Assim como esperado, a Vale (VALE3) reportou resultados mistos referentes ao 2T24. Se por um lado os números foram ajudados por maiores volumes, por outro a queda de preço do minério de ferro e paradas para manutenções afetaram as margens.
A receita líquida da Vale atingiu US$ 9,9 bilhões, com alta de +3% na comparação com o 2T23, ajudada principalmente por maiores volumes de produção e também maiores vendas de estoques, o que já tinha sido sinalizado na prévia operacional.
No entanto, os custos cresceram em maior ritmo (+9%), em função principalmente de paradas para manutenção, chuvas e aumento no frete.
Custos de produção da Vale (VALE3) devem cair no segundo semestre
É importante notar que a VALE3 reiterou sua perspectiva de queda nos custos de produção no segundo semestre. O custo caixa, que foi de US$ 24,9/t no 2T24, deve migrar para o guidance (US$ 21,5-23,0/t) na segunda metade do ano com a normalização da produção no Sistema Norte, que tem custos de produção mais baixos. Aliás, em junho o custo por tonelada já caiu para US$ 22.
A melhora da receita da Vale combinada com a piora dos custos fez o Ebitda de US$ 4 bilhões ficar estável na comparação anual, e em linha com as estimativas do mercado.
Importante mencionar que neste número já estamos considerando a piora de resultado da Vale Base Metals (VBM), que também sofreu com paradas para manutenção no período em busca de melhor produtividade no segundo semestre – a divisão acabou mostrando recuo no Ebitda de US$ 476 para US$ 407 milhões.
Apesar do resultado operacional relativamente estável, o lucro saltou +210%, para US$ 2,8 bilhões, e ficou acima das expectativas do mercado, ajudado por reversões de impostos.
Por outro lado, diferente do que vimos nos trimestres anteriores, o Fluxo de Caixa Livre foi negativo no 2T24, atrapalhado por um consumo relevante de capital de giro por conta da maior concentração de pagamentos a fornecedores. No entanto, a posição de caixa aumentou quase US$ 3 bilhões, ajudada principalmente pelos recursos provenientes da venda de 10% da VBM, mantendo a relação entre dívida líquida e o Ebitda abaixo de 1 vez.
JCP da Vale será de US$ 1,6 bilhão
A companhia aproveitou para anunciar juros sobre capital próprio (JCP) de US$ 1,6 bilhão, o que representa um yield de 3,2% sobre o fechamento de quinta-feira (25), e deixa boas perspectivas para o montante que poderá ser anunciado referente ao segundo semestre, quando os resultados devem melhorar.
Por apenas 3,5x Valor da Firma/Ebitda e quase 10% de dividend yield na Vale, entendemos que muito pessimismo já está embutido nos preços, e Vale segue na série Vacas Leiteiras.
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