Depois de um período desafiador para as lajes corporativas, efeito da pandemia iniciada em 2020, o setor parece retomar aos poucos patamares mais saudáveis de ocupação, especialmente na cidade de São Paulo. Segundo dados da consultoria imobiliária CBRE, a vacância de escritórios na capital paulista terminou o terceiro trimestre de 2024 em 19,3%. O número representa uma queda de 0,5 ponto percentual e o menor patamar em três anos.
Levando em conta somente os edifícios de alto padrão, denominados “triple A”, ou “AAA”, o índice é de 17%, estável em comparação ao trimestre anterior.
A absorção líquida, indicador que desconta espaços desocupados depois de locados, ficou em 86 mil m². Esse total é 11% menor do que o do segundo trimestre deste ano, mas, ainda assim, cresceu 50% ante o terceiro trimestre de 2023.
Em 2024, o mercado de lajes corporativas de São Paulo já locou mais áreas do que no ano passado inteiro, com uma diferença de 347 mil m² entre o 3T23 e o 3T24.
Além disso, dentre 20 capitais avaliadas no estudo da CBRE, a metrópole brasileira é a terceira que mais absorveu área no setor de escritórios em 2024, atrás apenas de Tóquio e Pequim.
Vale a pena ficar otimista com o setor de escritórios?
Para Caio Araujo, analista de fundos imobiliários da Empiricus Research, do ponto de vista operacional, “é inegável que o mercado de escritórios atravessa seu melhor momento dos últimos quatro anos”.
Além dos indicadores de preço e ocupação, o especialista ressalta o maior equilíbrio nas condições de negociação entre proprietários e inquilinos, o que é relevante para o rendimento dos fundos imobiliários.
Porém, apesar do cenário de recuperação evidente, Araujo acredita que ainda não há motivos suficientes para um otimismo exacerbado com o setor. “Por ser tradicionalmente vinculado ao crescimento econômico, a possível elevação das taxas de juros representa uma ameaça ao desempenho operacional da categoria”, explica.
Além disso, ele lembra, é importante considerar que os fundos do setor ainda apresentam uma taxa de vacância média em dois dígitos, resultando em uma remuneração inferior à de outros segmentos.
Fundos imobiliários de escritórios estão baratos: em quais investir?
Justamente por ainda terem bom potencial de melhoria da taxa de ocupação, Araujo considera os fundos imobiliários de lajes corporativas baratos nos níveis atuais de preço das cotas.
“Os FIIs de escritórios registram os maiores descontos da indústria e, em alguns casos, é possível encontrar oportunidades de ganho de capital no médio/longo prazo”, comenta o analista.
RCRB11 tem forte exposição às melhores praças para escritórios
Entre os fundos recomendados para investir, ele destaca o Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11), com um portfólio composto por nove imóveis localizados nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
“Um ponto interessante é que 80% da ABL (área bruta locável) do fundo se encontra nas regiões da Paulista, JK, Faria Lima e Vila Olímpia, praças tradicionais de São Paulo e com taxas de ocupação historicamente mais elevadas do que a média nacional”, ressalta Araujo.
Ele também conta que, nos últimos três anos, o fundo reduziu sua vacância consolidada de 34% para os atuais 1,4%. “Com o término dos benefícios e potencial locação das áreas vagas, o resultado mensal do fundo pode alcançar R$ 1,14 por cota. Isso representa um crescimento de 25% em relação ao patamar atual e dividend yield anualizado de 10,3%”, estima.
Além do RCRB11, o especialista recomenda outros 5 fundos imobiliários para investir em outubro. Para acessar a lista gratuita e as teses de investimento, clique aqui.