A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 (1T23) terminou nesta semana, com uma avalanche de resultados corporativos. E, para os amantes de dividendos, fizemos um ranking dos melhores resultados dentre as grandes pagadoras de proventos da Bolsa.
Para isso, perguntamos aos analistas da série Vacas Leiteiras, que reúne as melhores pagadoras de dividendos da B3, quais empresas da carteira entregaram os balanços mais interessantes no primeiro tri.
E o ranking, em ordem decrescente, ficou assim:
3) Iguatemi (IGTI11)
Para os analistas, a terceira posição ficou com a Iguatemi, rede de shoppings centers de luxo.
A empresa integra a carteira de ‘bezerras leiteiras’, ou seja, das empresas que têm muito potencial para se tornar uma grande pagadora de dividendos.
A Iguatemi registrou seu recorde histórico de vendas totais para o 1T23: R$ 3,9 bilhões, crescimento de 16,9% na comparação anual.
O indicador de vendas nas mesmas lojas (SSS), importante indicador do setor, registrou alta de 15%.
A receita líquida da companhia atingiu R$ 270 milhões no 1T23, alta de 18,3% na comparação anual. O Ebitda ficou em R$ 198,9 milhões, 31% acima do 1T22.
O FFO (Fluxo de caixa operacional) ajustado foi de R$ 110,8 milhões, aumento de 43,6% na comparação anual.
Na última linha do balanço, o resultado foi negativamente impactado pelo aumento da despesa com juros (reflexo da elevação da taxa de juros), o que proporcionou um prejuízo de R$ 65,9 milhões.
“Em geral, o mercado já esperava uma boa performance de Iguatemi, acompanhando a recuperação do setor, e os números corresponderam às expectativas”, definiu Caio Araújo, analista da Empiricus Research.
A Iguatemi tem um dividend yield esperado para 2023 de 2,7%.
Para ler um resumo completo da companhia no 1T23, clique aqui.
2) Hypera (HYPE3)
A componente da carteira de vacas leiteiras Hypera, empresa do setor farmacêutico, entregou um 1T23 acima das expectativas do mercado, mesmo com uma forte base de comparação anual.
A companhia apresentou crescimento orgânico do varejo e uma receita líquida de R$ 1,7 bilhão, aumento de 13,7% na comparação com o 1T23.
Para os analistas, a grande surpresa positiva do balanço foi o ganho de margem bruta, que aumentou 1 p.p. e enfatizou a boa capacidade de repasse de preços e controle de custos da companhia.
O Ebitda da Hypera foi de R$ 587 milhões no 1T23, crescimento de 16%.
Como tem acontecido nos últimos trimestres, a melhora dos resultados operacionais não tem refletido em um crescimento do lucro, por conta do maior endividamento e da Selic elevada.
Por isso, o lucro líquido fechou o trimestre em R$ 339 milhões, recuo de 2% na comparação anual.
“Apesar da queda, os números vieram acima das expectativas do mercado, muito em função do ganho de margem bruta”, explicou o analista Richard Camargo.
A companhia espera uma redução de aproximadamente R$ 500 milhões no capital de giro ao longo dos próximos trimestres, o que significa maior geração de caixa e maior capacidade de distribuir dividendos.
O fluxo de caixa livre da Hypera melhorou em R$ 600 milhões, já que no 1T22 a companhia precisou fazer o pagamento da aquisição das marcas da Sanofi, o que não aconteceu desta vez.
Essa melhora permitiu o anúncio do pagamento de R$ 194 milhões em Juros Sobre Capital Próprio – um yield ainda baixo, mas que vai melhorar à medida que as dívidas são pagas, o capital de giro é ajustado e, quem sabe, a Selic voltar a cair.
A Hypera tem um dividend yield esperado para 2023 de 3,3%.
Para conferir um resumo completo do balanço da companhia no 1T23, clique aqui.
1 – Banco do Brasil (BBAS3)
E o grande campeão do 1T23 dentre as melhores pagadoras de dividendos da Bolsa foi o Banco do Brasil.
As expectativas em torno do balanço do banco eram positivas e ele não decepcionou.
A carteira de crédito ampliada cresceu 3% no trimestre, e alcançou a marca de R$ 1 trilhão.
O BB reportou um lucro líquido de incríveis R$ 8,5 bilhões, o maior do setor no trimestre. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) foi de 20,5%.
“Um resultado bastante sólido. Ao considerarmos que o 1T é sazonalmente mais fraco para o setor como um todo, o lucro líquido reportado nos primeiros 3 meses eleva as expectativas do banco atingir o guidance de lucro de R$ 33-37 bilhões para 2023”, aponta a analista Larissa Quaresma.
A tese do Banco do Brasil pede cautela por conta do risco político. É sabido que os executivos nomeados pelo governo, embora com histórico profissional respeitado, implementarão uma agenda mais voltada para o social, o que pode machucar os lucros no médio prazo.
Ainda assim, o co-fundador da Empiricus Rodolfo Amstalden vê motivos para manter a ação em uma carteira focada em dividendos.
“Ainda que os riscos políticos continuam pairando sobre a tese, o Banco do Brasil segue mostrando resultados muito sólidos, e mesmo já considerando em nossos números uma agenda mais voltada para o social dessa nova gestão, entendemos que o risco vs retorno ainda continua atrativo para os investidores focados em dividendos”, afirmou.
BBAS3 tem um dividend yield esperado para 2023 de 11,5%. Confira aqui um resumo do resultado do Banco do Brasil no 1T23.
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