Investimentos

Vale a pena comprar ações da Cielo (CIEL3)?

Éramos felizes e sabíamos

Por Ricardo Mioto

07 ago 2020, 05:33

A Cielo (CIEL3), líder em maquininhas de cartão, já foi a queridinha da Bolsa. Foi. Ela não está em nenhuma carteira de ações sugeridas da Empiricus.

Naqueles dez anos gloriosos de 2006 a 2016 que não voltam mais, a empresa tinha crescido 20% ao ano. Ah, que tempo bom. Como era fácil ganhar dinheiro. Mas acabou.

O governo mudou a regulação para incentivar a concorrência — antigamente, cartões Visa só passavam na maquininha da Cielo. Como consequência do fim desses contratos de exclusividade, apareceram trocentas novas empresas no setor: Stone, GetNet, Mercado Pago, PagSeguro. 

Resultado: as margens caíram muito. 

Embora, vamos combinar, margens de 70% eram uma atrocidade.

A Cielo segue tendo uma ótima gestão e dois grandes sócios (Bradesco e Banco do Brasil), mas o fato é que a empresa teve de entrar na guerra das maquininhas. Reduziu prazo de pagamento para comerciantes, passou a cobrar menos para antecipar o dinheiro, a maquininha em si ficou mais barata — antigamente o coitado do sujeito da padaria tinha de pagar uma mensalidade para a Cielo.

Até onde isso vai? A guerra das maquininhas não dá o mínimo sinal de arrefecimento, e esse é um setor onde há poucos diferenciais competitivos: desde que a maquininha funcione, o varejista tende a correr para aquele que lhe oferece menor preço. Isso não costuma acabar bem.

“Dados os riscos envolvidos com a companhia e as mudanças no segmento, que acontecem de maneira muito rápida, preferimos que você assista a essa guerra de bem longe”, escreve o sócio Max Bohm.

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Sobre o autor

Ricardo Mioto

Jornalista e diretor de comunicação da Empiricus. Foi repórter e editor da Folha e consultor de comunicação de multinacionais como McKinsey e Twitter. Escreveu "Breve História Bem-Humorada do Brasil" (editora Record)