Na terça-feira (23), após o fechamento dos mercado, a Tesla (B3: TSLA34 | Nasdaq: TSLA) apresentou os seus resultados do primeiro trimestre do ano. Os números vieram piores que as expectativas dos analistas.
No período, a companhia reportou receita de US$21,301 bilhões, queda de 9% na comparação com o mesmo trimestre de 2023.
Vendas de automóveis foram impactadas pela competição chinesa, problemas nas fábricas e menor preço médio
As vendas de automóveis somaram US$17,378 bilhões, valor 13% menor ante o 1T23. Já as partes de geração de energia e armazenamento (US$1,635 bilhão) e serviços (US$2,288 bilhões) apresentaram crescimento de 7% e 25%, respectivamente.
O impacto negativo na sua principal linha de negócio se deu pelo menor preço médio dos veículos (quase -20% vs. 1T23) somado a uma redução no número de unidades vendidas na comparação anual (-9%) — esse último, além da competição com os produtos chineses, também sofreu com problemas em algumas de suas fábricas nos Estados Unidos e Alemanha.
Isso fez com que a lucratividade da companhia continuasse a sofrer, assim como nos últimos resultados.
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Lucro por ação da Tesla caiu 47% em 12 meses
O lucro bruto, por exemplo, totalizou US$3,696 bilhões e o equivalente a uma margem de 17,4%, quedas de 18% e quase 2 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2023.
O lucro operacional teve um impacto ainda maior por conta do aumento de 37% nas despesas — dentre alguns itens, por conta do desenvolvimento de novas tecnologias e o aumento da produção da Cybertruck —, totalizando US$1,171 bilhão e margem de 5,5% (-56% e -5,92 p.p. vs. 1T23).
Na linha final de resultado, o lucro líquido ajustado totalizou US$1,536 bilhão, ou US$0,45 por ação, queda de 47% na comparação anual.
A geração de caixa também acabou sofrendo com a piora dos resultados.
O fluxo de caixa operacional somou US$242 milhões, valor 90% menor ante o mesmo trimestre de 2023. Por outro lado, a empresa aumentou os seus investimentos em 34% ante 1T23, totalizando US$2,773 bilhões.
Dessa forma, houve uma queima do fluxo de caixa livre (operacional descontado os investimentos) no valor de US$2,531 bilhões, comparado com uma geração de US$441 milhões um ano atrás.
Ainda assim, a companhia mantém um saldo de caixa e equivalentes de quase US$27 bilhões, o que ainda daria um fôlego caso os próximos meses continuem desafiadores.
E nada indica que isso deva mudar, pelo menos no curto prazo.
O que diz a direção da Tesla?
De acordo com a direção, a expectativa é de que a taxa de crescimento no número de veículos vendidos deve ser notavelmente menor do que o reportado em 2023.
Mesmo assim, as ações valorizavam mais de 8% no after-market, com a ação voltando a negociar acima dos US$155.
Essa empolgação dos investidores se deu pelo fato da empresa ter anunciado que está trabalhando para trazer ao mercado novos modelos mais acessíveis antes do planejado inicialmente — cuja produção era esperada para o segundo semestre de 2025.
Mais do que o anúncio de antecipar esses lançamentos, o fato de a companhia ter reforçado que irá oferecer produtos mais baratos parece o principal ponto para essa valorização no ativo.
Isso porque, no começo do mês, uma reportagem da Reuters afirmava que a Tesla estaria revendo seus planos de lançar modelos mais acessíveis para focar no desenvolvimento do robotáxi — o que fez com que Elon Musk tuitasse que a organização estava mentindo.
Mesmo com essa alta vigorosa no papel, fato é que a ação ainda apresenta desvalorização de quase 40% no ano e de mais de 65% das suas máximas.
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O que dizem os otimistas com a tese?
Os otimistas na tese indicam que, tendo sucesso e sendo pioneiro no desenvolvimento de uma frota de robotáxis, a companhia fundada por Musk deveria ser avaliada não somente como uma montadora tradicional mas sim um empresa de tecnologia. E isso indicaria um valor de mercado muito maior no longo prazo.
Entendo, porém, que essa nova linha de serviços ainda terá dificuldades tanto operacionais como de regulação no curto prazo. E a sua principal linha de negócio ainda enfrentará competição ferrenha dos rivais chineses (e agora também dos modelos híbridos, que tem ganhado espaço nos últimos anos).
Com um valor de mercado de quase US$500 bilhões — comparado, por exemplo, com US$370 bilhões da japonesa Toyota, uma das maiores beneficiadas com a maior adoção dos veículos híbridos —, não vejo atratividade nos preços atuais para a Tesla (B3: TSLA34 | Nasdaq: TSLA), preferindo ficar de fora no ativo no momento.