A Suzano (SUZB3) é líder no mercado de papel e celulose. A empresa é ótima. Já o setor…
A empresa tem um ciclo produtivo muito veloz, ou seja, o tempo entre o plantio dos eucaliptos e o corte é menor do que entre as concorrentes. Em alguma medida é mérito do clima brasileiro, mas também do desenvolvimento genético das sementes realizado pelo departamento de pesquisa da empresa.
Neste setor, ciclo curto é tudo: menores custos, margens mais elevadas, forte geração de caixa. Desde que a Suzano comprou a concorrente Fibria, em 2018, sua operação ficou ainda mais redonda.
O problema é que a Suzano vende uma commodity, ou seja, está refém eternamente dos preços globais da celulose. Pode fazer o trabalho mais incrível do mundo da porteira para dentro. Se as cotações são hostis, a receita vai ficar machucada.
E fica. O mundo passar por uma sobreoferta de celulose. O mercado depende muito da Ásia (44% das vendas da Suzano), e o apetite chinês, embora ainda alto, já não é mais aquele do começo dos anos 2000.
Consequência disso é que, em 2019, a empresa deu prejuízo e sua dívida cresceu — a dívida líquida representa 5 vezes o ebitda, um patamar bastante alto. A coisa se encaminha para ser ainda mais feia em 2020.
“Do nosso ponto de vista, é preciso que o binômio atrelado à oferta e à demanda da celulose se torne mais favorável para justificar uma aposta. Até lá, o melhor a se fazer é assistir de fora”, escreveu o sócio Max Bohm.