A Tesla (Nasdaq: TSLA | B3: TSLA34) divulgou ontem (26), após o fechamento do mercado, seus números relativos ao quarto trimestre de 2022 (4T22).
Os tropeços ainda se fizeram presentes, mas a empresa conseguiu entregar receita e lucro líquido levemente superiores às expectativas do mercado, que associados ao discurso extremamente otimista de Elon Musk, fez as ações avançarem mais de 6% no after market.
Nos três meses findos em dezembro, a montadora produziu 439.701 veículos e entregou aos seus clientes 405.278 unidades.
No ano fechado, foram produzidos 1.369.611 e entregues 1.313.851 veículos. Nesse período, a Gigafactory de Shanghai voltou a operar a plena carga, enquanto a linha de produção localizada em Berlim encerrou o trimestre com uma taxa de produção de 3.000 veículos por semana.
Com isso, a receita da Tesla atingiu a marca dos US$ 24,32 bilhões (crescimento de 37% frente ao mesmo período de 2021), enquanto o lucro líquido ajustado alcançou a marca dos US$ 4,1 bilhões (+43%). A geração de fluxo de caixa livre no período caiu 49% e ficou em US$ 1,4 bilhão.
Mercado ‘comprou’ discurso otimista de Elon Musk
A dinâmica de deterioração continuou a pressionar as margens. Os custos de matéria e o ramp-up das fábricas voltaram a pressionar as margens brutas do segmento automotivo, que terminaram o ano em 25,9%. Ante ao terceiro trimestre a queda foi de 200 pontos base, mesmo com o enfraquecimento do dólar frente às demais moedas globais.
Os investidores pareceram não dar muita bola e mantiveram o foco no discurso confiante proferido por Musk. O CEO da Tesla reforçou a meta de produção de 1,8 milhão de veículos em 2023, sinalizou boas vendas em janeiro e que a produção do Cybertruck deve ser iniciada na Gigafactory de Austin.
Parte do aumento do apetite pelos seus produtos se deve ao entusiasmo associado à queda de preços na tabela dos preços dos seus veículos na China e Estados Unidos.
Em nossa opinião, essa decisão merece atenção redobrada, já que deve ter sido tomada em função do aumento do estoque de veículos, que vem aumentando trimestre após trimestre. Ela é prejudicial para as margens da companhia e para o próprio mercado dos seus veículos, cujo anedótico sinaliza o aumento da quantidade de veículos da marca no pátio das lojas de carros usados.
Valuation da Tesla é exagerado
Depois da forte queda dos preços das ações no último trimestre de 2022 (ao redor de 47%), elas se recuperam em 2023 e avançam ao redor dos 25%.
Sob uma ótica estrutural, ainda acreditamos que o valuation da Tesla é exagerado — a companhia continua a negociar por cerca de 33 vezes seus lucros para 2023 —, mas o fluxo positivo de notícias deve segurar os preços das ações próximos ao patamar atual
Uma deterioração a partir desse nível estaria mais ligada às questões macroeconômicas e de mercado. Neste momento, preferimos nos manter neutros em relação à tese.