Se houvesse um museu em Wall Street reunindo os ícones do mercado financeiro, ele teria valorizado seu acervo nesta semana, mediante a chegada de uma nova peça de alta curadoria.
Sim, estou falando do tweet de Bill Ackman.
Conhecido por seu senso crítico elaborado (para usar um eufemismo), o gestor da Pershing Square foi uma das primeiras figuras vocais a argumentar em favor da alta do yield dos Treasuries, já a partir de um baseline elevado.
E o que é mais importante: ele não só detalhou seus argumentos técnicos como também se posicionou para ganhar dinheiro com isso.
Ótimo, porque tese intelectual sem exposição prática não vale nada.
“Há muito risco no mundo para manter a posição vendida nas atuais taxas de longo prazo,” disse Ackman.
Foi a desculpa perfeita, mas desconfio que ele poderia ter dito várias outras coisas para justificar seu sentimento de virada no trade.
Assim como Soros, ele poderia ter dito simplesmente que acordou com dor nas costas, e que isso era um sinal de que precisava rever urgentemente suas convicções.
O que mais me chama atenção nessa história é a prevalência do Big Human sobre o Big Data, do qualitativo sobre o quantitativo, ou da opinião sobre a evidência.
Por meio de um tweet, Ackman conseguiu fazer o que vários indicadores benignos de inflação não conseguiram.
Em tempos de crescente veneração à IA, talvez a humanidade esteja ficando um pouco mais humana.