter a taxa elevada por um período prolongado. “A sensação é de que a Selic vai subir e vai ficar alta por um tempo”, disse, apontando que o mercado já projeta uma taxa entre 12% e 12,5% para o próximo ano.

Em busca de um rali de fim de ano

Apesar do cenário desafiador, Miranda expressou otimismo em relação ao futuro, destacando que momentos de pessimismo extremo no Brasil costumam criar excelentes oportunidades de compra

Ele observou que “o mercado está realmente incrivelmente barato” e comparou o momento atual a períodos de grandes crises no passado. “Empresas boas estão sendo negociadas a múltiplos que se parecem com aqueles da época de grandes crises”, ressaltou ele, indicando que muitos ativos estão subvalorizados e podem proporcionar retornos consideráveis no médio e longo prazo.

Além disso, chamou atenção para o cenário internacional, que ele considera favorável para mercados emergentes como o Brasil e destacou que o Federal Reserve, banco central dos EUA, tem sinalizado cortes agressivos nas taxas de juros, sem que a economia americana entre em recessão, criando um ambiente ideal para ativos de risco. “O Fed cortando sem recessão é formidável para ativos de risco, é formidável para o grande bull market que estava acontecendo em ativos emergentes e também nos países desenvolvidos”, comentou.

Outro fator que Miranda acredita ser promissor para o mercado brasileiro é a sazonalidade. Ele apontou que, historicamente, o final de ano tende a ser mais positivo para os mercados, e que, se houver um sinal claro de compromisso fiscal por parte do governo, poderemos ver um grande rali de fim de ano

“Havendo um sinal fiscal brasileiro, a gente poderia ter contratado um grande rali de fim de ano, então está bastante assimétrica a posição de Brasil, é por isso que a gente mantém, e é por isso que eu acho que os próximos meses devem ser muito mais parecidos com os três anteriores, do que propriamente com o setembro”, afirmou, destacando o potencial para uma forte recuperação dos ativos brasileiros.

‘Persista e, se puder, aporte mais’, recomenda Felipe Miranda

Por fim, Miranda enfatizou que, embora o curto prazo pareça incerto, o contexto de preços baixos nos ativos brasileiros, aliado a um ambiente externo favorável, apresenta uma rara oportunidade de compra para os investidores. 

Ele fez uma comparação com outros momentos históricos, quando o pessimismo extremo levou à desvalorização dos ativos, mas quem comprou nesses momentos foi amplamente recompensado. “Esse é o momento de comprar ativos de risco no Brasil”, disse, reafirmando sua confiança de que o fundo Carteira Universa está bem posicionado para capturar essa recuperação.

Para Miranda, apesar dos desafios fiscais e da volatilidade de curto prazo, o mercado brasileiro oferece uma janela de oportunidades para investidores com visão de longo prazo. Ele acredita que, com fundamentos sólidos e preços muito baixos, os próximos meses poderão trazer uma recuperação significativa, especialmente se o governo adotar uma postura fiscal mais rigorosa, e finaliza, “a minha recomendação é: persista e, se puder, aporte mais. Que esse é o momento. É uma zona compradora de Brasil”.

Brava (BRAV3), Porto Seguro (PSSA3) e Localiza (RENT3) são os destaques no micro

Durante a análise microeconômica apresentada na live, alguns destaques relevantes foram mencionados pelos especialistas. Primeiramente, Miranda destacou a importância de movimentações estratégicas no portfólio, como a troca das ações da 3R Petroleum, agora Brava Energia (BRAV3), por Porto Seguro (PSSA3)

A decisão, tomada após dificuldades de comunicação com a companhia anterior, revelou-se acertada, com a Porto Seguro apresentando valorização consistente enquanto a Brava registrava quedas. “A gente trocou Brava por Porto Seguro e desde então acho que Porto Seguro subiu todos os dias, ou se não subiu todos os dias, subiu incrivelmente”, ressaltou o analista-chefe.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus, também ressaltou o cenário macroeconômico internacional favorável, que tem amenizado os impactos negativos no Brasil, embora ela tenha observado que o pessimismo persiste no mercado local: “o que eu vejo hoje na bolsa é um pessimismo muito grande, e a gente vê isso nos valuations”.

Segundo ela, o prêmio de risco para investimentos na bolsa brasileira está em torno de 4,3%, indicando que, mesmo com o cenário fiscal desafiador, há uma expectativa de retorno bastante elevada. Ela explicou que esse número reflete o lucro das empresas em relação ao valuation atual, subtraído do retorno da NTNB de longo prazo, que já está em patamares elevados, o que torna o investimento em ações ainda mais atrativo.

Esse cenário de alto retorno esperado, mesmo em um ambiente de pessimismo, é um sinal de oportunidade, conforme destacou Larissa: “eu acho que é um momento para ter bolsa, eu concordo com o Felipe, que a simetria aqui no Brasil, ela é mais para cima do que para baixo”

Henrique Cavalcante, também analista da Empiricus, complementou a discussão com um destaque sobre a Localiza (RENT3), cujos resultados do segundo trimestre foram prejudicados por ajustes contábeis, mas que mantém uma perspectiva positiva para o futuro. Ele mencionou que, com a estabilização dos preços dos carros seminovos e o contínuo repasse de preços das diárias de aluguel, a empresa deve conseguir recuperar sua rentabilidade histórica, reforçando a importância de escolhas táticas no momento atual.

Para conferir todos os detalhes apresentados pelos analistas e outras análises realizadas, assista à transmissão completa:

Sobre o autor

Mariana Pavão

Redatora dos portais Empiricus, Seu Dinheiro e MoneyTimes.