Investimentos

Vale a pena comprar ações da Suzano (SUZB3)?

Empresa ótima, setor complicadíssimo

Por Ricardo Mioto

07 ago 2020, 03:34

A Suzano (SUZB3) é líder no mercado de papel e celulose. A empresa é ótima. Já o setor…

A empresa tem um ciclo produtivo muito veloz, ou seja, o tempo entre o plantio dos eucaliptos e o corte é menor do que entre as concorrentes. Em alguma medida é mérito do clima brasileiro, mas também do desenvolvimento genético das sementes realizado pelo departamento de pesquisa da empresa. 

Neste setor, ciclo curto é tudo: menores custos, margens mais elevadas, forte geração de caixa. Desde que a Suzano comprou a concorrente Fibria, em 2018, sua operação ficou ainda mais redonda.

O problema é que a Suzano vende uma commodity, ou seja, está refém eternamente dos preços globais da celulose. Pode fazer o trabalho mais incrível do mundo da porteira para dentro. Se as cotações são hostis, a receita vai ficar machucada.

E fica. O mundo passar por uma sobreoferta de celulose. O mercado depende muito da Ásia (44% das vendas da Suzano), e o apetite chinês, embora ainda alto, já não é mais aquele do começo dos anos 2000.

Consequência disso é que, em 2019, a empresa deu prejuízo e sua dívida cresceu — a dívida líquida representa 5 vezes o ebitda, um patamar bastante alto. A coisa se encaminha para ser ainda mais feia em 2020.

“Do nosso ponto de vista, é preciso que o binômio atrelado à oferta e à demanda da celulose se torne mais favorável para justificar uma aposta. Até lá, o melhor a se fazer é assistir de fora”, escreveu o sócio Max Bohm.

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Sobre o autor

Ricardo Mioto

Jornalista e diretor de comunicação da Empiricus. Foi repórter e editor da Folha e consultor de comunicação de multinacionais como McKinsey e Twitter. Escreveu "Breve História Bem-Humorada do Brasil" (editora Record)