Investimentos

Track&Field (TFCO4): em busca do ‘shape’ perfeito, crescimento da receita líquida e TFSports foram destaque do 4T23

O mercado, no entanto, não reagiu bem às margens pressionadas pela expansão da divisão TFSports da Track&Field.

Por Ruy Hungria

14 mar 2024, 11:06 - atualizado em 14 mar 2024, 11:12

Track&Field (TCFO4)
Imagem: Shopping Leblon

Na última semana, a Track&Field (TFCO4) divulgou seu resultado referente ao 4T23, que mostrou um bom crescimento das receitas e uma pressão nas margens por conta da expansão da divisão TFSports, importante meio de divulgação da marca, mas que tem margens menores. 

Graças a uma boa performance das vendas na Black Friday e no Natal, a companhia alcançou um Sell Out (venda para o consumidor final) de R$ 390,4 milhões, +20,1% vs 4T22. 

Esse aumento foi sustentado pela abertura de novas lojas e a reforma de unidades para o novo modelo, estratégia que tem se mostrado acertada dado o crescimento de vendas dessas lojas (+25%), superior ao SSS (vendas mesmas lojas) consolidado de +16%, que considera as vendas das lojas abertas no período vs o ano anterior, excluindo as novas unidades.

Receita líquida de Track&Field cresceu quase 20%

Assim, a Track & Field reportou uma receita líquida de R$ 221,9 milhões, um crescimento de quase 20% vs 4T22. O destaque esteve nas divisões relacionadas às franquias (royalties e mercadorias revendidas). 

No ano, a companhia reportou um lucro bruto reportado de R$ 394,4 milhões (+20,1% vs 2022) com margem de 57,7% (+0,1 p.p. vs o ano anterior). 

Excluindo TFSports, despesas operacionais apresentaram alívio

Apesar de mostrar um crescimento de 19,1% vs 4T22, as despesas operacionais ajustadas representaram 35,2% das receitas, -0,2 p.p. menor se comparado ao mesmo período do último ano, o que mostra um bom controle e os benefícios da alavancagem operacional. E essa linha poderia ter sido melhor já que o foco no TFSports trouxe um volumoso dispêndio nessa plataforma. Excluindo esse efeito, a redução seria de -1,1p.p.

Assim, o Ebitda ajustado alcançou R$ 49,5 milhões no 4T23 (+14,5% vs 4T22) com margem de 22,3%, queda de -1 p.p. por conta dos esforços no TFSports. Caso não tivéssemos esse impacto, a margem teria expandido +2,3 p.p.. Apesar desse efeito negativo da plataforma de atividades, entendemos que essa é uma iniciativa importante de fidelização de clientes e que tem potencial de aumentar as vendas no futuro. 

O resultado financeiro saiu de -R$ 1,6 milhão no 4T22 para -R$ 3,2 milhões no 4T23, por conta do aumento nos investimentos para crescimento da companhia. 

Por fim, o lucro líquido ajustado ficou em R$ 37,2 milhões no 4T23 com margem de 16,8% (+4,9% e -2,3p.p. vs 4T22, respectivamente).

O que achamos dos resultados de Track&Field?

É importante notarmos que a companhia segue gerando ótimo caixa nas atividades operacionais (R$ 78 milhões em 2024 vs R$ 68 milhões em 2023), que não só permitiu todos os investimentos no ano (reforma de lojas, aplicativo TF Sports, aberturas, etc), como também proporcionou o pagamento de dividendos e ainda deixou uma posição de caixa robusta no fim do período, de R$ 54 milhões. 

Mesmo diante de resultados que podemos considerar sólidos, dadas as condições macro complicadas, o mercado não se animou muito com os números.

Em nossa visão, mesmo com um SSS de dois dígitos e crescimento nas principais linhas, o foco dos investidores foi na pressão de margens, que já explicamos ter acontecido em função dos investimentos, especialmente na plataforma TFSports.

Se por um lado entendemos que há frutos interessantes a serem capturados por essa estratégia no futuro, por outro a reação indica que no valuation atual (15x lucros) parte do mercado se tornou exigente demais com os resultados de curto prazo, o que aumenta os desafios da gestão. 

Com uma execução operacional acima da média e um posicionamento de mercado premium que tem proporcionado bastante resiliência até aqui, a Track&Field (TFCO4) segue como uma recomendação da Empiricus Research.

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.