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Tesla (TSLA34) registra queda de 40% no lucro líquido do 2T24; entenda por que o valuation depende de como você classifica a empresa

O resultado do 2T24 da Tesla teve números mistos, com receita acima das projeções, mas lucro por ação abaixo das expectativas.

Por Enzo Pacheco, CFA

24 jul 2024, 09:36 - atualizado em 24 jul 2024, 09:36

tesla carro elétrico abastacendo
Imagem: Pixabay

Após o pregão regular de terça-feira (23), a Tesla (B3: TSLA34 | Nasdaq: TSLA) reportou os seus resultados do 2T24. Os números divulgados foram mistos, com receita acima das projeções, mas lucro por ação abaixo das expectativas.

A receita no trimestre foi de US$ 25,5 bilhões, aumento de 2% em relação ao mesmo trimestre de 2023. 

Balanço da Tesla (TSLA34) derruba ações no after-market desta terça-feira (23)

As vendas do segmento automotivo totalizaram US$ 19,878 bilhões, uma queda de 7% em relação ao 2T23. Já a parte de geração de energia e armazenamento viu suas receitas dobrarem, somando US$3 ,014 bilhões, enquanto a parte de serviços cresceu 21% e totalizou US$ 2,608 bilhões.

Ainda que o lucro bruto da Tesla tenha tido leve alta de 1%, nos US$ 4,578 bilhões, a margem bruta reduziu 0,2 ponto percentual na comparação anual e encerrou o trimestre nos 18%. 

Por outro lado, as despesas operacionais cresceram 39% no período e chegaram perto dos US$ 3 bilhões, o que fez com que o lucro operacional totalizasse US$ 1,605 bilhão, valor 33% menor do que no 2T23. A margem operacional caiu 3,3 pontos percentuais e ficou nos 6,3% nos três meses encerrados em junho.

O Ebitda ajustado, métrica muito utilizada pelo mercado como proxy de geração de caixa operacional, também teve retração significativa no período: -21%, totalizando US$ 3,674 bilhões e o equivalente a uma margem de 14,4% (-4,3 p.p. vs 2T23).

Isso acabou impactando negativamente o resultado final da companhia, que reportou um lucro líquido ajustado de US$ 1,812 bilhão, ou US$ 0,52 por ação, recuo de 43% na comparação anual.

Após resultados da Tesla, como a companhia pode se recuperar?

Importante notar que parte relevante do aumento nos custos operacionais está ligado ao maior montante de investimentos em projetos de Inteligência Artificial, os quais a empresa tem a expectativa de serem recuperados mais à frente. 

Contudo, não podemos deixar de lado o fato de que a Tesla ainda tem a maior parte de sua receita proveniente da venda de automóveis. E esse último trimestre mostrou novamente a dificuldade que a companhia está tendo nesse mercado, com queda tanto na produção e entregas (-14% e -5%, respectivamente) como no preço médio dos veículos vendidos.

Além disso, a receita de automóveis no trimestre inclui créditos regulatórios de US$ 890 milhões, mais do que o triplo do ano passado, mostrando que a situação poderia ser ainda pior caso não tivesse essa facilidade oferecida pelo governo americano.

Isso enquanto outras rivais aproveitam para ganhar mercado. De acordo com dados compilados pela Cox Automotive, as competidoras da Tesla viram um aumento de 33% nas vendas de veículos elétricos no primeiro semestre nos Estados Unidos, comparado com uma retração de quase 10% da Tesla.

Promessa de robô-táxi de Musk pode ser cumprida em 2025

Outro ponto que mantém muitos investidores apostando na tese é a espera pelo serviço de robô-táxi prometido por Elon Musk. Nas palavras do CEO, ele ficaria muito surpreso se a empresa não conseguisse colocar a primeira corrida autônoma nas ruas no próximo ano.

Contudo, o próprio executivo relembrou que suas previsões foram um pouco otimistas no passado — a primeira promessa de Musk nesse sentido foi em meados de 2016…

Sem falar na expectativa que o CEO tem com o projeto dos robôs humanóides, capazes de realizarem tarefas em diversas indústrias. Para Musk, é esperado que alguns desses robôs já estejam atuando nas próprias fábricas da Tesla em 2025, e disponibilizando para outras empresas no ano seguinte.

Valuation da Tesla parece descolado da realidade

Sem dúvidas estamos falando de uma das empresas mais inovadoras do mundo. Mas, enquanto a maior parte do negócio for do segmento automotivo, difícil encontrar justificativa para o valuation atual da Tesla (B3: TSLA34 | Nasdaq).

Mesmo com a queda de quase 8% no after-market, a companhia está avaliada em mais de US$700 bilhões, mais de 60 vezes seus lucros futuros. A japonesa Toyota, segunda maior empresa do mundo, vale US$310 e menos de 9 vezes lucros futuros. Torço para que Elon Musk tenha sucesso nas suas empreitadas, mas prefiro ficar de fora da ação no momento.

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Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.