Investimentos

Tese cannabis: quais os possíveis gatilhos para os investimentos?

Jojo Wachsmann, CIO da Vitreo, se junta aos analistas João Piccioni e Enzo Pacheco, da Empiricus, para falar sobre a dinâmica e o potencial do setor de cannabis

Por Melissa Bumaschny Charchat

17 mar 2022, 18:29 - atualizado em 17 mar 2022, 18:34

O setor do cannabis recebe a atenção de investidores ao redor do mundo, mas apesar do alto potencial, apresenta intensa volatilidade. Por isso, Jojo Wachsmann, CIO da Vitreo, e os analistas da Empiricus João Piccioni e Enzo Pacheco – responsáveis pela carteira teórica da tese de cannabis, explicam a dinâmica desse mercado  comentam sobre o fundo cannabis Ativo, oferecido pela Vitreo.

“O mercado de cannabis é bastante novo”, explica o analista da Empiricus João Piccioni, destacando que este começou a ganhar a atenção dos investidores em meados de 2017. “No momento da pandemia, esse mercado cresceu absurdamente, totalmente desalinhado com a economia americana, especialmente nos primeiros meses”, afirma.

Enzo Pacheco destaca que se trata de um mercado que apresenta altos e baixos desde a sua concepção. Como evidência, ele aponta o próprio índice NAMMAR (North American Marijuana Index), como pode ser visto. 

No final de 2017, quando a Califórnia legalizou a cannabis recreativa, o índice de valorização foi de mais de 150%. Nos meses subsequentes, foi observada uma grande queda, até a legalização da cannabis no Canadá no final de 2018 que reanimou esse mercado e, conforme o padrão, precedeu uma baixa considerável. 

Depois disso, houve uma alta de mais de 300% nos meses iniciais da pandemia, sucedida por uma grande baixa que permanece até o momento. 

No entanto, as perspectivas são consideradas positivas pelos analistas.

Entendendo melhor a tese de investimento em cannabis

Pacheco destaca duas empresas que fazem parte da carteira teórica: a Harvest Health e Truelive. “Em 2019, a Harvest tinha 31 unidades em 6 estados americanos e um valor de mercado de pouco mais de US$ 900 milhões para uma receita de aproximadamente US$ 116 milhões”, conta. 

Igualmente grande, a Truelive tinha 44 unidades em 2 estados, um valor de mercado de cerca de US$ 1,3 bilhão e uma receita de US$ 252 milhões. 

Recentemente, as duas empresas se juntaram e, hoje, a Truelive tem 161 lojas em 11 estados, valor de mercado de US$ 3,25 bilhões e receita de US$ 800 milhões nos últimos 12 meses.

Os gatilhos do setor da cannabis

Pacheco enfatiza que o mercado de cannabis é altamente suscetível a gatilhos e, nesse contexto, ele destaca alguns. 

Atualmente, não há liberalização para que as empresas do setor financeiro possam oferecer produtos e serviços para essas companhias. Em alguns casos, essas empresas têm que lidar apenas com dinheiro vivo, o que, segundo ele, aumenta a insegurança delas. 

Nesse contexto, tem-se que o múltiplo das 10 maiores empresas americanas da área de cannabis hoje (3,5) é inferior ao das empresas canadenses (4,8), sendo que estas entregam menor crescimento, lucratividade e capacidade de expandir suas operações. 

Entretanto, Pacheco comenta que há um projeto de lei cuja aprovação está em andamento nos Estados Unidos, o Safe Banking Act, que visa autorizar a disposição do sistema financeiro a esse setor.

Além disso, ao analisar as empresas, é vista uma questão tributária muito relevante. Nesse sentido, ele explica que há um código da receita federal americana – 280E – que impede que as empresas que atuam com cannabis deduzam seus custos de operação. A revisão desse código poderia gerar economias de 280 milhões de dólares em impostos para as 10 maiores empresas americanas do setor.

E agora, o que esperar em relação ao futuro do mercado da cannabis?

O projeto do Safe Banking Act está em tramitação no Congresso e precisa ainda passar pelo Senado, porém, a matéria vem sendo adiada. Isso não tem acontecido, entre vários motivos, por conta de o governo americano ter outras prioridades em pauta, como a guerra na Ucrânia.

“A tendência é que, ao longo do ano, os esforços se voltem para a questão do cannabidiol”, avalia João Piccioni. 

As transações de M&A (fusões e aquisições) neste setor em 2021 foram mais de 4 vezes o número do ano anterior e, segundo Enzo Pacheco, isso deve continuar. Ele aponta como evidências dessa tendência a iminência de uma possível legalização federal americana da cannabis e, até lá, a legalização gradual em outros estados, como é o caso de Nova York, que recentemente legalizou o uso recreativo da substância.

Outra oportunidade que pode ser encontrada em meio a esse segmento são fundos imobiliários de empresas altamente lucrativas, que têm espaço para crescimento. Nesse contexto, ele destaca o Innovative Industrial Properties, um fundo imobiliário voltado ao setor de cannabis. “É uma empresa que hoje já está em 19 estados americanos, com 105 propriedades e paga dividendo anual na casa dos US$ 6”, explica.

Cannabis Ativo: fique por dentro do fundo de cannabis da Vitreo

O fundo Cannabis Ativo, disponível na plataforma de investimentos, é composto 20% pelo fundo Canabidiol FIA IE – que investe no exterior em ETFs e em ações de empresas ligadas à indústria global de cannabis – e 80% em swaps (operação financeira que representa a troca de risco e retorno entre duas partes) de ativos ligados ao setor de cannabis (YOLO, MSOS, MJ).

Jojo Wachsmann recomenda esse fundo para quem tem espaço de risco na carteira e ainda não está exposto à tese. O investimento mínimo é de apenas R$ 100.

Para aqueles que já possuem recursos nesse fundo, ele salienta: trata-se de uma tese de longo prazo

Nesse sentido, o cenário futuro parece ser promissor, segundo os analistas, em função do ritmo acelerado de legalização do uso da cannabis medicinal e/ou recreativo entre os estados americanos e o projeto de lei Safe Banking Act.

Jojo ressalta que o fundo possui exposição cambial, de modo que a valorização do real esse ano é mais um fator que tem contribuído negativamente, pois vai contra a cota do fundo.

Assista à gravação da live, disponível no YouTube:

Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero, é integrante da equipe de conteúdo da Empiricus e já atuou em social media e redação.