A Oi (OIBR3) faz parte da série Oportunidades de Uma Vida, que compõe a assinatura Palavra do Estrategista, da Empiricus. Isso significa que recomendamos a compra das ações da empresa.
Antes de explicar por que você deveria comprar OIBR3 ou OIBR4, vamos entender a situação da empresa.
Como a Oi chegou até aqui: o histórico de OIBR3 e OIBR4
Como você deve saber, a Oi (OIBR3) está em recuperação judicial.
Foi preciso fazer muita barbeiragem para a empresa chegar nessa situação.
A história começa ainda em 1998, quando a Telebrás foi fatiada e então privatizada pelo então governo Fernando Henrique Cardoso.
Uma das fatias da Telebrás era a chamada Tele Norte Leste, que ficava com a telefonia do Norte, Nordeste e Sudeste, exceto São Paulo.
Para a surpresa geral, quem ganhou o leilão da Tele Norte Leste foi um grupo liderado pela Andrade Gutierrez, aquela empreiteira que décadas depois teria a honra de ser uma das protagonistas da Lava Jato. Participava também a família Jereissati, que tinha negócios no Ceará. O então ministro das comunicações chamou o grupo de “telegangue”. A Tele Norte Leste virou a Telemar e anos depois foi novamente renomeada: Oi (OIBR3).
Já no governo do PT, em 2008, a Oi receberia cerca de R$ 7 bilhões do BNDES e do Banco do Brasil, bancos públicos, para comprar a Brasil Telecom, que operava no Sul e no Centro-Oeste. O governo ainda mudou a legislação para que isso pudesse acontecer. A Andrade Gutierrez foi grande doadora das campanhas de Lula à presidência. Sérgio Andrade, dono da empreiteira, era amigo do ex-ministro José Dirceu.
Em 2013, a Oi (OIBR3) fez ainda uma fusão com a Portugal Telecom, e lá se foram mais bilhões em dinheiro público para viabilizar a operação. (Os ativos portugueses seriam vendidos em 2015.)
Mas como a Oi quebrou?
Há uma certo consenso no mercado em atribuir a quebra da Oi (OIBR3) à maneira de atuar dos controladores: arranjando formas de transferir o dinheiro da empresa para eles próprios, em detrimento dos minoritários, da própria Oi (OIBR3) e da sociedade.
Isso se deu de três formas:
1) Como apontou a revista Piauí em matéria de 2017, forçando a Oi a comprar insumos com sobrepreço de empresas ligadas aos controladores;
2) Por meio da compra direta, também com sobrepreço, de empresas inteiras que pertenciam aos controladores, como a Pegasus, em 2002, que era uma provedora de serviços de dados;
3) Por meio de uma distribuição excessiva de dividendos, que chegou a 14 bilhões de reais em dez anos. Como apontou a Piauí, “isso prejudicava a operadora, já que os recursos retirados para remunerar os acionistas deveriam ser empregados em investimentos num setor altamente dinâmico”.
“Em 2009, a empresa pagou 1,6 bilhão em distribuição de lucro aos acionistas. Naquele ano, investiu-se 30% a menos que em 2008. Sem dinheiro para expandir a operação, a companhia passou a perder clientes e mercado.”
Ou seja, tratava-se de uma empresa financiada com dinheiro público cujos resultados eram expropriados pelos controladores, em detrimento da sua própria capacidade operacional. Em 2016, a Oi (OIBR3) acabou pedindo recuperação judicial.
Antes disso, porém, em 2014, o golpe de mestre dos controladores: venderam a mercado as suas participações, saindo da empresa, na prática pulando fora do barco pouco antes de ele afundar. (Minoritários reclamaram à CVM, que acabou não vendo infração na operação desenhada pelos controladores. Uma das conselheiras que votou dessa forma sairia pouco depois da CVM para atuar no board da CCR, uma subsidiária da Andrade Gutierrez.)
Por que, apesar de tudo isso, a Empiricus recomenda a compra do papel?
Razões para comprar as ações OIBR3 e OIBR4
São três as principais razões.
1) Os acionistas não são mais os mesmos
Em 2018, houve uma conversão de dívidas da Oi (OIBR3) em ações. Com isso, fundos estrangeiros passaram a ter grandes participações na empresa, que deixou de ter um controlador definido.
Atualmente, o principal é a Brookfield, um grande fundo canadense, com pouco menos de 6% da empresa. Os antigos acionistas da Portugal Telecom têm 5,28% das ações. O fundo Solus, de Nova York, tem 3,62%.
Essa nova composição acionária permitiu à atual diretoria, desde janeiro de 2020 liderada pelo experiente executivo Rodrigo Abreu, ex-CEO da Tim no Brasil, focar em uma estratégia muito clara: vender ativos da Oi (OIBR3).
2) As vendas de ativos estão se encaminhando bem
A venda da unidade de telefonia celular deve gerar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões de caixa para a Oi (OIBR3). A empresa também deve vender os data centers (R$ 325 milhões) e as suas torres (R$ 1 bilhão).
Isso contribuirá muito para equacionar o passivo da Oi, ou seja, para permitir que a empresa se resolva com os credores e continue suas atividades, agora com novo foco de atuação. O que nos leva ao próximo item.
3) A Oi será uma provedora de fibra óptica para as outras telecoms
A Oi tem mais de 325 mil km de fibra espalhados pelo Brasil — só ela tem essa capilaridade toda. Por isso, vale mais a pena para os demais players alugarem a infra da Oi do que criar sua própria, uma vez que custa R$ 50 mil por km para criar fibra; isto é, não vale a pena.
Este é um negócio de margens elevadas e de custo adicional para novos clientes muito baixo, uma vez que a fibra já está instalada.
Nas contas do time da Empiricus, a Oi ainda tem bastante potencial de valorização, a partir dos preços de agosto de 2020. Sobre comprar OIBR3 (ordinária) ou OIBR4 (preferencial), recomendamos OIBR3, porque tem bem mais liquidez (ou seja, mais movimentação, o que implica que é mais fácil comprar e vender).
Mas…
Saiba, porém, que é uma ação arriscada
Vale lembrar mais uma vez que a empresa está em recuperação judicial. Não coloque muito dinheiro, apenas uma pequena fatia do seu patrimônio. Além disso, só invista em Oi se você souber conviver com a volatilidade, ou seja, se tiver tranquilidade para ver a ação eventualmente caindo.
Analisando OIBR3: quem compra é irresponsável?
OIBR3: Ainda vale a pena comprar?
OIBR3: Ainda vale a pena comprar?
Se você quiser mais informações sobre esta e outras ações, incluindo relatórios completos e estimativas de faixa de preço futuras com cálculos detalhados, conheça a série Palavra do Estrategista e outras assinaturas da Empiricus.