Investimentos

Trajetória de alta de juros global mostra que é preciso ter ações de bancos e value investing, diminuindo techs na carteira

Para Felipe Miranda, BCs dos Estados Unidos e Europa tendem a ser mais duros para controlar a inflação, o que exige postura diferenciada dos investidores

Por Daniela Rocha

06 abr 2022, 11:02 - atualizado em 16 maio 2022, 20:10

Turbulência no mercado. As preocupações com as altas de juros em âmbito global foram intensificadas em função do discurso de Lael Brainard, diretora do Federal Reserve (Fed), banco central americano, sinalizando uma sequência de altas de juros e restrição no balanço, isto é, enxugamento da disponibilidade financeira na economia, para conter a escalada da inflação. 

Segundo Felipe Miranda, CIO da Empiricus, a integrante do Fed, conhecida por ser da ala moderada, demonstrou uma postura bastante rígida. 

Além disso, o Deutsche Bank destacou que o Fed deve ser mais agressivo com o aperto monetário, prevendo recessão nos Estados Unidos em 2023.  

E o que se vê é que o yield dos treasuries de 10 anos (títulos públicos americanos) já subiu para a faixa de 2,60% ao ano, o mesmo nível de 2018 e 2019.

Na Europa, a inflação também segue elevada e a pressão de preços tende a continuar em função das novas sanções comerciais contra a Rússia. Por exemplo, os países da zona do euro devem cortar a importação de carvão russo, o que pode gerar alta adicional do petróleo, puxando os preços em geral.

Diante desse quadro, as ações de techs que não estão dando lucro agora e os cases de crescimento (growth) devem sofrer. Como essas companhias buscam um crescimento de receitas e lucros em um horizonte maior, quando os juros aumentam – ao se trazer o fluxo de caixa dessas companhias a valor presente, o efeito é negativo, há uma queda dos seus valores de mercado. 

“O alerta, com esses juros para cima, é ter ações de bancos e value investing. É preciso reduzir posições em techs e growth e ter algumas operações short (vendidas) que podem ajudar nesse tempo de maior volatilidade”, disse Felipe nesta quarta-feira (06/04), em seu grupo no Telegram Ideias Antifrágeis, um canal de comunicação com assinantes da Empiricus. Segundo ele, acaba de sair do forno um relatório especial da série Palavra do Estrategista sobre onde investir na atual conjuntura.

Nessa linha, Felipe já havia aumentado a parcela de instituições financeiras na carteira que ele lidera, a Oportunidades de Uma Vida, ao adicionar Itaú (ITUB4).

 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.